Ciclicamente vem ao debate a questão do abandono das terras para cultivo, associada normalmente à necessidade de criação de bancos de terras.
A crescente desertificação e envelhecimento das populações do interior do País conduziram ao abandono de práticas agrícolas, muitas vezes, de mera subsistência do agricultor e da sua família.
Calcula-se que, cerca de 3 milhões de hectares estão assim abandonados, sem qualquer valia ou utilidade para os seus proprietários e origem de muitos dos fogos que se registam em todos os Verãos.
Ao mesmo tempo, surgem interessados em desenvolver explorações agrícolas e agropecuárias rentáveis, deparando-se, quase sempre, com a inexistência de terras disponíveis e com dimensão adequada, face à extrema divisão da propriedade.
Esta é também uma realidade no nosso Concelho e conheço sabugalenses que ou desistiram da ideia ou se deslocaram para Concelhos da Beira Baixa onde encontraram terras com dimensão adequada à exploração agrícola que desenvolveram.
A criação de bancos de terras abandonadas a disponibilizar a quem quisesse trabalhar na agricultura, choca normalmente com a resistência dos proprietários em venderem/alugarem as suas terras, a que se liga algum sentimento de insegurança face a projetos privados, sem garantias seguras de cumprimento do contratado.
Também não chega que a Administração Central produza legislação, pois leis que não partam da vontade de todos, raramente têm aplicação prática…
Relembro aqui três propostas constantes do Programa Eleitoral da candidatura do Partido Socialista liderada pelo António Dionísio, e cuja concretização poderia ser uma resposta adequada:
– Criar, em parceria com as Associações do Setor, o Gabinete Municipal de Apoio à Agricultura.
– Criar o Programa «Sabugal, Terra de Gado», apoiando o desenvolvimento de um setor agropecuário e silvo-pastorício e criar uma Empresa de capitais mistos (públicos e privados) de Gestão de Espaços de Pastagem.
– Criar o Programa «Sabugal, Terra de Floresta», apoiando o desenvolvimento de um setor florestal e criar uma Empresa de capitais mistos (públicos e privados) de Gestão Florestal.
Não haja dúvidas que estas propostas não eram de fácil concretização, mas revelavam já o empenhamento que se pretendia que a Câmara Municipal assumisse enquanto agente de mudança.
Eram e são medidas que, ultrapassando a questão do banco de terras, permitiriam pelo envolvimento das Associações do setor, pela maior facilidade de contacto com os proprietários e pela garantia de cumprimento dos contratos que a presença da Autarquia representava, criar uma dinâmica de desenvolvimento do setor agrícola, agropecuário e florestal no Concelho do Sabugal.
A criação pela Autarquia em junho deste ano de uma equipa de projeto cuja missão é o desenvolvimento rural através da implementação de um programa mobilizador das sinergias e recursos existentes, deixa alguma expectativa que só será aferida quando forem conhecidas as primeiras propostas e iniciativas.
Chamo, no entanto a atenção de que é imperioso que se entenda a questão da agricultura como mais uma questão que tem de envolver todos, desde os proprietários aos produtores e às suas Associações, não podendo assim ficar restringida à ação, por muito competente que seja, de técnicos da Autarquia.
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
rmlmatos@gmail.com
sexta´feira 14 – Esta medida foi muitas vezes falada entre proprietários de terras nas nossas aldeias, porém temos de olhar a que temos arrendamentos selvagens de palavra e não escrita; rendas que não são pagas porque arrendaram uma vez por dez reis e agora que não tratando ou não pastoreando, chamam seu os terrenos arrendados de boca há dezenas de anos(exigindo milhares de euros para que os donos tomem em mão o que é seu), deixando ás silvas e matos diversos, que só os incêndios desbravam.
Será que não podemos olhar para os nossos vizinhos espanhóis (aqui a 3 Km) que têm o emparcelamento, há anos,a funcionar em pleno?
Se a lei de arrendamentos não mudar, é melhor deixar as comissões na gaveta.Talvez quando a crise apertar, e tudo leva a crer que sim – infelizmente – as coisa mudem naturalmente
Dizia um economista há dois anos (ele é filho de um pequeno agricultor transmontano),quem tenha um terreno ou horta que o comece já a cultivar.
Eu hoje dou-llhe razão. Os tempos dificeis já chegaram.
José Chorão
Obviamente que só posso aplaudir a oportuna preocupação e interesse que o meu Caro Amigo, Engº. Ramiro Matos, demonstra, tentando atirar com a velha pedrada no charco…
Agora “SÒ” falta quem goste da agricultura e, muito em especial, quem pense e trabalhe as referidas propostas.
Aguardemos. Às vezes há horas felizes…