Os bombeiros voluntários do Sabugal e do Soito vivem uma situação de perda continuada de receitas, resultante da diminuição do número de transportes de doentes não urgentes, o que cria dificuldades financeiras que se poderão agravar a breve trecho.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Duarte Caldeira, denunciou a situação «inaceitável» que vivem actualmente as associações de bombeiros, motivadas pelo acumular de dívidas da administração central. Afirmou mesmo que há dirigentes associativos que recorrem a pedidos de empréstimos à banca, dando como garantia os seus bens pessoais, para pagar salários. Para ilustrar essa situação de «sufoco em que vivem os bombeiros», Duarte Caldeira revelou que «em Mourão, Évora, viram-se obrigados a dispensar bombeiros e em Aguiar da Beira, Guarda, três ambulâncias foram colocadas à venda».
Capeia Arraiana falou com a presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Soito, Benedita Rito, que falou em dificuldades, embora a situação esteja, por agora, controlada. Os Bombeiros do Soito estão confrontados com uma grande perda de receitas, que a presidente não quantificou, resultante da quebra no número de saídas com doentes para consultas nos hospitais, sendo esse o maior constrangimento actual.
«Os médicos não passam as credenciais necessárias para se fazer o transporte comparticipado pelo Estado e o resultado é muita gente deixar de ir às consultas e aos tratamentos», sublinhou a dirigente associativa.
No Soito a situação pode vir a agravar-se, dado o forte investimento em ambulâncias feito por aquela associação. «Desde que estou na direcção já investimos 400 mil euros em ambulâncias, na perspectiva de prestar um melhor serviço no socorro e no transporte de doentes, mas é com mágoa que vejo agora parte da frota parada, por não haver doentes para transportar». Benedita Rito conclui que, do ponto de vista financeiro, a «situação actual é difícil, mas, por enquanto, vamos aguentando e conseguindo assegurar os compromissos». «Temo contudo que, a manter-se a situação, o problema se possa vir a agravar», concluiu.
Já Luís Carlos Carriço, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Sabugal, também confirma o problema e as dificuldades, que por enquanto são geríveis, mas que se poderão alargar no futuro. «O problema é que a maior parte das associações investiram na prestação de serviços de transporte de doentes não urgentes, e passaram a viver muito à custa disso», disse. A mudança das regras, que se faz sentir desde o início deste ano, trouxe dificuldades, por diminuir a receita daí proveniente e no Sabugal o problema também teve algum impacto, embora sem a expressão financeira que terá tido noutras associações: «anteriormente chegávamos a ter com este serviço uma receita mensal superior a 20 mil euros, e agora ronda apenas os 14 mil euros, com tendência para baixar». O prometido recurso à plataforma informática de gestão desses serviços, que tarda em estar disponível a nível nacional, faz com que Luís Carlos Carriço tenha alguma esperança num melhor funcionamento do serviço de transporte não urgente de doentes.
Quanto a atrasos nos pagamentos do Estado, isso por enquanto não está a gerar muitas dificuldades, mantendo-se o pagamento das comparticipações ao fim de 90 dias, mas admite que o problema se pode vir a agravar, face à conjuntura que o país atravessa.
plb
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