Ao fim de um ano e oito meses como presidente da Câmara Municipal do Sabugal, podemos afirmar que António Robalo tem sido um líder titubeante, que hesita a cada passo e que querendo corrigir um erro comete sempre um outro, numa sequência imparável.
A vertigem do caminho errático de António Robalo iniciou-se há um ano, quando, apercebendo-se que estava na Câmara em minoria, acordou com o vereador Joaquim Ricardo, a sua passagem a tempo inteiro. A partir deste passo, que parecia lógico e necessário, foi um «ver se te avias» em imprudências sucessivas.
António Robalo estava talhado para ser um vereador cumpridor e diligente, como de resto o foi ao longo de 12 anos. Enganou-se quem acreditou que reunia predicados para presidir aos destinos do Município.
Claro que suceder a Manuel Rito não se revelava tarefa simples. Dar continuidade à acção do predecessor exigia ter na cabeça uma única e determinante ideia: contornar as leis que obstaculizam o desenvolvimento do concelho.
Ademais António Robalo não conseguiu as condições políticas que existiram nos mandatos anteriores – faltou-lhe uma maioria que sustentasse a sua acção. Falho de orientação politica, cometeu toda uma série de equívocos, que bem poderiam integrar um manual contendo os erros políticos que qualquer autarca deve evitar.
Há variados exemplos para ilustrar o sofrível desempenho político de António Robalo, mas atenhamo-nos a um claramente revelador: a administração da empresa municipal.
Começou por tentar reconduzir na Sabugal+ quem bem sabia não reunir a confiança da nova maioria (PS/MPT). Saindo derrotado propôs-se a si mesmo, acompanhado de uma vereadora da oposição socialista. Mas ainda não aquecera o lugar, e já revelava ter-se entendido com o vereador do MPT, correndo com a vereadora da administração da empresa, para a entregar ao seu novo aliado. Porém a eleição da nova administração ficou ferida de ilegalidade e a convivência política com o vereador do MPT deteriorou-se, a pontos de, passados escassos meses, este se demitir da empresa.
Novamente perante a necessidade de decidir, toma a maior das imprudências: voltou a assumir a presidência da empresa, como que dizendo «dou o corpo às balas, resolvo eu mesmo as dificuldades». Mas o facto de estar na administração fez com que tivesse de abandonar as reuniões do executivo sempre que os assuntos da empresa vinham à mesa. Esse facto, aliado à incompatibilidade de funções dos outros dois elementos da administração, levou-o de novo a propor a eleição de outro conselho administrativo, de que a vice-presidente e o vereador que resta ao PSD passaram a tomar parte, saindo ele do elenco para presidir por inteiro aos destinos do Município.
Costuma dizer-se que por vezes «a emenda é pior que o soneto» e esse adágio assenta que nem uma luva à nova situação. A partir de agora sempre que a empresa venha à baila nas reuniões de câmara, o presidente fica sozinho perante os quatro vereadores da oposição. E se, numa próxima reunião, tiver que discutir-se um assunto da empresa reportado ao tempo em que António Robalo estava no conselho de administração, terá também ele de abandonar os trabalhos, deixando na sala a oposição, que debate e decide o que lhe aprouver sem que um único vereador do PSD possa estar presente.
Para além do caminho titubeante à volta da composição do órgão de gestão da empresa municipal, há um outro sinal que revela a insensatez e a falta de lógica política de António Robalo. Trata-se de ser vice-presidente da comissão política concelhia do PSD, que tem à cabeça o seu chefe de gabinete, Vítor Proença. Se pensarmos ainda que na mesma comissão a vice-presidente da Câmara desempenha as funções de tesoureira, temos tudo esclarecido, ou seja, há uma absoluta incapacidade de liderança politica na Câmara Municipal do Sabugal.
PS: No Sabugal os políticos abespinham-se muito com quem os critica, como se isso fosse algo de anormal em Democracia. Porém, para evitar conclusões erróneas, alerto que talhei uma opinião pura e simplesmente política acerca da prestação de António Robalo enquanto presidente de Câmara. Enquanto cidadão sabugalense António Robalo merece-me todo o respeito e consideração.
«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
Quando o Eng. Robalo foi eleito escrevi neste blog um artigo onde me recusei a dar-lhe os parabéns pela sua eleição, pois já nesse tempo previa isto que se tem passado. Não o fiz por não ter consideração pelo Eng. Robalo antes pelo contrário, foi exactamente por o considerar como pessoa que o fiz.
Eu tinha consciência que quem o rodeava iria impedir que o Sabugal fosse governado em defesa do património e dos sabugalenses.
Agora talvez seja mais compreensível a minha afirmação de que “o rei vai nú”, como referência à história infantil que todos deveriam ler.
P.S. – não deixo aqui o link para esse meu artigo porque estou a redigir este texto no telefone o que dificulta a pesquisa e cópia do mesmo, mas basta procurar neste blog que não é difícil de encontrar.
Até parece que estava a adivinhar… 🙂
Mas nada disso… apenas realista e sem papas na língua.
https://capeiaarraiana.pt/2009/10/16/o-rei-vai-nu/
Concordo perfeitamente com o Kim Tomé, as condições da eleição não lhe deixaram margem para governar: uma oposição em maioria, mais fácil de se impor pela negativa do que pela positiva, uma mão cheia de projectos visionários deixados pelo antecessor com uma câmara endividada. dificil o terreno! Acredito mesmo que outros menos experientes já teriam sucumbido.
Quanto á questão do PSD, o Presidente não está talhado para essas lideranças. A sua postura demonstra que não gosta desse tipo de lideranças, de lugares reservados a certos pavões, aliás neste aspecto muito semelhante á liderança do PS, que homens de referência também não quiseram.
Penso que se algum erro fez foi confiar no Sr. do MPT, em que acreditei e que provou não saber ocupar o lugar nem ter estatuto de responsabilidade.
O Presidente não carrega diariamente com o partido, como poderia ele presidi-lo? Se quisesse liderá-lo com certeza que teria o campo aberto.
Um soitense que sabe do que fala e de quem fala.
Um grande abraço, Força Presidente.
Não há quem lá pôr; essa a verdade! E assim sendo, “quem não tem cão, caça com gato…” e já faz muito!