Da maneira como a União Europeia está a ser construída, podemos considerá-la uma Europa sem cidadãos. Uma elite tecnocrata decide qual será o futuro de milhões de cidadãos europeus. Isto significa a negação máxima do que é a Democracia Representativa, porque elimina a soberania dos Estados em aspectos tão importantes e, até cruciais, como a economia. O futuro da Europa foi decidido sem a nossa voz, pior, sem os nossos votos. O futuro foi decidido por aristocratas elitistas de uma insensibilidade social tamanha, que até permitem uma nova escravatura no seio da União Europeia.

Todos aqueles que conhecem um pouco os grandes problemas que nos trouxe a Globalização Neoliberal, sabe que um dos maiores, senão o maior, é a competição entre trabalhadores, obrigando isto a uma baixa de salários e prestações sociais, até os despojarem de tudo, inclusive da vida.
A União Europeia está dentro desse jogo sujo, mas os direitos sociais conseguidos com tantas lutas ao longo de tantos anos pelos trabalhadores europeus, não podem ser destruídos de um dia para o outro, isso abre as portas a Máfias estrangeiras que praticam a escravatura com trabalhadores imigrantes. Segundo um artigo de Inácio Ramonet no Le Monde Diplomatique, em vários países europeus como na Espanha, na França, na Itália, na Holanda, na Inglaterra e, também em Portugal, muitos imigrantes trabalham em condições idênticas à escravatura dos séculos passados. Estão debaixo do jugo de redes mafiosas que traficam com seres humanos.
Na Itália, 1.200 trabalhadores não pertencentes a países da União Europeia, trabalhavam 15 e mais horas diárias em instalações agrícolas por «salários» miseráveis, eram vigiados militarmente por milícias armadas. Um autêntico campo de concentração. Noutro campo de trabalho, centenas de imigrantes polacos eram explorados do mesmo modo, às vezes até à morte. Sobreviviam subalimentados, numa clandestinidade total. Eram maltratados de tal maneira, que vários deles perderam a vida por esgotamento, por golpes recebidos, ou levados ao suicídio pelo desespero.
Algumas patronais, principalmente as da industria, da construção e das grandes exportações agrícolas, desejam uma imigração massiva, trabalhadores indocumentados, estes são uma mão de obra abundante, não reivindicativa e barata, fazendo com isso baixar os salários dos trabalhadores autóctones. Já há quem pense nesta Europa civilizada e «respeitadora» dos Direitos Humanos, permitir uma «escravatura moderna», ou seja, nem lei nem regras, cada um faz como quer, só assim poderá haver concorrência com a mão de obra barata de outros países, principalmente os asiáticos, o caso da China, onde os operários, por meia dúzia de euros, trabalham até à exaustão.
Esta é a Europa comunitária, o Paraíso Europeu que foi prometido a todos os seus habitantes e, vista por vários povos como uma esperança, transformou-se rapidamente num símbolo de opressão económica e numa bandeira do empobrecimento.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
E não somos todos nós escravos?
Verdades duras que o António nos traz, aliás das quais já conhecemos parte e conhecemos os resultados negativos da falta de liberdade que acabamos por sentir.
Estamos sempre à espera que o Governo diga não, pelo menos de quando em vez.
Não é fácil dirigir um País que já sofreu muito por se perderem riquezas nacionais das quais muito produtores foram obrigados a desistir, mas também sabemos que muitos deles não foram suficientemente elucidados da necessidade de fazer estudos na “arrumação” das terras ou emparcelamento para que o trabalho ficasse facilitado e a produção mais viável.
Claro que isto tinha que vir de longe, tínhamos que recuar séculos para “educar ” a melhor produzir, colher, pescar, etc. E, porque não uma nova lei das Sesmarias, para obrigar, por um lado e criar estímulos, por outro? Muita coisa errada também vem de trás e o povo habituou-se a que tudo caia do céu ou o governo dê. Quanta ilusão e desconhecimento!
Lamento os que sofrem por dificuldades, mas também lamento o pouco que somos esclarecidos (ou não queremos ver) sobre o que pode e deve fazer-se urgentemente. Talvez entre algumas reacções de acomodação também outras de dizer “não”.
Teresa, o homem muda, já não somos os mesmos da Idade Média, nem os mesmos do século XIX, mas não deixámos de ser os mesmos, o mesmo ódio, o mesmo amor as mesmas injustiças e a mesma vontade de justiça. Por isso, a luta pela nossa libertação estará sempre actual, tem de ser uma luta contínua, até chegarmos quase ao impossível, a nossa perfeição…
Mandaram-nos e, até nos pagaram para destruirmos as nossas culturas, sabe para quê? Para ficarem com o monopólio dos alimentos as empresas exportadoras dos mesmos, os esclavagistas de que falo no artigo.
Ouvi à pouco, um discurso de 1999, de Júlio Anguita, duma actualidade impressionante, em que ele dizia que a resignação, é uma droga potente, tanto ou mais que a heroína. ao capital interessa que a gente se resigne, mas cabe-nos a nós não lhe fazer-mos a vontade.