A choça era o abrigo do pastor, no tempo em que guardar as ovelhas era tarefa permanente, que obrigava a passar os dias e as noites vigilante.
No tempo calmo do Verão, era uso levar o gado para os pastos, muitas vezes longe da aldeia onde ovelhas e cabras tinham a corte. Durante o dia a piara andava pelo monte, guardada pelo pastor, recolhendo ao sol-pôr a um terreno arável, onde previamente fora montada uma vedação, formada por cancelas móveis. A essa vedação se chamava bardo, redil, cancelhal ou aprisco. Era lá que o pastor ordenhava as ovelhas e tratava com denodo aquelas que apresentassem moléstia. Seria aí também que as ovelhas, os cães do gado e o pastor passariam a noite.
Para além da recolha do gado e sua guarda nocturna, o cancelhal visava estrumar a terra. Para tanto era mudado todos os dias, estrumando-se em cada noite novo talhão, até que a propriedade ficasse adubada.
Ao redor do bardo o pastor erguia a sua choupana, onde se refugiava, protegido do frio, do vento e da chuva. Além do mais era aqui que guardava os parcos haveres e os utensílios da faina: louças, colares, campainhas, e também o inseparável pífaro. Este abrigo era denominado por choça, sendo o seu tipo mais comum a grade ou taipal rectangular, formado com paus de madeira (às vezes uma cancela do próprio bardo), forrado com palha, que se erguia, voltada contra o vento, firmada por estacas com galha. Era sob ela que se enroscava o pastor, passando ali a noite, coberto pelo inseparável cobertor de papa.
A vantagem da choça era a sua mobilidade. Mudando-se as cancelas do bardo, às vezes para bem longe, igualmente se deslocava a grade da choça, tudo transportado num carro de vacas.
Mas para além do tipo mais comum e singelo de choças referido, havia também choupanas de maior elaboração e mais cuidado feitio. Às vezes usavam-se duas esteiras que se apoiavam uma contra a outra, formando um gracioso casoto de duas águas. Noutros casos colocam-se anteparos laterais à grade erguida contra o vento, ficando uma cabana com abertura apenas de um lado.
Paulo Leitão Batista