Tal como estava anunciado, no dia 12 de Junho, pelas 16 horas, o Auditório Municipal do Sabugal, acolheu a apresentação do livro «Forcão – Capeia Arraiana», da autoria de António Cabanas e Joaquim Tomé.
Algumas dezenas de pessoas, cerca de 70, assistiram ao lançamento de um livro que junta textos e fotografias na abordagem a uma manifestação cultural exclusiva da raia sabugalense. Trata-se de um importante contributo para a valorização desse património cultural, numa altura em que se pretende vê-lo formalmente reconhecido como património da humanidade.
Juntamente com os autores, ocuparam a mesa o presidente da Câmara Municipal do Sabugal, António Robalo, o grafista do livro, Vítor Gil, e o antropólogo Norberto Manso.
Depois das palavra de circunstância, proferidas pelo presidente da Câmara, coube a Norberto Manso a apresentação do livro, esclarecendo que o fazia a pedido expresso do autor António Cabanas, e dada a impossibilidade de o fazer o autor do prefácio, Adérito Tavares, que não pode estar presente. Norberto Manso optou por efectuar uma análise crítica ao livro, que considerou sui generis, por juntar a literatura à arte fotográfica, ora nos parecendo que lemos um livro ora que folheamos um álbum fotográfico, tal a profusão de imagens sugestivas acerca da capeia enquanto espectáculo popular. No minudenciar do conteúdo dos textos, olhados pelo Antropólogo conhecedor da tradição do forcão, evidenciou alguns aspectos de relevo, não deixando de dar a sua própria perspectiva, nomeadamente acerca da real existência de um ritual iniciático nas tarefas ligadas ao corte do forcão, tese defendida por António Cabanas. Procurou também expressões originais e frases lapidares do autor, rebuscadas entre os textos, por vezes nas legendas ou nas notas de rodapé, para evidenciar aspectos e perspectivas de um homem que, embora nascido e vivido no concelho vizinho de Penamacor, tem encontrado no Sabugal e nas tradições das suas gentes campo fértil para as suas investigações e os seus livros.
O autor das fotografias, Joaquim Tomé, tomou a palavra para falar do que sente em relação ao Sabugal, a sua terra que, lamentavelmente, teve de abandonar em menino, para a ela regressar já muito mais tarde, tendo porém que de novo a abandonar por sentir que muita gente não gosta dos que regressam. «Há mais de vinte anos que trago uma pedra do nosso rio no meu bolso, a qual representa a saudade que sempre sinto pela minha terra», disse Joaquim Tomé. Sobre o trabalho fotográfico para o livro afirmou que foi para ele uma honra trabalhar com António Cabanas, e em especial fotografar por toda a raia em capeias e encerros, colhendo centenas de imagens de uma manifestação popular única, onde se sente a fibra da gente raiana.
António Cabanas explicou a razão por que tanto se tem empenhado em estudar as tradições raianas do concelho do Sabugal, que verdadeiramente sente como suas, e em especial o olhar que teve para com a Capeia Arraiana enquanto manifestação cultural original. O livro procura reunir diferentes perspectivas das corridas da raia no sentido de contribuir para a sua documentação e valorização enquanto património cultural e como elemento galvanizador de uma comunidade.
plb