Democracia é que é difícil que lhe possamos chamar. Estamos debaixo do pensamento único, o único autorizado por um invisível e omnipresente polícia de opinião. Esse pensamento foi muito bem definido por Alain Minc, economista e director de empresa: «O Capitalismo não pode modificar-se, é o estado natural da sociedade. A Democracia não é o estado natural da sociedade. O Mercado sim.» É com este pensamento que milhões de portugueses irão às urnas a 5 de Junho próximo.
Esta União Europeia, em que a preponderância da economia sobre os demais aspectos da vida humana é uma realidade, e que está regida pelos interesses particulares de nações poderosas como a Alemanha e a França, deixa os políticos dos outros países membros, principalmente os mais débeis política e economicamente, pouca ou nenhuma margem de manobra para um trabalho realmente pessoal e criador.
Esta União Europeia está a ficar destroçada pela acção de um capitalismo desregulado e selvagem, pelo desemprego galopante, pela concorrência feroz, pelo desmantelamento da Segurança Social, pela desigualdade entre povos e pelo egoísmo de alguns políticos. Há povos que são praticamente escravos das nações mais poderosas, como o grego, e muito temo que qualquer dia seja o português.
Ainda podemos emitir o nosso voto, mas não podemos de maneira alguma controlar ou contrariar as decisões de Berlim, de Bruxelas e dos mercados, que são tomadas nas nossas costas. O nosso País, foi à coisa de um mês frequentado por dois ou três indivíduos de outros países. Esses indivíduos, sem serem cidadãos nacionais com direito a voto, conseguiram e conseguem ter um poder de decisão superior ao do eleitorado português. Depois disto, qualquer pessoa fica a pensar que a política deixou de ser um serviço à comunidade nacional, regional e Local, sendo uma luta de interesses entre os principais grupos de pressão político/económicos que hoje enxameiam o Mundo, como por exemplo o Banco Central Europeu e o FMI.
Querido(a) leitor(a), vou dizer-lhe uma coisa que não é novidade nenhuma, as eleições do próximo dia 5 de Junho, sem dúvida alguma que irão ser livres e não truncadas, não serão é democráticas, porque há outras forças que nada têm a ver connosco portugueses e que irão afectar de maneira determinante aqueles que irão apresentar-se a estas mesmas eleições e que depois nos governarão.
Tenho asco àqueles que aceitam tudo isto e esperam que o dia 5 de Junho seja o dia do «tacho» para eles. Não me refiro a governantes nem a parlamentares, mas sim a uma fauna de parasitas idiotas, com fraquíssimo horizonte mental, moral e ético, que irão procurar «fazer pela vida» bajulando alto e humilhando baixo. Esta fauna, quanto a mim, é o maior cancro da nossa sociedade…
Vou pedir-lhe, querido leitor(a), que lutemos para modificar este refrão ultraliberal, próprio da ideologia que nos está a ser imposta, o tal pensamento único: «Onde está o dinheiro está o poder.» Vamos modificá-lo para este tão simples: «Em democracia onde está o voto está o poder do povo.»
Foi com este lema que a Social Democracia (Socialismo Democrático) fez da Europa do pós Segunda Guerra Mundial, um continente onde a Justiça Social mais se aproximou da ambição de justiça que o homem sempre procurou. Tudo isto se fez com o Estado Social, que agora tentam destruir.
Sou um radical? É possível, mas se o sou é porque vou à raiz das coisas.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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O sr. Meliço continua na mesma: sabe bem quem assinou o acordo com a Troika e continua a insistir que todos os POLÍTICOS têm culpa no cartório pela situação do país…
Sr. Meliço, sabe quem votou a favor do salvamento do BPN e quem votou contra? Informe-se, se não souber…
Não torne a culpa a todos, até porque já há uns tempos declarou aqui que não era de esquerda, logo é de direita… E sabe bem que foram os da direita (incluindo o PS) que fizeram isso tudo…
Não consigo compreender como o sr. Meliço (e outros) insistem em afirmar que, mesmo aqueles que nada tiveram a ver com isto têm culpas…
Já sobre os tais trabalhadores que não poupam, isso é dívida privada… Sabe a diferença ? Informe-se… O problema do nosso país é de dívida pública… A dívida privada é problema de cada um e não compromete os outros…
Pois sei. Antes não soubesse. Claro que o que mais me preocupa, e o preocupará outros, é não vislumbrar nada que me pareça solução.
Amigo Capelo:
Que bom seria se alguém fala-se assim, alguém com responsabilidade política:
Vamos sacrificar-nos, vamos trabalhar mais horas, receber menos salário, pagar mais impostos e ter menos prestações sociais, como governante eleito prometo-vos que esse sacrificio será a forma para que daqui a três ou quatro anos, possamos ter um País mais próspero, em que a riqueza produzida irá ser distribuida com mais justiça, por todos.
Mas tu sabes bem amigo Capelo para onde irá o fruto do nosso esforço…
Amigo Nabais
Cada um tem a sua forma de intervir. Os teus textos transmitem inquietação aos teus leitores como, claro, julgo ser tua intenção. A inquietação é sempre o princípio de alguma coisa. É sinal de vitalidade. Há quem denuncie certa concordância. Há quem não concorde. Há até quem te pergunte pela solução mesmo sabendo que não a tens. Que não a tens tu nem tem ninguém individualmente. A solução ninguém a tem na mão. Ela terá que passar por uma tomada de consciência colectiva, abrangente e, lamentavelmente, não acredito que esteja para breve. Mas deixa-me dizer-te que há sempre que fazer alguma coisa. Não há nada mais fácil que não fazer nada. E, já agora, o meu sentimento pelos que “fazem pela vida” bajulando alto e humilhando baixo é exactamente igual ao teu.
Vou transcrever umas palavras de um jornal do sistema, um jornal que é uma referência no panorama da comunicação social Europeia e Mundial. El Pais:
«…pode afirmar-se, que desde o momento em que Portugal pede ajuda externa, o seu poder de decisão como país soberano dilui-se dramáticamente. São as regras do jogo…»
« Com isto, custa imaginar uma campanha eleitoral que motive os cidadãos, quando a grande decisão já está tomada. Que valor terão as promessas dos candidatos, se o vencedor das eleições, seja que partido seja, estará obrigado a cumprir escrupulosamente as condições impostas pelos credores…».
O título do artigo é sugestivo!
« OS POLÌTICOS CEDEM O MANDO EM PORTUGAL »
Depois disto, estou cheio de razão no meu artigo. É presunção da minha parte? Não. É VERDADE!!! Poderá é haver verdades que não se devam dizer…
Ainda havemos de ver a nossa soberania mais limitada ainda, Emídio. A Grécia vai perder uma das faculdades de qualquer estado soberano, que é o da cobrança de impostos no respectivo território. E nós lá chegaremos também…
Dizia um dia destes o Jerónimo De Sousa, que os partidos, da Troika, ao esconderem o acordo que assinaram, tornam a sua eleição, uma FRAUDE. Tanto ele como tu estais cheios de razão.
Para o sr. Meliço: se a culpa não é dos capitalistas, dos especuladores financeiros, é de quem? De quem se limita a trabalhar e não especula, nem anda em engenharias financeiras, como os banqueiros? Esses é que tiveram a culpa? Muito me conta, sr. Meliço, muito me conta…
Pode ser dos banqueiros, mas quém lhe permite algumas facilidades, quém foi a correr a salva-los, quém não acaba com as ”Offshors”, quém nomeia e coloca vários administradores lá, são sempre os politicos.
Sobre alguns ditos trabalhadores, também têm muita culpa no cartorio porque andam a gastar o que não têm e depois é só queixas para cima dos que poupam alguma coisa.
Oa problemas não se resolvem a acusar sempre os outros, mas também é muito importante fazermos a nossa parte e ver o que é que nós estamos a fazer para evitar esta situação.
Totalmente de acordo com o que escreveste, caro Emídio. Quem manda aqui é a Troika… Os tais vendedores de “banha da cobra” bem podem prometer… quem assinou o memorando com a Troika tem que seguir tudo o que foi acordado. A soberania do Povo português foi às malvas!!
Os programas de governo para os próximos anos já foram escritos em Bruxelas, a duas mãos (FMI e UE)… Por isso do PS para a direita, já ninguém tem nada a dizer aos eleitores.
… PS incluído, bem entendido!
Governar um país (Estado) é a mesma coisa que governar uma empresa ou a nossa casa. Se gastamos mais que aquilo que produzimos, temos de pedir emprestado e aqui estamos a perder parte da nossa autonomia sustentável e temos de nos sujeitar às regras de quem nos empresta o dinheiro ou então há que nos desenrascar sozinhos. Se um país não for auto-sustentável tem de (sobre)viver com a colaboração de outros e estes colocam as regras, é a oferta vs procura. Agora, votar neste ou naquele poderá apenas racionalizar e prioritarizar as estartégias, reformas e soluções que nos levem a encontrar os caminhos mais adequados para a saida desta dependência, e isto não se consegue em meses nem em anos. Contudo, o PSD e CDS poderão não ser alternativas muito diferentes do PS, mas votar no PS é estar a premiar quem nos continuou a levar para o precipicio e quem não criou as soluções certas…
A Democracia é uma palavra muito bonita e ás vezes parece que algumas cores politicas pensam serem donas dela e por isso se não forem dessa côr já são ou de direita, ou não sei mais o quê.
É verdade que ninguèm gosta que venham, sobretudo de fora, mandar na nossa casa, mas quém é que foram os culpados de estarmos nesta situação? O que deveriamos estar a lamentar e ao mesmo tempo analisar, era:
Quanto custa a classe Politica ao País?
Qual é a produtividade de cada um e qual a justificaçao do seu posto de trabalho?
Porque razão me pedem a mim que me reforme aos 67 anos e eles reformam-se com 12?
Vejam as ultimas informações que circulam em relação ás reformas de todos os politicos e funcionarios da CE.
Esta conversa de que a culpa é sempre dos capitalistas, já está gasta e se pensam que é com os Socialistas que lá vamos, então analisem os ultimos anos dos Governos, Português,Espanhol,Grego, etc.
Eu não peço a ninguém que não vote, ou que vote no partido A ou no Partido B. Eu só quero demonstrar no artigo, que estamos condicionados por ordens externas, ás quais nenhum político pode fugir,e quando isso acontece que sofre é a Democracia, porque a vontade da maioria dos cidadãos, ou até deles todos, pode ser totalmente deturpada. Algum dia o povo grego votou a favor daquilo que lhe impõem?
Ninguém está indignado pelo que está a acontecer? O próprio economista chefe do FMI disse que é preciso ter em atenção até onde pode chegar a tolerância dos cidadãos, com as medidas que lhes são impostas.
A consciência critica é a base de toda a cultura política, por isso me estão a criticar, mas deixai que vos diga: ouve quem lutasse contra o Estalinismo, contra o Fachismo, contra a Democracia, e outros sistemas políticos, eu tenho o direito de lutar contra o Neoliberalismo, o Capitalismo Selvagem, enquanto puder e me deixarem, lutarei. Podeis não gostar do artigo, mas deixai que vos diga: quando alguém vem impor regras politico/económicas a um povo, isso não é DEMOCRACIA.
Muito bem ! Não se importam então de dizer em quem devo votar para fugir dessas desgraças todas e não se perder o voto ?
Agradecido.
Meu caro António, o voto ainda que condicionado é um direito de que não devemos abdicar. Permite-me que te diga que no estado actual a que levaram o País não nos podemos alhear e todos devemos expressar através do voto, porém há um voto que me parece completamente inutil que é votar naqueles que enchem a boca com o Estado Social mas mais não fizeram que foi esvasiar de conteudo (abonos de familia, saúde)
Teresa, o futuro das nossas crianças depende de nós. Lutemos para que elas tenham um futuro digno em todos os aspectos, moral, intelectual e material. Para isso ser realidade, não permitamos que o Capitalismo Selvagem acabe com a Democracia e com a Liberdade. O dia que isso acontecer, não haverá futuro nem para o Homem, nem para o Planeta Terra. Lutemos, cada um conforme sabe e pode, para que isso nunca aconteça.
Sr. Emidio, apregoa bem, mas não me convence. porque pior estado social que nós temos no nosso País não sei se haverá. As diferenças dos ricos e dos pobres é um abismo, Que estes democratas socialistas como o Sr. lhe chama é que nos puseram assim.Com as manias de ver tudo em grande e aos bolsos deles. A nossa classe média deixou de existir e até o desemprego nunca foi assim tão alto. E isto ao que o Sr, chama de democracia socialista só quem é cego é que não quer ver o que foi feito do nosso País, Os nossos jovens que agora emigram daqui para fora por não terem postos de trabalho.Quanto a Europa. não estão assim tão mal,estão melhores que nós. e os países que estão como nós a pedir esmola, qual é a cor política que lá está. a mesma que até agora em Portugal. Dia 5 de Junho será as eleições, e como somos um País democrático, cada qual vota em sua sã consciência e sem pressões de pessoas que gostam de fazer lavagens cerebrais ás outras pessoas.
O Sr Emídio pensa forte e vai – como diz – à raiz das coisas. Receio bem que tenha muita razão e dou comigo a pensar (vendo tantos males sem solução para os que trabalham) como irá ser o futuro das nossas crianças!