Mais um guardião do Côa, o Castelo de Vila do Touro olha, vigia, parece abençoar o vale da ribeira do boi, no ponto de confluência com aquele rio. Completei, assim, a primeira fase de «La Ruta de los Castilhos», com o meu estudo sobre os 5 castelos do Côa. Fi-lo com a maior admiração e carinho por estes meigos gigantes de pedra, na altivez majestosa, dura mas carinhosa, que deles emana. Sinto, como dizia atrás, que eles abraçam as povoações, num enlevo protector que não podemos desprezar.
VILA DO TOURO
Táureo foi teu nascimento
Pedro Alvito foral criou
Mais ninguém o reforçou
Negaram-te merecimento.
Segundo e Primeiro Reis te visitaram
Isso mostra o teu valor
Guarda mudou teu Senhor
Aos Templários te entregaram.
Pequeno permaneceste
Pois o terreno acidentado
Dificultou teu traçado
Irregular, altivo, agreste.
Escondidas pela folhagem
Tuas torres… ou destruídas?
Mas se nunca foram erguidas
Será verdade ou miragem?
Traçado no chão marcado
Para provar teu projecto
Apenas de sonhos coberto
Sem conclusão, inacabado.
A Porta de São Gens, exclusiva
Assim, em Gótico talhada
De Dinis não veio mais nada
Ficaste singelo, à partida.
Alcanizes já não te valeu
Nem tua obra se concluiu
A muralha se resumiu
Teu valor esmoreceu.
Tua defesa enfraquecida
Sabugal te protegia
Vizinhos, a tal obrigaria…
Mas a fronteira, perdida.
D. Manuel quis reerguer-te
Não houve quem o seguisse
Para que no esquecimento caísse
E nada pôde valer-te.
Em guerras, sacado e maltratado
Que culpa por teres sofrido
E o pouco teres perdido
Nesse desaforo desconcertado?
De onde estás, a Guarda vemos
Bem no alto, ali erguido
Em lugar bem altivo
Só não vemos, se não queremos!
Não sofras por seres esquecido
Não podes ser acusado
De seres desconsiderado
Se mais não te foi exigido!
Um abraço a Vila do Touro!
:: ::
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
Leave a Reply