Manuel Rito, ex-presidente da Câmara Municipal do Sabugal, não se conforma com a suspensão das obras de ligação do Sabugal à A23, decretada pela Câmara, e nem o argumento de que a autarquia não tem capacidade financeira para tal o convence. Vai daí puxa por um coelho da cartola: a obra faz-se através de uma parceria público-privada.
A declaração, feita numa entrevista ao mensário Cinco Quinas, surge no momento em que os contratos de parceria público-privada estão debaixo de fogo intenso, por os mesmos representarem custos incomportáveis para as gerações vindouras.
Acresce que a única forma conhecida para a concretização de uma parceria público-privada na construção de uma estrada é a da introdução de portagens. E essas portagens terão que ser pagas pelos utilizadores, a não ser que a estrada venha a ser mais uma SCUT, sendo então o pagamento suportado pelo Estado, que compensa o concessionário (parceiro) consoante o número de veículos que utilizam a via.
Sabemos que o governo vai introduzir portagens na A23, e custa-nos, aos que a utilizamos, vir a ter de pagar, por sabermos que isso acentua a interioridade da nossa região. Porém ficamos agora a saber que há quem não se importe de que até a futura ligação do Sabugal à A23 venha a ser portajada.
A ligação do Sabugal à A23 é necessária, mas a obra tem de ser financiada pelo poder central. E o Estado não fará um favor ao nosso concelho. Outros municípios e outras terras vêm sendo beneficiados com boas ligações rodoviárias. O Sabugal dá de borla a água do rio Côa para abastecer os municípios a jusante, para irrigar a Cova da Beira e até para que em Penamacor se produza electricidade. Não será tempo de também exigirmos algo em nosso benefício?
Sucede que o assunto da ligação directa à auto-estrada vem sendo tratado com amadorismo e de «cabeça no ar», quando antes se impõe rigor na condução do processo. Uma simples reflexão leva-nos a descobrir o caminho, que, numa primeira etapa, passa por elaborar o projecto com a devida exigência técnica, colocando-o no papel (sim, porque o projecto não existe, ou alguém já o viu?). Depois, cumprindo a inclemência da lei, deverá submeter-se esse projecto à Avaliação do Impacto Ambiental. Concluída esta etapa, o Presidente da Câmara, munido do processo, solicita uma audiência ao Ministro das Obras Públicas e coloca-lhe o projecto sobre a mesa (isto é diferente de ir a reuniões de mãos a abanar, dizendo apenas que era bom que o Estado nos financiasse uma estrada). Perante o governo o autarca junta ao processo um conjunto de argumentos capazes de o convencerem a incluir a via no Plano Rodoviário Nacional.
Este é o caminho lógico, porque legal. Ele pressupõe porém que, de uma vez, se deixem de parte «jogadas loucas», feitas ao arrepio da racionalidade e à margem da lei vigente.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
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O Presidente António Robalo, contrariamente àquilo que alguns pretendem fazer crer com as suas demagogias, é um homem esclarecido, ponderado e que sabe o que quer. Aqui a questao já não é querer ou não.Aqui do que se trata é de poder.O município não tem estaleca finananceira para se lançar numa aventura destas.Só um maluco pode pensar o contrario.Com o meu vencimento de €1000, não posso pretender comprar um castelo…
Nem se diga que a Câmara estabeleceria uma parceria Público/privada. Entao ensandecemos todos?O Governo tenta fugir das parcerias porque está até a colocar portagens nas SCUT’S e o Sabugal assobia para o lado?Entao ainda estamos entalados com o parque de campismo à procura de uma parceria e ainda nao saimos desta, entramos noutra? E como muito bem diz o Sr. Paulo Leitão:sem projectos? Quem autorizou e instigou os trabalhos a mais no Cró, que agora o tribunal de contas sanciona ? De quem é a responsabilidade de tamanha aventura?
O Sabugal necessita de obras e infraestruturas à medida da sua bolsa e que dinamizem o território e que criem bem estar para quem cá vive e se torne atractivo para quem nos queira visitar.
afranio adalberto
Para que fique bem claro! O actual Presidente pretendia dar continuidade ao disparate de continuar a ligação à A 23 com o dinheiro dos contribuintes do Sabugal, pois foi uma das contrapartidas para ser nomeado como cabeça de lista do PSD nas últimas eleições autárquicas. No entanto, para aprovar o orçamento e o plano para 2011 o Vereador Joaquim Ricardo “obrigou” à retirada das verbas previstas para a citada estrada. Ficou o actual Presidente com os louros de homem ponderado, quando na verdade não teve alternativa.
Já agora lanço um desafio. O Capeia Arraiana deve passar a ter edição escrita, pois só dessa forma poderá competir com o Cinco Quinas e ser lido, principalmente pelos mais velhos, que não têm acesso à Net.
António Manuel
Como é possivel um ex presidente de Câmara, que deveria ser comedido no que diz e escreve, foi capaz de dizer tantas barbaridades juntas. Isto só mostra a qualidade da classe politica que nos governa. Ainda bem que o PS e o MPT não deixam o actual presidente insistir na asneira de andar a esbanjar dinheiro em estradas que deve fazer o governo.
Então pede-se ao Socrates que não faça o aeroporto e alinha do tgv e pede-se à Câmara para fazer uma estrada sem a certeza de chegar ao destino porque Belmonte ñão deve estar pelos ajustes.Os de Belmonte não serão doidos|
A malta ainda não está convencida que o pais está de tanga!!!…..
Os anteriores Presidentes têm um conhecimento muito reduzido sobre planeamento do território, e nunca procuraram a montagem de lobbies políticos, imprescindíveis nestes casos. O actual Presidente não esteve bem ao suspender as obras, antes a isso foi obrigado pelo Vereador Joaquim Ricardo em coversa de “bastidores”.
Ciclicamente voltamos a questão da ligação à A23.
1. Reconheço a coerência do ex-Presidente Manuel Rito na defesa da sua dama.
2. Não tenho dúvidas, desde há mais de 10 anos de que é importante para o Concelho do Sabugal ter ligações de qualidade às A23 e A25.
3. Sou, desde o primeiro momento, contrário à solução proposta pelo Executivo Municipal, pois a mesma, era para mim claro, não tinha pernas para andar, como não tem.
4. A solução que venho defendendo desde sempre passava e passa pela beneficiação das estradas nacionais existentes que nos ligam à A23/A25 na Guarda/Barracão, à A23 em Caria e à A25 no Alto do Leomil, incluindo as respectivas variantes as povoações atravessadas.
Esta solução, se tomada desde o início teria permitido uma negociação diferente com as Estradas de Portugal e com a Administração Central numa altura em que a crise financeira não existia.
5. Não posso estar mais em desacordo com a hipótese de hipotecar o futuro do Concelho a uma qualquer parceria com um privado, nem me parece que hoje houvesse qualquer hipótese de tal acontecer a não ser que se queira trazer para o Sabugal a desgraça que são hoje algumas das parcerias feitas pela Administração Central.
Penso, pelo contrario, que seria a altura de o actual Executivo Municipal estabelecer conversações sérias e descomprometidas com a Administração Central no sentido de, em conjunto, encontrar uma solução, esta sim em parceria público-público, para a construção de ligações de qualidade à s A23 e A25.
Ramiro Matos
Como o povo diz: “quem está fora não racha lenha” e eu sou um dos que estou fora…
Pelo que leio e ouço, o Sr. Rito deixou poucos amigos e poucas saudades aos Sabugalenses residentes. Mas a ideia da ligação á A23 ser uma prioridade para o Município é dele e faz todo o sentido, por ser essa ligação, o motor para o desenvolvimento do Concelho. Até pode existir uma Mina de Ouro, mas se não existirem boas estradas, o desenvolvimento é quase nulo.
A outra parte da questão, o financiamento: a via que o Sr. P.L.B. avança, é a tradicional e a legal, mas todos sabemos que por essa via podem demorar Anos ou Décadas até que se consiga a sua construção. Nestas coisas, é preciso ser-se um pouco “cigano”, ou seja á que negociar com alguém, obter fundos, estabelecer parcerias, etc…para se conseguir encurtar ao máximo os tempos de espera.
Temos o exemplo do melhor Município do País para trabalhar ( Oeiras), em que o Sr. Isaltino negoceia com os grandes construtores as obras envolventes ás novas Urbanizações (estradas, passeios, jardins, estacionamentos, etc…) que deveriam ser pagas e executadas pela Autarquia, e passam a ser os Construtores a fazê-las, por troca de menos tempo de espera das autorizações para construir, etc… etc…
Outro exemplo, são as aberturas dos novos Postos de Combustíveis, em que desde 2008, só podem abrir se doarem 1 cêntimo por litro das vendas para a Corporação de Bombeiros mais próxima, por tempo ilimitado. Entre outros belos exemplos, que não á espaço para os descriminar.
É isto, que hoje em dia é preciso fazer, ter alguma habilidade para conseguir dinheiro extra e de forma legal, porque a depender de Socialistas exclusivamente, é o que temos á vista…miséria atrás de miséria.
Senhor Paulo Leitão Batista:
As melhores saudações.
Não tenho o prazer de o conhecer pessoalmente, nem tenho referências sobre a sua personalidade.
Mas, muito sinceramente, tenho de lhe apresentar as minhas felicitações pela forma tão clarividente como aborda no seu artigo a ligação do Sabugal à A23.
Foi um regalo ler o seu escrito. Até por isso valeu a pena conhecê-lo, ainda que só por esta via.
Estamos muito sintonizados na defesa do nosso interior profundo.
Quando vier a Monsanto – aldeia a que alguns ainda chamam de mais portuguesa – será um grande prazer recebê-lo e cumprimentá-lo.
Ao seu dispor os meus modestos préstimos.
Henrique Manuel
Assino por baixo do “post” e da opinião do senhor Gaspar . O Manuel Rito tem razão em defender a vitalidade da obra para o concelho, mas não na sua realização a todo o custo, hipotecando as receitas e futuros compromissos do município.
O que diz o Sr. Manuel Rito não se pode escrever.A Câmara, Presidente incluido andou muito bem ao suspender esta loucura. Somos um concelho de gente ponderada e inteligente que não pode hipotecar o seu futuro com projectos megalómanos (na perspectiva do município). A estrada é util e necessária, devemos exigi-la do poder central, mas não podemos avançar às cegas , numa atitude de verdadeira ruína para o concelho.O Sr. Manel Rito tem que respeitar as decisões da gente sensata.
Antero Gaspar