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14 Fevereiro 2011

E se fosse mais terra-a-terra?

Por João Aristides Duarte
João Aristides Duarte
Música, Nacional / Internacional, Política, Política, Políticas..., Soito deolinda, joão aristides duarte 4 Comentários

Confesso que não compreendo o frenesim que vai por aí por causa da canção «Parva que sou», dos Deolinda. Deve estar a ficar «bota-de-elástico», mas não penso que essa canção seja assim tão interessante ou, como o cronista sr. Ramiro Matos lhe chamou aqui no blogue, uma das grandes canções deste século que irá «mexer» com muita gente.

«Parva que sou» – Deolinda

Acho os Deolinda um fenómeno de moda, que até poderá durar muitos anos, mas não terá, nunca o impacto de um José Afonso na sua importância, tanto musical como poética (analisando-o, apenas, no seu prisma de cantor de intervenção).

Embora seja do século passado, muitas das canções (de intervenção) do Zeca Afonso mantêm-se actuais e são, constantemente, recriadas por músicos das novas gerações.

Não estou a ver o José Afonso a escrever uma letra com os versos «Sou da geração sem remuneração e não me incomoda esta situação, porque isto está mal e vai continuar» ou «Sou da geração ‘vou-me queixar para quê’?», como está em «Parva que sou», uma vez que ele dizia, sempre, que as pessoas deviam lutar e «criar desassossego» e não resignarem-se, como me parece ser a interpretação da letra da canção dos Deolinda (mesmo que seja de uma forma irónica). Pessoalmente gostava mais de um grupo que a Ana Bacalhau (vocalista dos Deolinda) tinha antes, chamado Lupanar, que trazia propostas bastante mais inovadoras e criativas.

Descendo mais à terra, e sendo ainda mais «bota-de-elástico», anda por aí um tema de Paco Bandeira (com vídeo no youtube), que parece que nunca passa nas rádios, num estilo musical a imitar a chula, que também é de intervenção, e, quanto a mim retrata bem melhor a realidade portuguesa, destes tempos. A sua letra reza o seguinte:

Viva Portugal do «deixa andar»
Viva o futebol cada vez mais
Viva a Liberdade, viva a impunidade
Dos aldrabões quejandos e que tais
Viva o Tribunal, viva o juiz
E paga o justo pelo pecador
Viva a incompetência, viva a arrogância
Viva Portugal no seu melhor
Viva a notícia, da chafurda social
De que o Povo tanto gosta
Espectáculo da devassa Refrão
Viva o delator sem fuça
É a morte do artista
Viva a «petineira» do «show-off»
Dos apresentadores de televisão
Viva a voz do tacho
De quem vem de baixo, do chefe do ministro ou do patrão
E viva a vilanagem financeira
E a licenciatura virtual
Viva a corretagem, viva a roubalheira
Viva a edição do «Tal & Qual»
E viva a inveja nacional
Viva o fausto, viva a exibição
Da dívida calada, que hoje não se paga
Mas amanhã os outros pagarão
Viva a moda, viva o Carnaval
Como uma ilusão, larilolé
Viva a tatuagem, brinco à «bebunagem»
Que vai na Internet e na TV
Calem-se o Cravinho e o bastonário
O Medina, o Neto e sempre o Zé
Viva o foguetório, conto do vigário
Que dá p’ra Aeroporto e TGV
Viva o mundo da publicidade
O «share» ou não «share» eis a questão
O esperto da sondagem, o assessor de imagem
Viva o fazedor de opinião.

:: ::
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Membro da Assembleia Municipal do Sabugal)

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João Aristides Duarte
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4 Comments

  1. João Aristides Duarte João Duarte Responder
    Segunda-feira, 14 Fevereiro, 2011 às 18:39

    Caro Ramiro Matos:
    Exactamente por a importância de uma canção de intervenção não se medir pela qualidade é que eu resolvi colocar aqui a do Paco Bandeira. É bom que se diga que José Afonso considerava como o seu melhor álbum o “Com as Minhas Tamanquinhas” de 1976, onde (curiosamente) participa Quim Barreiros, apesar de ser o disco mais intervencionisma de toda a sua carreira. Ouvido hoje até é muito bom, com muita qualidade, mas na época foi considerado por um painel de críticos de música (na ressaca do 25 de Novembro) como o pior disco do ano da música portuguesa de 1976.
    Sobre Abrunhosa: no tempo do Cavaco era uma coisa, ultimamente ,e desde há uns anos, deixou de ter qualquer interesse, pelo menos para mim.

  2. Ramiro Matos Ramiro Matos Responder
    Segunda-feira, 14 Fevereiro, 2011 às 17:11

    Caro Joao Duarte

    Como dizia na minha escrita, nem gosto dos Deolinda, nem acho que venham a ter grande lugar na história da música portuguesa.
    Tambem nao gostei da celebre canção do Abrunhosa, mas isso nao lhe retirou a importância no tempo do Cavaco.
    Como também nao gostei dos cus a mostra de alguns estudantes, mas nao lhe retiro a carga política que aquele momento assuimu.
    E foi isso que quiz dizer quando referi a importância desta canção dos Deolinda.
    Quer se queira, quer nao queira ela vai ser o hino de muita juventude portuguesa e já está a ser utilizada no debate político de uma certa esquerda.
    E permita-me que lhe diga que a importância de uma música de intervenção não se mede pela qualidade da mesma mas pela capacidade que tem de motivar as massas, como muito bem sabia o José Afonso.

  3. Avatar vitor coelho Responder
    Segunda-feira, 14 Fevereiro, 2011 às 11:10

    Meu Caro João Duarte
    Não se preocupe. Tal como nós, existem, nesta matéria, muitos “botas de elástico”, se não mesmo a maioria.
    Mas, por favor, não meta no mesmo saco o Zeca Afonso. Nem mesmo só para dizer que este não tem nada a ver com “Deolindas e outros que tais”. Aquele abraço. VC

  4. Avatar CLEMENTE Responder
    Segunda-feira, 14 Fevereiro, 2011 às 9:53

    Boa!! esta sim, é cá das minhas!! vamos lá ver se vai passar na censura…

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