O mundo do ballet nunca foi tão perturbador como no mais recente filme de Darren Aronofsky.

Protagonizado por Natalie Portman, «Cisne Negro» é a história de uma bailarina que conquista o papel principal no célebre «Lago dos Cisnes»: a Rainha dos Cisnes. O filme começa praticamente quando Nina é escolhida para o papel e vai até à sublime actuação final.
Pelo meio vamos acompanhando a jovem bailarina, que vai sucumbindo aos poucos à pressão. A pressão da mãe controladora, do encenador que recorre ao imaginário sexual para a ajudar a libertar-se, da antiga bailarina estrela da companhia (uma Winona Ryder como há muito não se via) que se vê ultrapassada pela idade e de uma estranha colega que chega de fora para se tornar a grande rival de Nina.
É sobretudo a relação entre as duas colegas que torna «Cisne Negro» tão perturbador, pois nunca chegamos a perceber se tudo o que se vai passando está mesmo a acontecer ou é fruto da imaginação de Nina.
Darren Aronofsky consegue filmar muito bem as cenas dos bailados e a diferença entre as duas protagonistas: uma sempre de branco (a angélica Nina) e outra sempre vestida de negro (a diabólica Lily). Mas o filme é todo de Natalie Portman, que consegue uma das suas interpretações mais assombrosas de sempre. A personagem de Nina, com as suas alucinações e as pressões de tudo o que a rodeia, vê-se à prova por diversas vezes o que acaba naquele final, muito semelhante ao que o realizador nos tem habituado.
Não há heróis nos filmes de Aronofski e Natalie Portman é bem capaz de estar a caminho de vencer a sua primeira estatueta dourada, apesar da concorrência de peso.
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«Série B», crónica de Pedro Miguel Fernandes
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