O comerciante Arménio Candeias, com casa aberta no Sabugal, foi à reunião de câmara realizada no dia 5 de Janeiro, criticar a realização da Feira Outlet na cidade raiana nos dias 11 e 12 de Dezembro de 2010, evento que considera ter prejudicado seriamente o comércio local.
O facto de não ter sido exigida qualquer licença ao promotor do evento, nem qualquer taxa de ocupação do espaço aos expositores que vieram à feira, ao contrário do que sucede com os feirantes que vêm ao mercado, foi o argumento para Arménio Candeias considerar que houve um tratamento de favor em prejuízo dos comerciantes locais.
O comerciante sabugalense confrontou o presidente António Robalo com esta injustiça de um feirante ter de pagar para estar na rua, sujeito às condições climatéricas, enquanto que o promotor da Outlet veio para um local coberto sem nada pagar. Falou também do seu próprio exemplo enquanto comerciante, que paga licenças, incluindo o toldo que tem na via pública, assim como os demais comerciantes do concelho, sem que a Câmara lhe preste qualquer apoio. Em suma, para o comerciante, o Município prejudicou fortemente o comércio local, quando antes o devia defender para que os empresários não tenham de fechar os negócios e abandonar o concelho.
O presidente respondeu ao comerciante informando que a empresa municipal Sabugal+, que organizou o evento, tratou de tudo através de um promotor que por sua vez convidou os expositores, tendo sido cobrado 1 euro por entrada, facto que rendeu uma verba suficiente para custear algumas despesas com a realização da feira. Para António Robalo o evento visou dinamizar o concelho, o que foi conseguido com a vinda de cerca de três mil pessoas à feira, o que considerou ser bastante significativo.
Capeia Arraiana falou com Arménio Candeias, que nos referiu ter-se envolvido nesta batalha pensando no Sabugal, dando a cara não apenas por si, mas também pelos restantes comerciantes que se sentem prejudicados. «Todos os comerciantes sentiram na pele os efeitos desta asneira da Câmara, que prejudicou o comércio local», disse-nos.
O empresário não nega o interesse na realização de feiras de saldos, mas para isso o Sabugal tem comerciantes que podem aderir a essas iniciativas, sem que seja necessário chamar empresários do Porto que vêm aqui vender os seus produtos sem nada deixarem ao concelho.
«Ao contrário daquilo que foi afirmado pelo presidente da Câmara, não estiveram no Sabugal três mil pessoas, quanto muito estiveram umas centenas, pelo que a iniciativa, a esse nível, também não foi o sucesso que querem fazer passar», disse-nos o comerciante Sabugalense. «Mas se o que importa é trazer muitas pessoas ao Sabugal, então a Câmara que delegue em mim essa função, pagando as iniciativas. Se querem trazer cinco mil pessoas, eu contrato o Tony Carreira, se querem 10 mil então chamo a Shakira, se querem muitas dezenas de milhares então chamo os U2. O que interessa não é a quantidade de pessoas que vêm ao concelho, mas sim o que vêm cá fazer e o benefício que isso nos traz».
Arménio Candeias promete não baixar os braços nesta luta: «a Câmara foi eleita para defender os sabugalenses e eu estou a demonstrar que, neste caso, não é isso que está a fazer.»
A feira Outlet realizada no Sabugal nos dias 11 e 12 de Dezembro, no pavilhão municipal, seguiu-se a uma outra realizada no Soito, em Agosto, no Centro de Negócios Transfronteiriços, e destinou-se à promoção da venda de roupas de qualidade a preços de saldo.
plb
Vão assanhadas as coisas por aqui.
A Câmara decidiu fazer um “outlet”, seja lá isso o que for, e permitiu a uns quantos empresários do sector do comércio, desfazer-se de mais uns quantos “monos” que não venderiam de outra forma.
Acarinhou-os,ofereceu-lhes condições atraentes, e eles aqui vieram, tirando o seu lucro.
Pel que se sabe, não pagaram nada, ou pouco pagaram, para desenvolver a sua actividade.
Ao mesmo tempo, comerciantes com estabelecimento aberto no Concelho queixam-se que não tiveram as mesmas regalias.
Se assim foi, a lei da concorrência foi adulterada e os comerciantes como o Sr. Arménio e o Sr. Carlos Alberto tiveram razão nas suas queixas.
Mas do que aconteceu devem tirar-se lições:
1. A Câmara tem de perceber que o comércio tradicional não serve só para pagar impostos e licenças, mas é um elo fundamental na qualidade de vida de todos os que moram no Concelho;
2. Os comerciantes têm de deixar de olhar para o seu umbigo e perceber que, de uma vez por todas, têm de se unir e lutar pelos seus interesses Não basta dizer que não são apoiados, tem de ser eles a apoiar-se nelesmesmos.
3. Não vale a pena olhar para os comerciantes e dividi-los entre os “nossos” e os “outros”. O Sr. Carlos Alberto” é da oposição, mas o Sr. Arménio deixou de ser dos “nossos” para passar a inimigo? Ou já não se pode ter uma posição contrária à do poder no Concelho?
Maria Rodrigues
Os comerciantes locais que se organizem… Certamente a autarquia os ouvirá em futuros eventos, se tiverem uma voz.
A ideia dos eventos é beneficiar e dinamizar a economia local, não é? Por isso têm de ser realizados de forma a que beneficiem o maior número possível de agentes económicos locais; nunca prejudicá-los. É preciso ter em atenção este pormenor quando se organizam…
É urgente que se realize uma reunião entre os comerciantes de Sabugal!
Reunião essa, que na minha opinião devia ser marcada e orientada pela Câmara.
A posição que o Sr. Arménio Candeias tomou, foi uma atitude de coragem, que serviu para alertar que há problemas.
Problemas há, na maioria das áreas de negócio e por isso, aberta a todos aqueles que queiram participar.
Individualmente está provado que a mensagem não passa e há sempre várias interpretações, como as que se lêem nos outros comentários.
Certa de que a Câmara está a tenta e que contribuirá para melhorar a situação, subscrevo-me como cidadã e como proprietária da Casa do Castelo!
Natália Bispo
Natália Bispo
O comentário do Sr Américo Soares elucidou-me acerca da perspectiva da Câmara: o futuro do Sabugal e do concelho passa por lojas chinesas abertas 24 horas, um mercado de levante cada par de dias e uma feira outlet cada mês. O consumidor ganha e a câmara também, pelo menos com as licenças e taxas aplicadas às lojas e aos feirantes (nesta matéria o Outlet é vaca sagrada).
E eu pergunto: o que acontecerá ao nosso comércio tradicional e aos nossos logistas e seus empregados?
Julgo que sei a resposta: alugam os estabelecimentos aos empresários chineses e dão de frosques à procura de outra terra onde possam montar o negócio.
Está na ordem do dia a questão do apoio ao comércio tradicional, para que não morra, com as câmaras municipais de todo o país empenhadas em encontrar soluções, mas no sabugal já se tomou a opção de dar essa luta por perdida. Venham as Outlet’s, os centros comerciais, as lojas chinesas, as marroquinarias, as tendas dos feirantes errantes, as carrinhas de congelados, os petroleiros e azeiteiros de antigamente e corram com os logistas sabugalenses, que toda a vida foram a imagem da seriedade e da confiança para com os seus clientes.
Caro Arménio
Caso não tenha percebido estamos no século XXI.
Há cerca de 15 outlets todos os meses no Sabugal sob a forma de mercados com comerciantes que vêm de fora do concelho.
Os argumentos dos pagamentos das licenças apenas o convencem a si.
Apenas ficou por saber o que pensa dos comerciantes chineses que estão abertos todos os dias, dormem nas lojas e vendem roupa por preços imbatíveis.
Mas, possivelmente, o seu problema não está na política da câmara mas sim na forma como gere a sua “montra”.
Desejo-lhes votos de bom negócio mas penso que é tempo modernizar a forma como vende os seus produtos na sua loja que até está muito bem localizada.
A concorrência é importante, mas para que seja verdadeira todos os concorrentes têm de jogar com as mesmas regras. O que o Sr Arménio contesta, se bem percebi, é que se acolham no Sabugal negociantes que disputam o mercado em condições mais favoráveis, ou seja, sem lhes exigirem o pagamento de licenças e de taxas de ocupação do espaço.
Claro que o consumidor sabugalense fica sempre a ganhar, só que se o comércio local fechar então temos de ir à Guarda comprar roupa de qualidade ou esperar pelo dia do ano em que a Outlet se realiza.
As Câmaras tem de defender o comércio local, sob pena de assistirem à completa desertificação humana dos territórios que administram.
O Sr. Candeias queria vender mais e foi prejudicado. Ponha os preços mais baixos, ninguém pode ir comprar à sua loja com os vencimentos que temos. Arranje preços mais acessíveis e verá como arranja mais clientes. Além do mais passa-se na rua e a sua montra está destualizada e não chama a atenção os clientes. É muito bom que o Sabugal tenha destes eventos como a feira Outlet onde as pessoas vêem coisas novas , diferentes a bons preços.
Compreende-se as razões do Sr. Candeias, mas uma coisa não se pode esquecer, que é do Sr. Consumidor! A exclusividade dos negócios já acabaram á muito, e ainda bem. Tem que haver concorrência leal para bem dos consumidores, porque estes também pagam impostos e muitos. Se um café pode abrir ao lado de um outro jà existente, està tudo dito…é a lei da concorrência.