Vou transcrever umas palavras que vinham no Diário Económico em Outubro do ano passado, e que foram escritas por um tipo chamado Pinto Castro. Nelas está contida a verdadeira e pura ideologia Neoliberal.

«A Democracia é a suprema superstição contemporânea (…) Estou seguro que se estivermos governados por sábios insensíveis aos gritos da rua, um futuro brilhante nos espera. O Mundo é demasiado complexo para admitir que as empresas dependam dos caprichos dos ignorantes eleitores, em grande medida os parasitas do Estado de Bem Estar. Talvez haja trabalho para todos, mas a verdade é que nem todos querem trabalhar.
Talvez alguns se sintam ofendidos com as desigualdades económicas, mas temos de recompensar o mérito. Os que estão a mais ver-se-ão obrigados a aceitar que, como o reverendo Malthus proclamou de maneira sucinta «não há lugar para eles no banquete da natureza».
O que acabou de ler querido(a) leitor(a) é uma apologia à escravatura, é uma violência psicológica própria de um nazi. Dirão os politicamente correctos que isto não passa de uma diatribe a que ninguém passa importância. O grande problema é que esta diatribe nos tempos que correm torna-se auto-reprodutiva e vírica. Os portugueses e, não só, já sofrem no corpo e na alma a prática deste teórico nazi. Vejamos: Em Portugal, o salário mínimo REAL no ano de 2010 foi aproximadamente 15% mais baixo do que em 1974. Um em cada três portugueses ganha menos de 500 euros mensais, um milhão de trabalhadores.
Aproximadamente 85% dos pensionistas portugueses vivem com 360 euros mensais, ou seja, 1 milhão e 900 mil portugueses. Cerca de 50.000 pessoas passam fome em Portugal. A pobreza, segundo o INE, atinge 20% dos portugueses, haverá portanto em Portugal 2 milhões de pobres, cifra esta que irá aumentar, porque em 2011 teremos os 200.000 desempregados sem protecção social.
Na Inglaterra, a velha Albion, poderosa e rica, exemplo de modernidade e progresso, o governo irá retirar uns 9 mil milhões de euros da protecção social, o que vai dar origem a mais de 1 milhão de novos pobres nos próximos três anos. Como será numa Grécia? Numa Roménia? Numa Irlanda ? E noutros…
Os povos europeus têm de rebelar-se contra estas oligarquias financeiras, económicas e, também contra os políticos que as seguem cegamente. É inadmissível que as bolsas de valores, os bancos e as grandes empresas decidam quem deve viver e quem deve morrer.
Zapatero em Espanha retirou 460 euros mensais aos desempregados de longa duração (os mais idosos que têm dificuldade em encontrar trabalho) só por essa medida, a Bolsa de Madrid subiu!!! Esses mesmos especuladores estão a atacar presentemente as colheitas e reservas de trigo e milho a nível mundial, irão jogar o seu valor na bolsa, e decidirão o preço a que deve ser vendido o trigo e o milho, ou seja, só comerá quem eles quiserem, como? Basta aumentar os preços, e os povos do terceiro mundo, e não só, deixarão de comer o trigo, o milho e seus derivados, em suma, o pão!
Temos de lutar contra estes totalitarismos. Há políticos, mercados (banqueiros e grandes empresários) que deviam ser julgados em tribunais especiais. Não se criou o tribunal de Nuremberga para julgar os crimes nazis? Não é crime lançar seres humanos no desemprego, na pobreza e na fome? Sem trabalho e sem pão não há futuro.
Há uma coisa que não convém esquecer: «A violência é a parteira da história!»
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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Marx é que dizia: «A revolução é o motor da história»… Será?
Caro Sr. António Emídio, havia necessidade?!!
As suas crónicas são expressões claras do seu pensamento. E ainda bem!
Cumprimentos
É da discussão democrática e aberta que saem conclusões válidas para a sociedade. Haja mais poisos como a crónica do “Passeio pelo Côa”, não para contar armas e levantar barricadas, mas para marcar posições e esgrimir argumentos como, aliás, tem acontecido.
Meus Amigos:
A minha luta ideológica tem como meta a DEMOCRACIA SOCIAL, ou O SOCIALISMO DEMOCRÀTICO. Não sou contrário ao direito de propriedade, também tenho propriedade,sou contrário ao direito de alguma propriedade. Não posso conceber que alguém com uma fortuna avaliada em perto de 500 milhões de euros, tenha pessoas que trabalham para ele, com ordenados de 460 euros mensais,trabalhando 14 e mais horas diárias.
E quanto aos nazismos, estalinismos e maoismos, nada quero com eles. Mas digo o seguinte: todas as Terças-Feiras leio uma crónica num jornal nacional, de um homem que foi ministro de Salazar. Se a leio é porque gosto de a ler. Esse homem tem mais sensibilidade social e ecológica, referente ao meio ambiente, do que muitos democratas da nossa praça.
Gostava de ter a coragem de um homem que foi Che Guevara, não para implantar ditaduras, mas este homem chegou ao sacrificio supremo ao lutar por um ideal. É algum crime gostar de ter uma coragem assim para lutar pela justiça social?
E agora outra coisa: não houve e, há quem lute contra o Estalinismo? Contra o Fachismo? Contra ditaduras? Não posso lutar contra o Neoliberalismo que considero um dos regimes politico/económicos mais perversos e que mais injustiça social gera?
Acabei de fazer uma espécie de streep tease, já viram agora quem eu sou ideológicamente?
Caro sr. António, a verdade é que todos os cidadão somos chamados para combater as injustiças, como o vem fazendo aqui. Não concordo, apesar de reconhecer no liberalismo económico muitas virtudes, com o desprezo pelos menos desafortunados e pelo comodismo com que a maior parte da sociedade olha os que vão caindo em mais uma crise financeira, decerto menos violenta se a sociedade fosse mais solidária e menos amedrontada pelo futuro.
Nazis há infelizmente muitos, mas quem matou pela fome foram outros. Estaline matou milhões na Ucrânia e Mao Zedong mais uns milhões no seu grande salto em frente. Infelizmente estes genocidas também não foram a tribunal.
Concordo contigo, caro Emídio. Esta corja (não tem outro nome) está a dar cabo de tudo.
Já o sr. Meliço, quem o ler fica com a ideia de que é um dos homens do grande capital em Portugal. Esteja descansado, que não é do grande capital, sr. Meliço. Tenho a certeza que o senhor não é rico. Quando o Emídio escreve sobre ricos, não se refere a si.
Não é a si que se dirigem os escritos do António Emídio. Esses escritos têm outros alvos.
Mas, já agora, sr. Meliço: não se deve acabar com os pobres? Devem ficar sempre pobres e os ricos cada vez mais ricos?
Esta é a diferença de duas posições ideológicas antagónicas, mas que existem, porque a desigualde existe.
É verdade que nem tudo é perfeito quer os que têm o capital quer os que não têm.
Pelo seu ponto de vista, a culpa é dos ricos e por isso deveriamos acabar com eles e talvez passar todos a pobres.
Também é muito facil criticar o que deveriam e não deveriam fazer os outros, e esquecemo-nos de fazer a nossa parte para que as coisas sejam melhores para todos.
Se as vossas ideias são tão validas, e acredito que sim, porque é que não criam as vossas empresas, admitem e pagam os ordenados que reclamam aos vossos trabalhadores, fazem a gestão das mesmas, segundo as vossas ideias de economia e tudo se resolverá.
Se fizerem isto, acabamos com o desemprego, com os pobres e com um pouco de sorte… com os ricos também.