Depois das lavras, feitas com recurso ao arado ou à charrua, o lavrador antigo gradeava a arada para desterroar e alisar o campo. A sementeira estava feita e a semente começava a germinar, dando-se assim início a um novo ciclo de produção agrícola.
O alisamento da terra fazia-se com recurso a uma alfaia bastante singela, chamada grade. Constava fundamentalmente de dois barrotes de madeira, fortes e toscos, chamados banzos, ligados por duas travessas, as testeiras. A meio do quadrado formado pelos banzos e as travessas era normalmente colocado um pau, paralelo aos banzos. Os banzos tinham cravados dentes, geralmente de pau, sendo nalguns casos de ferro.
A grade atrelava-se ao cambão, que era um pau comprido, que por sua vez se ligava à canga das vacas para assim puxarem e arrastarem a grade. Era usual colocar um pedregulho em cima da grade, ou o próprio lavrador equilibrar-se sobre ela, de forma a aumentar o peso e assim exercer melhor a função.
A grade podia ser usada unicamente para alisar a terra, após a sementeira, sendo então «passada» com os dentes voltados para cima. Porém, se o objectivo era desterroar ou encobrir semente lançada previamente à superfície da terra, então davam-se uso aos dentes que a sulcavam.
A grade de Riba Côa era normalmente formada com dois banzos, mas também havia grades de três e até mais, dependendo do lavrador e da função específica a que se destinava a alfaia.
A grade e o cambão acompanhavam sempre o arado. Quando o lavrador ia jeirar carregava essas alfaias no chedeiro do carro das vacas, juntamente com duas ou três fachas de feno para alimentação dos animais, e metia-se ao caminho. Lavrava pacientemente todo o dia com o arado e, no final, passava calmamente a grade para deixar a terra lisa, mostrando assim o seu esmero no cuido da terra.
Era da lavoura que vinha o sustento da casa e o trato das terras fazia-se com a arte e os cuidados que foram passando de pais para filhos em gerações sucessivas.
Paulo Leitão Batista