Crise! Crise! Crise! Não se fala noutra coisa, apesar de se saber bem quem foram os responsáveis por ela. No entanto querem fazer-nos crer que todos somos responsáveis por aquilo que aconteceu. Todos, todos, mesmo aqueles (que são a larguíssima e esmagadora maioria) nada, mas mesmo nada tiveram que ver com negócios em Bolsa, com especulação financeira ou com verdadeiros abutres que não olham a meios para atingirem os seus fins.

A propósito da tão propalada crise (mas já ninguém se lembra quando Durão Barroso há sete ou oito anos dizia que Portugal estava de «tanga»? – Como estará, então, agora? Só com uma parra ou nem isso?) tudo aparece.
Recentemente, começaram alguns opinion-makers a difundir a ideia que a divisão administrativa de Portugal está ultrapassada e que é tempo de mudar. Segundo eles, em tempo de «crise» (sempre o velho e estafado argumento) não se justifica a existência de tantos concelhos e freguesias em Portugal.
Normalmente esses tais «fazedores de opinião» vivem em Lisboa onde não se nota tanto o sentimento de pertença a um município ou freguesia. Para esses cosmopolitas que, na maior parte dos casos continuam a dizer que «Portugal é Lisboa e o resto é paisagem» (e, em parte, até têm razão – só que eles usam isso depreciativamente em relação a todos os que não vivem em Lisboa), nada seria melhor do que poupar uns «cobres» com a diminuição de concelhos e freguesia, já que para eles será «igual ao litro».
Até dou de barato que nos grandes municípios, como Lisboa, Porto, Sintra, Amadora, etc., não haverá grandes problemas em elaborar um novo mapa de concelhos e freguesias, mas até aí não tenho a certeza.
No resto do país e, sobretudo no Interior, esse sentimento de pertença a um município ou freguesia está bem enraizado e, penso que quem se meter por esses «atalhos» (mudar o mapa dos concelhos e freguesias) mete-se em grandes «trabalhos». Bem se pode dizer que quem se meter por aí irá comprar uma guerra.
O concelho do Sabugal tem 40 freguesias. Se, por hipótese, se mudasse o mapa das freguesias para ficar só com 25 freguesias, quais seriam as freguesias que estavam dispostas a ser incorporadas noutras? E, em relação aos concelhos: se o concelho de Almeida fosse integrado no concelho de Sabugal (mera hipótese académica) o que diriam e fariam os de Almeida a propósito dessa «anexação»? E se o concelho do Sabugal fosse «anexado» pelo concelho da Guarda, o que aconteceria?
Claro que quem diz isso está a contar com o estafado argumento de sermos um país de «brandos costumes» e toda a gente se resignaria àquilo que os «bem-pensantes» ditassem.
Acredito que os portugueses suportam grandes injustiças, sem se revoltarem, achando que nada poderão fazer, mas essa de quererem mudar o mapa administrativo de Portugal, só porque algum iluminado se lembrou que se pouparia dinheiro, não vejo que tenha grande futuro.
Convém, no entanto, estar preparado para continuarmos a ouvir isso, e ainda mais acutilantemente, quando a «crise» se tornar mais perceptível.
Aproveito para desejar BOAS FESTAS a todos os leitores do Capeia Arraiana.
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«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte
(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
Em 28 de Julho de 2010, foi criada a AFRS ( Associação de Freguesias da Raia Sabugalense) que integra Aldeia da Ponte, Aldeia do Bispo, Aldeia Velha, Alfaiates, Fóios, Forcalhos, Malcata, Nave, Quadrazais e Vale de Espinho.
A notícia foi colocada no blogue Capeia Arraiana no dia 30 de Julho de 2010. Existem 7 comentários. Um deles, por sinal o último, foi o meu e, apenas colocado (feito) no dia 03 de Setembro de 2010.
Nesse comentário, além de regozijar e associar a essa ideia de que a “união faz a força”, expressei também um receio, quando afirmei e passo a transcrever: « Mas temo que essa Associação possa vir a ser o “embrião” da “nova” reorganização administrativa que em surdina se começa a falar. O fecho das escolas ocorreu! as aldeias (freguesias) têm cada vez menos população residente (eleitores) e assentando o meu raciocínio na “preocupação economicista” dos nossos governantes, não sei o que lhes possa vir a passar pela cabeça.
Oh! quanto gostaria de “estar errado” no meu raciocínio! Não acredito em bruxas, mas que “las hay, hay!”.
Entretanto outras “perfomances e nuances” se ensaiam! Novos episódios dessa “novela” vão acontecendo! É uma questão de tempo e oportunidade! Enfim, c´est la vie”!
Para todos os naturais e amigos do Concelho do Sabugal votos de Boas Festas, Feliz Natal e um Próspero Ano de 2011.
Caro sr. Clemente:
Eu nunca escrevi que as Assembleias (os Governos não são eleitos, como deve saber, mas sim escolhidos tendo em conta os resultados eleitorais) não foram eleitas pelo Povo tendo, portanto, toda a legitimidade, sendo de direita ou da esquerda (moderna).
O que eu critico é que o sr. Meliço vota nesses que passa o tempo a criticar e a que chama os políticos. E , depois, quer fazer crer que antes de aparecerem os políticos (portanto, suponho que antes de 25 de Abril de 74) estava tudo bem, como se esses que governaram antes de 25 de Abril não fossem políticos. Eu , pelo menos como já aqui referi, nunca elegi um único deputado, com o meu voto.
Sobre a questão do fecho dos serviços(públicos e privados) não significa que juntando as freguesias (ou seja, sendo algumas extintas) isso não acontecesse à mesma. Mas o que eu gostaria de ver aqui eram alguns que se fartam de comentar e nada dizem sobre isto que, repito, está na ordem do dia. Era , portanto, bom vermos o que pensavam certos responsáveis dos partidos políticos aqui do Sabugal no que se refere à extinção de freguesias com menos de 200 eleitores. Eu já escrevi que sou contra.
Mais uma vez votos de Feliz Natal
Sr. Duarte: quando apoio as fusões, não é para poupar uns Euros ao Governo. É para dar uma melhor qualidade de vida ao povo. Como sabe e melhor que eu, devido às suas responsabilidades políticas, nas mini-freguesias vão sendo extintos multibancos, farmàcias, escolas, centros de saúde, etc… ficando apenas umas tasquitas e pouco mais. O que obriga a deslocações muitas vezes longínquas para ter acesso a um Médico ou a uma farmàcia, que na sua maioria são pessoas Idosas e com dificuldades.
Pode me chamar radical, mas freguesias com menos de 200 eleitores deviam ter uma fusão administrativa obrigatória.
Mas, nem tudo são discordâncias das suas ideias. Concordo plenamente com a resposta que deu ao Sr. Meliço na questão dos Governos de direita pós 25 de Abril. Mas, uma coisa não nos podemos esquecer: foram sempre eleitos democràticamente pelo povo. Não podemos nós (minoria) colocar no poder quem queremos.
Aproveito para endereçar um Feliz Natal ao Sr. Duarte, aos Responsàveis deste Blogue e a todos os Bloguistas. J.Clemente.
Para o sr. Meliço:
“Esses problemas foram criados com a introdução dos políticos no sistema”- isto quer dizer o quê?
Eu já escrevi uma crónica neste blogue onde referi que, mesmo depois do 25 de Abril e durante anos, os Presidentes de Junta de Freguesia não recebiam numeração pelo seu cargo. Significa isto que escreveu que foi, portanto, pela culpa do PS, PSD e CDS (os únicos partidos que estiveram no Governo nestes anos todos , desde que se começou a pagar uma remuneração aos Presidentes de Junta de Freguesia) que isto aconteceu?Ou foram os tais que nunca estiveram no Governo e nem tiveram maioria na Assembleia da República para aprovar estas leis que têm culpa do que se passou?
Ou seja, isto tem uns culpados. Não me diga que foi por causa do 25 de Abril que isto aconteceu, porque essa conversa já é velha.
É que é muito bonito criticar os políticos (e eu, sabe-o bem, sou um POLÍTICO e faço gala de o ser) . Não me venha dizer que um Presidente de Junta de Freguesia antes do 25 de Abril ou mesmo depois (até à época em que foi introduzida a remuneração aos Presidentes de Junta) não era político. Porque o era. E isto nada tem a ver com a envolvência de dinheiro nisso. Não acredito que nenhum cidadão do concelho do Sabugal aceite que a sua freguesia deixe de o ser para se juntar a outra. Quem quer passar de cavalo para burro?
Para o sr. Clemente:
Confesso que foi, realmente, o seu comentário num “post” de há um mês(mais ou menos) que me despertou para isto. Mas não tenho como alvo pessoas. O que eu posso ter como alvo são políticas ou discussões políticas. Neste caso, tentei só dizer que acho que o sentimento de pertença a uma freguesia (por pequena que seja) está enraizado no Interior do país, muito mais que em zonas do Litoral, onde grande parte da população tem origem no Interior. E , nesse caso, as freguesias e concelhos do Litoral dizem muito menos aos residentes.
Acha portanto que os de Vale de Espinho aceitaram de bom grado pertencer a uma freguesia chamada Foios/ Vale de Espinho ou Vale de Espinho/ Foios? Tenho para mim que só a discussão de qual o nome a colocar em primeiro lugar daria “pano para mangas”. Lembra-se, há muitos anos, do caso ” Barragem Crestuma /Lever” ? Nem sequer se tratava de mudar o nome da freguesia, mas sim o nome da barragem. E porque é que a Estação da CP do Barracão se chama Sabugal e nunca se passou a chamar Barracão? Embora os do Barracão colocassem na torre de água o nome Barracão, oficialmente continua a ser a Estação de Sabugal.
Sempre lhe direi que eu discordo das fusões, não acho que isso resolva nada e por isso chamei à minha crónica “Quem quer comprar uma guerra?”
Também concordo com os Plenários, nas freguesias mais pequenas. Está bem assim, na minha opinião.
Para os dois comentadores desejo BOAS FESTAS
Sr. Duarte: não sei se me tem como alvo nesta sua opinião, mas isso para mim é irrelevante. Apenas quero aclarar, que quando falei na fusão de freguesias e concelhos não me referi à sua extinção do nome. Veja este exemplo, meramente académico: fusão entre Fóios e Vale de Espinho. Não se iria chamar a toda esta àrea geográfica Fóios. Mas sim freguesia de Vale de Espinho/Fóios ou vice-versa. Mas também lhe dou exemplos fora da Metrópole: freguesia de Gâmbia-Pontes-Alto da guerra (Distrito e Concelho de Setúbal) entre imensos casos que existem no País. Penso ter esclarecido algum equívoco deixado antriormente. Também tenho uma certa curiosidade e talvez alguns Bloguistas também, se o Sr. concorda com os Plenàrios, como aconteceu em Forcalhos (penso eu) nas últimas eleições? e se nesses casos discorda ou concorda das fusões tal como eu supra expliquei.
Não queria terminar, sem dizer o seguinte: o que seria deste Blogue sem os tais ««fazedores de opinião»»?? ou estamos em algum País Vermelho e eu não sei…
Por normas, nós os Portugueses, sempre tivemos muito o sentido de posse e posição e nomeadamente nas Aldeias as questões de partilha de terras e de limites de Freguesias sempre foi muito complicado.
Antigamente estas questões de redução de Freguesias não se punham em causa porque não havia dinheiros envolvidos. Esses problemas foram criados com a introdução dos politicos no sistema e agora como os dinheiros nunca são suficientes para pagar as alcavalas deles, e como não têm engenho nem arte para encontrar soluções alternativas, tentam reduzir os custos cortando em tudo que era apoio sobretudo na Provincia.
Mas também, com um pouco de bom senso e vontade, seria possivel fazer algumas arrumações entre Freguesias, sobretudo as mais pequenas, sem daí viessem grandes prejuizos para as mesmas.
Para que esta e outras medidas do genero possam ser aceites, é necessario que os exemplos venham de cima e que se comece pela junção nas Cidades e sobretudo pela redução de vereadores politicos, acessores, adjuntos, etc…
Um Bom Natal para todos