O assador gigante de castanhas, que a Junta de Freguesia dos Fóios encomendou a um serralheiro de Aldeia Velha, vai até Salamanca, à feira Ecoraia, onde servirá para assar um magusto à portuguesa, que certamente maravilhará os visitantes do certame.
Haja saúde e coza o forno, diz o povo quando tem de se abstrair do acessório, apegando-se ao fundamental. A maior riqueza é o vigor físico e mental, que se obtém primeiramente pela abundância de alimento, desde sempre simbolizado pelo pão. Este sentir era mais vivido nos tempos que já lá vão, quando as nossas aldeias andavam prenhes de gente.
Para que o pão chegasse ao forno era necessário semear o cereal, ceifá-lo no tempo certo e carrejá-lo para a eira onde seria debulhado. A malha, assim se chamava à debulha, era efectuada à custa de força braçal, numa operação que juntava dezenas de pessoas na eira, em árdua e afanosa tarefa. A eira era, via de regra, património de toda a comunidade, usada em adua, segundo regras seculares que todos respeitavam. Em terras pedregosas, onde campeavam os grandes afloramentos graníticos, a eira era uma laja comprida e algo nivelada. O barroco servia de tapete aos molhos de cereal, que eram desatados pelas mulheres e dispostos em fila, com as espigas ao léu, voltadas para o centro. De volta os homens formavam duas alas e manejavam ao desafio o mangual, instrumento de madeira com que sovavam as espigas para que o grão se libertasse.
Em terras menos propensas ao lajedo, a eira era em qualquer lugar, ainda que fosse um lameiro, adaptado ao efeito durante esta fase. Claro que a laja ajudava à função, mas na sua falta a malha não deixava de se realizar, preparando-se de forma conveniente outro local para esse mesmo efeito.
O trabalho nas eiras era duro, mas de forte vivência colectiva. Era para lá que confluía o povo da aldeia durante todo o mês de Julho. Trabalhava-se duro, em sistema de ajuda mútua, e comia-se em abundância, sendo também muito o vinho que corria dos garrafões e borrachas para o bucho dos malhadores. Cantava-se ao desafio e dançava-se no final das jornadas, quando alguém burilava modas em acordeão ou em realejo. Bastas vezes a eira era local de contenda, sempre que zangas e rivalidades vinham à tona, instigadas pelo muito vinho emborcado, britando os pírtigos algumas cabeças.
As eiras, hoje abandonadas, estão em algumas povoações a ser destruídas. As lajas têm sido estoiradas para uso na construção. Nalguns casos foi sobre as pedras das eiras que se ergueram novas casas, num tremendo ataque ao património popular que cada aldeia deve preservar.
Paulo Leitão Batista
A freguesia acastelada de Vilar Maior, no concelho do Sabugal, é uma terra com séculos de história. No dia 5 de Dezembro foram comemorados os 500 anos do Foral Manuelino de Vilar Maior. Reportagem de Sara Castro com imagem de Sérgio Caetano da Redacção da LocalVisãoTv (Guarda).

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Autoria: LocalVisãoTV posted with Galeria de Vídeos Capeia Arraiana
jcl
A I Feira Eco-Raia decorre no fim-de-semana de 11 e 12 de Dezembro de 2010 no Recinto de Feiras de Salamanca. A organização pertence à organização da Comunidade de Trabalho BIN-SAL (Beira Interior Norte – Salamanca) constituída pelos Municípios do Sabugal, Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel e Trancoso e pela Diputación de Salamanca.
A I Feira Transfronteiriça de Produtores Ecológicos e Artesanais – Eco-Raia – pretende dinamizar o tecido produtivo e a coesão social do território, contando a mesma com a participação de mais de 100 produtores de ambos os lados da fronteira.
Durante a mostra serão distribuídos oito catálogos sectoriais (com uma tiragem de 18 mil exemplares) de produtores ecológicos e artesanais do território da BIN-SAL, como o azeite, vinho, queijo e derivados lácteos, enchidos ou mel a fim de realçar o valor deste tipo de produtos.
No recinto da feira de Salamanca realizar-se-ão acções de promoção económica entre produtores, restaurantes e empresas de distribuição deste tipo de produtos, com o objectivo de delinear estratégias conjuntas para o desenvolvimento do mercado transfronteiriço.
Página Oficial da I Feira Eco-Raia. Aqui.
jcl (com C.M. Sabugal)
Se por acaso eu explorar uma mulher sexualmente e disso ganhar dinheiro, perante a sociedade e a lei, não passo de um sórdido proxeneta. Como se chamam então aqueles que nos seus jornais privados publicitam centenas de mulheres que se prostituem, e disso arrecadam milhares e milhares de euros de lucro? Empresários da comunicação social, nem mais…

O escritor Manuel Poppe esteve no Sabugal, onde visitou o castelo das cinco quinas, o que lhe inspirou a crónica publicada na Página de Cultura do Jornal de Notícias de domingo, dia 5 de Dezembro, intitulada «O Castelo e a Arte».
O escritor de Lisboa, que cresceu e estudou na cidade da Guarda, e que correu mundo enquanto adido cultural em diversas embaixadas portuguesas, começou a sua crónica falando de um outro escritor português que também se maravilhou com o monumento: «Sant’Anna Dionísio escreveu, a propósito do Castelo do Sabugal: “A fisionomia da fortaleza tem a nitidez de uma iluminura de cancioneiro ou livro de horas”. E aponta-lhe a beleza despida e a harmonia que a imponente torre de menagem coroa.»
Manuel Poppe, revela que esteve recentemente na Casa do Castelo, «espécie de centro cultural, que divulga a cidade», onde almoçou com os proprietários, Natália e Romeu Bispo, visitando depois o castelo onde se impressionou com o facto do monumento estar desaproveitado.
«(…) levaram-me ao Castelo. Deslumbrante! E um lugar me impressionou e surpreendeu: o terreiro interior, espaçoso, elegante. Ali, o eco repete as palavras, prova de excelente acústica. Surpreendeu-me saber que pouco o aproveitam para iniciativas artísticas. Aquilo é um anfiteatro grego! Qual a razão do abandono? Tem, aliás, o necessário: palco, bancadas e camarins. Alguma vez o usaram, mas parece que baixaram os braços. Imaginei um ciclo de espectáculos: teatro, cinema, música. Coisa de relançar o Sabugal e atrair gente. Nada tem de impossível, tudo tem de conveniente. É um tesouro a não ignorar. Fico à espera – e serei o primeiro a querer bilhete. Ou aquela Câmara Municipal despreza a Cultura?»
plb