A Covilhã fez 140 anos da sua elevação a cidade, pelo Decreto de D. Luís de 1870. Uma cidade que cresceu, desde a criação dos seus rebanhos, passando pela água das ribeiras até ao fio e ao têxtil, uma cidade lutadora, onde tantos operários deram o seu braço, para que o gemido dos teares fizesse dela a «Manchester Portuguesa». O passado é uma página dourada da história mas o presente mostra nova página de livros no braço ou capa ao ombro, onde muitos jovens dão vida a uma carreira diferente mas igualmente digna. Permitam-me que deixe aqui a minha homenagem a esta cidade beirã.

COVILHÃ – A NOVA FACE
Onde os teares bateram
Onde a sirene tocou
As filas de operários
Entrando e saindo…
Há novo habitar
De livros no braço
Ou capa ao ombro.
É um virar de página
Estratégias, mudar
De lutas, futuros…
É um abrir, renovar
Há novos projectos
Num trocar de valores
De sons, de teares
Esvaecidos no tempo
De cortejos humanos
Que acordavam alvoradas
Sirenes para o almoço
Que já não tocam.
As chaminés fumegantes
Apagaram fumaças
Vielas que se alargam
Em rotundas e praças
Casas velhas
Que desfazem contos
Lendas de outrora
Onde se esconderam fantasmas.
E veio nova hora
De erguer outros muros
De fabricar projectos
Não de fim, mas de mudança.
E fazem história…
O pregão do Leal dos jornais
A chaminé do Mestre Abílio
O Montalto e a «placa».
O Pelourinho só de nome
Também já perdera o coreto!
É a alma da Covilhã
Que muda «O rosto e o resto»
Que toma novos valores
Urbaniza, desafoga
Abre outros horizontes
E se entrega
Num caminho de esperança.
Não renega o seu passado
Vive-se agora outro sabor
Recordar, mas não parar
De progredir, concretizar
Num presente para a história
Dos seus avós nos seus netos!
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«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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