Já um dia escrevi num artigo aqui no Capeia Arraiana que desde finais dos anos setenta tenho ouvido dizer que o sistema de pensões está falido, ou em vias disso.

Foi a partir dessa data, finais dos anos setenta que os países ocidentais se começaram a reger economicamente pela «Bíblia Neoliberal». Neste artigo não vou falar de questões técnicas sofisticadas, nem as sei, do cálculo do valor das pensões e de tergiversações usadas pelos governos para aumentarem a idade da reforma e diminuírem no valor monetário das mesmas.
Assim está a fazer Sarkozy em França e fez José Sócrates em Portugal com toda a arrogância e soberba que os caracteriza. Essa «conversa» de que o sistema público de pensões e aposentações não é viável, tem como objectivo assustar os cidadãos para que estes corram aos bancos e às companhias de seguros comprar um plano de pensões privado. E o grande problema é que a crise financeira afectou negativamente esses fundos de pensões privados, reduzindo o seu valor de uma maneira drástica. Dizem então esses senhores que para melhores pensões no futuro, elas têm de ser reduzidas agora. O que eles querem é pagar menos aos pensionistas que têm planos de pensões privados e, se possível, estes morrerem antes de começarem a receber a reforma.
Resumindo e concluindo, privatizar para o banqueiro ganhar. O senhor George W. Bush diz que o seu maior fracasso nos oito anos que esteve na Casa Branca, foi não ter privatizado a Segurança Social nos Estados Unidos.
E quem faz mais pressão sobre os países para reduzirem as pensões e reformas públicas, é o Fundo Monetário Internacional – F.M.I. – mas os seus funcionários, do F.M.I., têm reformas exorbitantes. Podem reformar-se com 25 anos de serviço e, a maior parte deles têm reformas no valor de 160.000 mil dólares! Vindos como é lógico dos fundos públicos dos países a quem o F.M.I. empresta dinheiro, ou seja, também das reformas e dos salários dos trabalhadores desses países.
Será ou não verdade que quanto mais tarde se reformam as pessoas, mais tarde um jovem consegue um trabalho? O trabalhador já não passa de uma simples mercadoria que se usará até se tornar inservível, depois vai para o lixo. A aposentação para os jovens que hoje estão desempregados e, se algum dia conseguirem emprego, será a antecâmara da morte.
O Estado Social foi, e é, um avanço civilizacional, retirá-lo, destruí-lo será um recuo também civilizacional. As instituições têm de ser justas se querem ser legitimas, as instituições democráticas da Europa e dos seus países, estão a sofrer ataques brutais de uma alcateia de lobos, comandados por Sarkozy e Ângela Merkel, o eixo Franco – Alemão, que representa a ditadura dos mercados e do dinheiro. Sabe uma coisa querido(a) leitor (a)? Nós votamos cada quatro anos, a banca, os especuladores e os mercados votam todos os dias.
A Democracia está ferida de morte e, os cidadãos começam a ter consciência disso, ainda hoje, uma colega minha foi peremptória: «A Democracia acabou!» Dei-lhe razão, pois ela tem-na.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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