Invasões Francesas, Liberalismo e República, muito se tem falado este ano sobre estes acontecimentos históricos. Para o ano, aqui no nosso Concelho, iremos comemorar os 200 anos sobre a batalha do Gravato, que se travou aqui bem perto da cidade do Sabugal, na margem direita do Côa em 3 de Abril de 1811.
Acredito que a Câmara Municipal do Sabugal e a Junta de Freguesia também do Sabugal, não irão deixar passar esse dia, sem pelo menos, singelamente, homenagear todos aqueles que participaram nesse combate. Aliás, tanto a Câmara como a Junta, já nos habituaram durante o período democrático de trinta e seis anos, a honrar este povo e a sua história.
No nosso Concelho não foi só a batalha do Gravato que marcou a passagem dos exércitos franceses. Aldeia da Ponte, Soito e Quadrazais, ficaram quase em ruínas, as terras agrícolas junto a Malcata foram saqueadas, levando os seus produtos e, queimando as matas.
Este Artigo é para quem o ler, é público, mas vou escrever agora para todas as mulheres e homens do nosso Concelho que estão dedicados à causa pública, aquelas e aqueles que nós eleitores, democraticamente pusemos no poder.
A história do nosso Concelho confunde-se com o Mundo, o há bem pouco tempo falecido Tony Judt, o historiador mais lúcido da Social Democracia, no seu volumoso livro intitulado Pós-Guerra, a história da Europa desde 1945, diz o seguinte numa das suas páginas: «Num município português, Sabugal, no norte rural, a emigração reduziu a população local de 43.513 em 1950 para unicamente 19.174 trinta anos depois». Isto faz parte da história da Europa. As carências de toda a ordem obrigaram a partir, a responder à chamada de De Gaulle, milhares de habitantes do Concelho.
Todas as manhãs bem cedo, antes de ir para o trabalho, vou beber um café, quem se cruza comigo a essa hora também a caminho do trabalho? Búlgaros, ucranianos e sérvios. Quem me serve o café? Uma romena. O Sabugal e o seu Concelho também foram apanhados pela onda de choque causada pela queda do Muro de Berlim, a história está novamente presente.
Falei somente um pouco da história contemporânea, por uma questão de disciplina de espaço.
Presentemente o que poderá acontecer? Há quem por razões comerciais, interesses espúrios e sórdido autocentrismo, poderá querer apoderar-se da história do nosso Concelho, porque nesta sociedade em que infelizmente vivemos, predomina mais o consumo do que a cultura e o consumo traz lucro e prestigio social, a partir daí a história poderá ser deturpada, se com isso alguém tirar dividendos económicos ou políticos. Esta época é cínica, perdeu todo o pudor e guia-se por essa lei do tudo é permitido, para isso lá estão os «mass media» e a publicidade.
Termino com um apelo aos eleitos, não deixem privatizar a história do nosso Concelho.
E nós, cidadãos, não podemos ser uma massa amorfa e manipulável, temos uma história a defender. Eu, já a estou a defender.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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E não só donos da história, é de tudo. São os caciques que existem nos meios pequenos que perseguem implacavelmente quem lhes faz frente. Gente pequena mas com a verocidade de quem come tudo e não deixa nada… O pior é que à custa do que é de todos.
Antonio
Ainda bem que regressaste!
Estou de acordo com o que dizes mas o meu receio nao passa pela privatizaçao da historia colectiva do nosso Concelho.
Temo mais aqueles que ao longo dos anos pretendem ser os donos da historia de todos nos, ou aos quais alguns de nos atibuem o estatuto de donos…
Ramiro Matos