Na reunião da Assembleia Municipal do Sabugal, realizada no passado dia 25 de Junho, o sr. Presidente da Mesa, Ramiro Matos, numa declaração de voto, referiu-se às moções e propostas de votação entregues pelo Grupo Parlamentar da CDU (de que eu faço parte, eleito como independente) dizendo que a postura desse Grupo tem sido, desde o início deste mandato, de dividir a Assembleia e colocar à discussão assuntos que não podem merecer o consenso dos deputados, apostando em temas «fracturantes» e apresentando muitos «considerandos».
Como, no final da Assembleia, indaguei junto do sr. Presidente da Assembleia as razões para ele referir isso e não tendo obtido respostas convincentes, coloco à apreciação dos leitores deste blogue o meu pensamento sobre o tema.
Analisemos, então, as moções e propostas de votação que foram apresentadas pelo Grupo Parlamentar da CDU na Assembleia de 25 de Junho:
– Moção contra as portagens na A25 e A23, que foi aprovada, embora com algumas abstenções, sobretudo de membros do PS (talvez por causa dos «considerandos»…);
– Moção contra o encerramento das Escolas do 1.º Ciclo, no concelho, com menos de 21 alunos, que foi aprovada, embora com abstenções de alguns elementos do PS e até de, pelo menos, um Presidente de Junta de Freguesia (!!!) e um voto contra de um membro do PS (curiosamente um professor). Aqui quero referir a atitude digna do presidente da Junta de Freguesia da Rebolosa, Manuel Rei, que embora conhecido como seguidor da mais fiel ortodoxia do PS, votou a favor da moção, ao contrário de outros que se dizem independentes;
– Voto de Louvor a Título Póstumo a José Maria Videira, o insigne originário da Bendada que foi desterrado para o Tarrafal, por mim referido neste blogue em 10 de Maio passado. Esta proposta foi aprovada, embora com bastantes abstenções, curiosamente de muitos membros do PS, apesar de ter sido referido, antes da votação, pelo deputado João Manata que ele não era, nem nunca tinha sido, membro do PCP e que o seu neto (que tanto preserva a sua memória) é, até, simpatizante do PS. Apraz-me, também, referir como digna a atitude do deputado António Gata que, desta vez votou ao lado daqueles a quem chamou na Assembleia Municipal de 30 de Abril, ortodoxos e estalinistas;
– Voto de pesar pelo falecimento do escritor José Saramago que foi aprovado com várias abstenções de membros do PS (não é tanto de admirar que tenha havido abstenções de deputados do PSD e do único deputado do CDS que, desde o início deste mandato entrou mudo e saiu calado de todas as sessões e tem tido uma postura de alinhar, sistematicamente, com o PS) e um voto contra de alguém que, certamente, nunca leu um livro do escritor.
O que é mais de admirar é que o sr. Presidente da Assembleia se tenha abstido e feito uma declaração de voto, apesar de ter escrito um comentário neste blogue, em 20 de Junho passado, onde rematava com estas palavras:
«A mim basta-me parar e relembrar algumas das melhores páginas da literatura de língua portuguesa de sempre. Obrigado José Saramago.»
Foi nessa declaração de voto que Ramiro Matos se referiu aos «considerandos», quando o voto de pesar apenas referia a vida e obra do escritor. A referência mais política (que não «fracturante») era a de que Saramago foi militante do PCP até ao fim da sua vida, uma verdade que não pode dividir nada. Impossível seria o voto de pesar referir que Saramago era militante do PS. Citando o deputado do MPT, Francisco Bárrios, noutro assunto em discussão, na mesma sessão da Assembleia (que por sua vez já citava o humorista brasileiro Jô Soares): «Não precisa explicar, eu só queria entender…»
Vejamos, agora, o que tem feito a Mesa da Assembleia, desde a sua eleição, em termos fracturantes e de divisão da Assembleia, sobretudo no referente ao voto secreto (o famoso Artigo 41.º do Regimento da Assembleia):
– Pedido de Pareceres à ANMP e CCDR;
– Introdução desta discussão na Assembleia (com toda a legitimidade, diga-se);
– Tentativa de alteração do Regimento, em vigor há vários anos e que sempre fez funcionar a Assembleia;
– Discussões intermináveis à volta deste tema.
Resultado: votação em que a proposta da Mesa de alteração do Artigo 41.º para introdução do voto secreto (sobretudo no Orçamento e Plano) foi rejeitada com 37 votos votos a favor, 38 votos contra e uma abstenção. Se isto não é dividir a Assembleia, não sei o que será. Aprovada a proposta da CDU para manutenção do mesmo Artigo do Regimento em vigor.
Já agora refira-se a postura dos membros da CDU na Assembleia de 30 de Abril (em que votaram favoravelmente duas moções do PS – uma sobre o 25 de Abril e outra sobre o 1.º de Maio) ou na última Assembleia em que votaram, também, favoravelmente uma proposta do PS (mais tarde fundida com uma do Executivo Camarário) sobre o encerramento das Escolas do 1.º Ciclo com menos de 21 alunos. Afinal quem tem pruridos ideológicos?
O juramento de lealdade dos membros da CDU na Assembleia ao tomarem posse é para cumprir. Lealdade, sobretudo, com os seus eleitores que não gostariam de ver os deputados da CDU na Assembleia Municipal do Sabugal andarem a reboque fosse de quem fosse. Ainda bem que é assim e não de outra maneira.
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«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte
(Membro da Assembleia Municipal do Sabugal)
Já parecem o Sócrates! Só depois de provado…
Ainda há dúvidas sobre a disponibilidade dos vereadores do PS? acho que quando se vota por unanimidade está tudo dito, não é preciso estar escrito.
Ou alguém de bom senso votaria a favor para colocar o Dr. Ricardo e perderem “teoricamente” a maioria na oposição?
E digo mais a disponibilidade não era apenas dos Vereadores… alguém queria também poisar na Sabugal +… “Jobs for the boy’s”
Dr. Vitor regresse rapidamente e colocar um pouco de ordem por aqui ou o PS/Sabugal afunda completamente!
Para o senhor Nuno Teixeira:
A título de curiosidade transcreve-se o Hino Oficial do PS que é , nada mais , nada menos (ó surpresa das surpresas!!) “A Internacional”, tal como escrito nos estatutos (Artigo 2.º , n.º 4):
A pé, ó vítimas da fome
Não mais, não mais a servidão
Que já não há força que dome
A força da nossa razão
Pedra a pedra, rua o passado
A pé, trabalhadores irmãos!
Que o mundo vai ser transformado
Por nossas mãos, por nossas mãos
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Não mais, não mais o tempo imundo
Em que se é o que se tem
Não mais o rico todo o mundo
E o pobre menos que ninguém
Nunca mais o ser feito de haveres
Enquanto os seres são desfeitos
Não mais direitos sem deveres
Não mais deveres sem direitos
Já fomos Grécia e fomos Roma
Tudo fizemos, nada temos
Só a pobreza que é a soma
Dessa riqueza que fizemos
Nunca mais no campo de batalha
Irmãos se voltem contra irmãos
Não mais suor de quem trabalha
Floresça em fruto noutras mãos
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Talvez o sr. Nuno Teixeira não saiba, mas este Hino (em diversas versões) estava proibido no tempo do regime fascista.
Se o PS é isto que está no Hino é uma coisa, se não é isto que está no Hino, para quê manter o Hino?
E tenho a dizer-lhe mais isto:
Eu não usei nenhum jogo fraquinho sobre o neto do sr. Videira.
Eu não li em lado nenhum uma declaração dizendo que os vereadores do PS aceitavam o seu lugar de vereador a tempo inteiro. O que é certo é que eles votaram a favor dessa proposta (de aumento do número de vereadores a tempo inteiro). Em lado nenhum do comunicado dos veradores do PS está, por outro lado, escrito que não aceitavam o lugar de vereador a tempo inteiro. Apenas está que foram “ultrapassados” pelas conversações com o Dr. Ricardo.
Eu também não escrevi isso no meu comentário. Apenas perguntei se seria verdade.
Por mim termino com esta polémica por aqui.
Não pretendia dizer mais nada, mas não consigo ficar calado. Na realidade acho que o Ilustre Sr. José Maria Videira, ao qual foi atribuído um Voto de Louvor na última sessão da Assembleia Municipal do Sabugal, tendo a votação decorrido dentro das regras democráticas, não merecia que esse Voto de Louvor se transformasse numa arma utilizada pelo Sr. João Duarte (não sei se pela CDU) contra o PS. Misturar tudo o que já foi misturado não me parece correcto, e, correndo o risco de estar a ser incorrecto, acho que pode haver aqui também alguma falta de humildade, mas enfim, é a minha modesta opinião
O PS não deu tiros no pé nem teve uma noite negra, porque os seus membros se limitaram a votar em consciência, uns a favor, outros contra e outros abstendo-se, tal como todos os partido representados, e com todo o direito, o fizeram, sem qualquer medo de nada nem de ninguém a não ser da inadequada utilização de um Voto de Louvor que deve limitar-se a uma utilização que se coadune com a sua nobreza e elevação enquanto forma de reconhecimento de mérito excepcional.
Tendo o PS perdido as eleições, é oposição, e a CDU (ou o Sr. João Duarte) é o quê? Não será também oposição? Claro que é, mas parece que ao PS, oposição esta com a qual o concelho nada fica a ganhar, perdendo-se tempo com questões secundárias e que em nada podem mudar o rumo do concelho.
Sobre as posições retrógradas e reaccionárias muito haveria a dizer, mas não vale a pena perder tempo porque, sendo o Sabugal um concelho onde quase toda a gente se conhece, cada um tem a sua opinião acerca disso, até porque só na definição desses termos levaríamos uma eternidade e não chegaríamos a consenso nenhum, ou talvez não.
Quanto à discussão do famoso artigo 41º, foi pena que se tivesse perdido tempo a pedir pareceres, por ser posta em causa a sua legalidade (na proposta inicial), sendo depois chumbado o artigo com a redacção inicial com ligeiras alterações e “substituído” por outro que não necessitava de pareceres por ser evidente a sua legalidade e que na prática nada de novo trouxe ao novo Regimento da Assembleia Municipal. Perderam-se horas a discutir o que afinal não servia por poder ser ilegal, mas que não interessava depois de verificada a sua legalidade, com a agravante deste assunto ter criado situações não aconselháveis e um ambiente desconfortável. Mas isso já lá vai e agora o que interessa é mesmo seguir pelo caminho certo.
Os melhores cumprimentos, e saiba que também o tenho em consideração, apesar das nossas divergências políticas, que nada têm a ver com o posicionamento político do PS.
O que o Sr. pretende realmente é conversa.
Eu estava para nem para lhe responder a mais nenhum comentário, mas depois daquilo que acabei de ler na sua resposta ao Sr. Meleira Silva, tenho que o esclarecer de algumas coisas que o Sr. aqui escreveu, enunciando a minha pessoa.
– Em primeiro lugar, eu não sou líder da bancada socialista na Assembleia Municipal.
– Em segundo lugar, a tão falada “liberdade” permite-me votar segundo a minha consciência, e não por “vingançazinhas”.
Esse jogo psicológico (fraquinho), que o Sr. usou, dizendo que o neto do Sr. Videira é militante do Partido Socialista, fez-me soltar umas sonoras gargalhadas… No interior do meu partido existe LIBERDADE!!
– Por último, mas não menos importante, eu gostava que o Sr. me dissesse onde é que leu a declaração de qualquer um dos três vereadores eleitos pelo partido socialista, exprimindo vontade e/ou disponibilidade para aceitar o cargo de vereador a tempo inteiro.
Não fale só por falar.
O disse-que-disse sem provas fundamentadas é muito mau…..
Este assunto, para mim, esgotou aqui.
Evidente que a amizade e o respeito que tenho por si se manterá pois acho que nada disto tem a ver com as pessoas envolvidas! E já agora a posição da data é minha e não dos restantes membros do grupo ou muito menos da concelhia. Aceito que não concorde mas por favor não diga que votei contra por a proposta ser sua ou muito menos do grupo da CDU a que me unem fortes laços como sabe. Apenas não percebi o porquê de ser naquele dia e por isso me abstive e não votei contra nem nunca votaria e quando digo que não sei se merece este louvou é porque ele esta sujo e gasto por nós todos nós termos feito tanto ruído à volta deste assunto que pensei estar resolvido.
Sei que é um homem de bem e que gosta deste concelho tal como eu, e da minha parte o que poderá contar sempre é com um apoio incondicional às suas propostas e uma oposição renhida quando delas discordar, quando não entender o porquê das coisas saiba que me absterei pois é assim a minha maneira de ser e ver as coisas.
Espero que possamos trabalhar em prol do bem do Sabugal, conto consigo…
Grande Abraço
Caro Dr. Meleira Silva:
Tenho grande consideração por si enquanto cidadão e, sobretudo, pelo seu pai, de quem sou amigo há muitos anos. Nada disto invalida que não o possa criticar politicamente, tal como acho de todo o direito que me critique politicamente. Pela minha parte ficamos amigos à mesma.
E , então, uma vez que insistem, em vez de se manterem calados e ignorarem e , até, desprezarem o que eu escrevi , aqui vai:
O PS deu um tiro no pé ao votar como votou esse Voto de Louvor e , ainda mais, apresentando os argumentos que apresentou (falta de oportunidade de datas).
O PS /Sabugal teve a sua “noite negra” no dia 25 de Junho passado , já que alinhou com as posições mais retrógradas e reaccionárias no Voto de Pesar pela morte de Saramago (aqui não foi o seu caso, mas o de alguns seus companheiros de bancada) e , sobretudo no caso do Voto de Louvor ao José Maria Videira.
Já estava quase tudo escrito , mas esta sua frase (“até porque sendo o Sr. Videira digno de um Louvor, não sei se o será numa altura em que só aconteceu porque o sr. se lembrou”) é a prova de que o PS /Sabugal só optou (na sua maioria) pela abstenção porque a proposta foi apresentada por mim (ou pelo Grupo da CDU) que não sou, não fui e nunca serei do PS (mas nem que a vaca tussa!!!).
Ou seja , se o Voto de Louvor tivesse sido ideia de um membro do PS já todos votariam a favor, sem se preocuparem com as datas. Claro que, como é mais que evidente, eu votaria a favor dessa proposta , viesse ela de onde viesse.
Não vulgarizei os louvores. O sr. José Maria Videira era mercedor desse louvor. Não quiseram compreender isso, paciência. Como eu já referi a memória de tantos lutadores do PS contra o Regime Fascista não foi honrada com essa abstenção do PS. O facto de ter falecido há mais de 30 anos é irrevelante para o caso, penso eu. Já para não referir que o seu chefe de bancada , num comentário aqui inserido, referiu que se deviam homenagear os lutadores da Batalha do Gravato, que aconteceu em 1811, portanto há quase 200 anos. Lembrou-se dessa, como se poderia ter lembrado de outra qualquer, desde que não fosse a do sr. José Maria Videira, apresentada pelo Grupo da CDU . Eu sei bem que essa abstenção, por parte da maioria dos membros do PS foi devida a uma vingançazinha por causa da discussão do famoso Artigo 41.º e da votação que se seguiu , em que a proposta da CDU foi a vencedora.
E , já agora, ainda sobre o PS/Sabugal e os seus “tiros no pé”, no comunicado do Dr. Ricardo há uma frase enigmática, também , e que é esta: “E com esta votação os cinco vereadores que não estavam nomeados a tempo inteiro, a saber, um do PSD, três do PS e um do MPT mostraram-se disponíveis para fazerem parte do executivo a tempo inteiro.”
Será verdade? Algum vereador do PS estava disponível para ser vereador a tempo inteiro? Isto é que é um verdadeiro “tiro no pé”. Afinal já não foi só a “noite negra” do PS, mas a “semana negra”. Se o PS que se diz oposição queria ter um vereador a tempo inteiro no Executivo da Câmara Municipal, não sei o que é ser oposição. Como é que justificariam, depois, perante o eleitorado o facto de terem um vereador a tempo inteiro (portanto concordante com a orientação do Executivo dominado pelo partido vencedor, isto é o PSD) e serem oposição? Esta nunca vi em lado nenhum!!!. A não ser que tivessem um pé no Executivo (com o vereador a tempo inteiro) e o resto do corpo na oposição. O que se exige a um partido que foi o segundo mais votado nas eleições para a Câmara Municipal é que seja oposição (pode até dizer construtiva), mas não ter um vereador a tempo inteiro (que daria sempre a impressão de estar de acordo com o partido maioritário, neste caso o PSD). A si também o aconselho a ler o comentário do neto do sr. José Maria Videira, aqui colocado. É sempre bom ler os mais velhos, que são sábios nalgumas coisas…
Os melhores cumprimentos
João Duarte
Sr. João Duarte não consigo entender as suas posições… Os seus discursos, presumo que traduzam as suas ideias, são um exemplo em defesa dos ideais da liberdade e democracia, mas depois não me parece que tenha actos concordantes com o seu discurso. Afinal em democracia devemos aceitar as opiniões dos outros aceito essa da abstenção por achar o momento despropositado pois afinal o Sr. Videira morreu há mais de 30 anos e não sendo a data relevante na sua vida achei e acho o momento despropositado, o Sr. tem opinião contraria e eu respeito. O meu voto foi no sentido da Abstenção e não aceito que alguém duvide das minhas declarações de voto, se acha o argumento uma ” desculpa esfarrapada” , eu nunca tive medo de votar nada por isso não preciso de desculpas para que arranjar uma!
E quanto a propostas sempre votei segundo os meus princípios e crenças, sem medo sem rodeios posso dar exemplos de votos de louvor onde sozinho votei contra porque sou e sempre serei contra o “carneirismo” e nunca serei “Maria vai com as outras”, até porque sendo o Sr. Videira digno de um Louvor, não sei se o será numa altura em que só aconteceu porque o Sr. se lembrou… Não vulgarize os Louvores e comendas porque o grande problema deste País é a falta de rigor na atribuição dos méritos. E posso garantir que o meu voto será sempre o voto da minha consciência e no sentido do bem do Sabugal! E nunca mas nunca procurei ou procurarei falar apenas para apresentar trabalho.
Se apresentou este voto em concordância com a sua consciência eu também me abstive desse modo…
Abraço
António Emídio:
Deixós poisar, por enquanto…
“Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não”, como cantava o Adriano Correia de Oliveira – eu ainda acredito nestas palavras.
Não sou do concelho, cheguei hoje ao seu blogue mas gostei do que li. É bom ver que a CDU por esse país fora mantém uma posição ao mesmo tempor firme e ao mesmo tempo digna. Parabéns e continuação de bom trabalho.
Amigo Duarte:
No primeiro comentário que fiz ao teu artigo disse que quem não quer recordar o passado, está sujeito a repeti-lo. Sabes o que disse o Dr. Durão Barroso, o Presidente da Comissão Europeia? Advertiu os sindicatos e os povos da Grécia, Portugal e Espanha, que se não aceitarem as medidas de austeridade podem instalar-se ditaduras militares nestes países.
Foi peremptório: ” Se não se implementarem as medidas de austeridade nesses países, poderia desaparecer a Democracia como a conhecemos actualmente, não há outra alternativa”.
Seria terrivel amigo Duarte agora uma ditadura, mas também te vou dizer uma coisa, não sei o que me indignaria mais, se a ditadura, ou ver alguns homens e mulheres de ” esquerda” de braço dado com ela. Isto que fique bem claro, nem todos os homens e mulheres de esquerda fariam isso, como é natural.
Duarte, talvez as nossas vozes e as nossas palavras, e não só as nossas, as de outros democratas também, estejam em vias de serem silenciadas. Eu já tenho essa experiência…
Caro Nuno Teixeira:
Não o conheço pessoalmente, isto é nunca trocámos palavras ou cumprimentos. Disseram-me que o senhor era, agora, o líder da Concelhia do PS /Sabugal.
Este seu comentário demonstra o nível a que o PS chegou , actualmente, em termos ideológicos, infelizmente.
Os membros do PS que se abstiveram nessa votação (Voto de Louvor a José Maria Videira) não só tiveram um comportamento pouco consentâneo com a Liberdade (no meu entender) , como desonraram nomes históricos do PS como Tito de Morais, Vasco da Gama Fernandes, Raul Rego, Salgado Zenha, António Arnaut ou o próprio Mário Soares (que continua, segundo julgo, a ser uma referência para o PS, ou já não será?), todos eles lutadores contra o Regime Fascista (ou devo dizer Estado Novo ou Estado Autoritário Corporativo para não ferir susceptibilidades?)
Efectivamente estes homens lutaram contra o Regime Fascista tal como o fez José Maria Videira. E não me venha dizer que o Voto de louvor continha “considerandos” que o PS não podia votar. No final deste meu comentário trancrevo o Voto de Louvor para que toda a gente possa verificar isso.
Aconselho-o a ler, atentamente, o comentário aqui inserido por João Videira Santos, o neto de José Maria Videira. Esse senhor é militante do PS desde Maio de 1974 e é sempre bom aprender com os mais velhos (ou já não será?). Um pouco de humildade democrática é sempre tão boa…
Apresente um Voto de Louvor aos lutadores da Batalha do Gravato, na próxima Assembleia, que terá, certamente, o meu voto favorável. Não poderá ser de outra forma.
A sua referência à consulta das Actas com esta frase “Se alguém tiver interesse, consulta as actas”, demostra , mais uma vez o pensamento do novo PS, dominado por tecnocratas, que nada percebem de Humanismo.
Efectivamente as Actas não estão disponíveis on-line , desde que esta Assembleia tomou posse, em 2009.
Perguntei ao senhor presidente da Assembleia, no dia 25 de Junho porque não estavam on-line e obtive uma resposta que eu considero correcta e sem quaisquer reparos. Segundo ele disse as Actas irão estar , brevemente, disponíveis para consulta.
Sobre as minhas crónicas sobre o património cultural do concelho , devo dizer-lhe que elas estão interligadas com o meu pensamento político. Isto é, eu gosto de História, acho que a História tem interesse e deverá ser divulgada. Não me considero um “moderno” que quer mandar tudo o que é História (o “passado” como alguns lhe chamam) para o lixo!!
Cumprimentos
João Duarte
ATRIBUIÇÃO DE VOTO DE LOUVOR A TÍTULO PÓSTUMO A JOSÉ MARIA VIDEIRA
José Maria Videira, filho de Manuel Videira e de Ana Antónia, nasceu na freguesia de Bendada, deste concelho, no dia 26 de Abril de 1896 e faleceu em Lisboa, em 16 de Junho de 1976. Combateu na Primeira Grande Guerra, em França, e foi líder da Organização Revolucionária dos Sargentos. Democrata e republicano convicto combateu pela liberdade do povo português e, por isso, sofreu a prisão, a deportação e a tortura, durante o regime fascista do Estado Novo. Devido às suas ideias foi deportado, primeiro para Santa Cruz da Graciosa, nos Açores, e depois para Angra do Heroísmo, no mesmo arquipélago. De Angra do Heroísmo foi deportado para o terrível Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, onde cumpriu 4 anos. Nunca abandonou os seus ideais. Foi um homem estudioso, de rija tempera, para quem a instrução e a formação de todos os homens eram valores prioritários. Enquanto deportado em Santa Cruz da Graciosa ensinou a ler e escrever um grupo de analfabetos que lhe ficaram eternamente reconhecidos. Embora vivendo modestamente não deixou de contribuir com a pequena fortuna, à época, de 600 escudos; para a Comissão de Angariação de Fundos Para a Electrificação da Bendada (em 1960), freguesia que nunca esqueceu. Nunca se vangloriou dos seus feitos ou do que sofreu.
Assim:
Considerando que neste ano em que se comemoram os 100 anos da implantação da República, a Assembleia Municipal do Sabugal não pode deixar de homenagear com um voto de louvor, a título póstumo, tão ilustre filho do concelho de Sabugal.
Considerando que o reconhecimento do valor de José Maria Videira pelos membros da Assembleia Municipal do Sabugal é justo e incontestável.
Propõe-se:
A atribuição de um voto de louvor, a título póstumo, a José Maria Videira e a recomendação aos membros eleitos pela Assembleia Municipal do Sabugal para acompanharem a Comissão de Toponímia Municipal que não esqueçam o nome deste ilustre filho do nosso concelho.
Que do resultado da votação desta proposta se dê conhecimento aos familiares, nomeadamente ao seu neto João Videira Santos, que tanto tem preservado a sua memória.
Pelo grupo da CDU na Assembleia Municipal
Os proponentes: João Manuel Aristides Duarte e João Carlos Taborda Manata
Caro Membro da Assembleia Municipal do Sabugal, mais uma vez volto a repetir o que afirmei na minha intervenção feita na assembleia de 25 de Junho passado. Eu disse que a política me anda a desiludir, e vou ter que o repetir novamente perante esta crónica…!!!
Então mas afinal para que é que se gasta tanto dinheiro a realizar assembleias, se o senhor prefere discutir em blogs, os assuntos nelas tratados?? (não tenho nada contra o blog, enquanto meio de informação)
O senhor não acha que estes assuntos deveriam ser discutidos olhos nos olhos e falando directamente para quem tem que falar? É fácil chegar a casa, com tempo e calma construír um texto que posteriormente é colocado no meio de uma discussão sem que essa nos leve a lado algum. Porque é que não pediu a palavra e disse o que posteriormente escreveu, por exemplo virado para mim? Eu responderia-lhe que me abstive porque, não retirando o valor à pessoa em causa, iria pedir-lhe que efectuasse, por exemplo, o levantamento dos HOMENS que combateram na batalha do Gravato e lhes proposesse um voto de louvor!!! Afinal também lutaram pelo país!!! Eu, tal como o senhor, tambem lutamos pelo país!!! Muito sinceramente não concordo muito com este tipo de votos de louvor e não tenho que ser julgado em praça pública por isso.
O público tem lugares disponiveis para assistir às assembleias. Se não vão é porque não querem, como tal parece-me que este tipo de assuntos deveriam ser discutidos em local próprio para o efeito. Se alguem tiver interesse, consulta as actas.
Gosto de ler as suas crónicas referentes à riqueza patrimonial e histórica do nosso concelho, agora estas……. acho-as dispensáveis.
Com votos de bom trabalho e sem interesses partidários,
Nuno Teixeira
Não sabia, porque o senhor João Videira Santos nunca me tinha dito, que era militante do PS.
Aliás, o João Manata referiu na Assembleia que ele era militante do PS, mas rectificou por indicação minha (que agora sei que foi errada) que o senhor João era simpatizante do PS. Para o caso puco importa, pois tal como ele refere do que se tratava era de homenagear um conterrâneo nosso que lutou pela liberdade do povo português e merecia ter a unanimidade da Assembleia Municipal do Sabugal.
Quando eu vi no blog do senhor João Videira Santos a informação com o título “José Maria Videira meu avô” e li que ele era da Bendada , não resisti e pedi-lhe autorização para publicar , em 10 de Maio p. p. a minha crónica no Capeia Arraiana. Fi-lo , apenas, com a intenção de homenagear esse nosso conterrâneo que eu considero um herói. O meu sentido de reconhecimento e justiça ainda me leva para estas coisas, hoje tão fora de moda.
Acreditem que eu sempre pensei que o Voto de Louvor fosse aprovado por unanimidade, porque era um voto merecido.
Nem sequer me preocupei quando o senhor João Videira Santos me informou que o seu avô não era do PCP. Ainda lhe perguntei se ele era anarco-sindicalista, mas também me disse que não. Não importava o que ele tinha sido, o que importava é que era um sabugalense que merecia esta homenagem.
Outros assim não o entenderam … Li , há pouco tempo, um livro sobre o Tarrafal intitulado ” O Diário da B5″ da autoria de Manuel Francisco Rodrigues, um prisioneiro que também não era do PCP e aquilo impressionou-me.
Rectifico um erro:
Na Assembleia Municipal de Abrantes não foi por unanimidade. O CDS absteve-se.
Caro João Aristides Duarte
Quero agradecer o interesse que demonstrou em homenagear meu avô, José Maria Videira, com o voto de louvor que apresentou à Assembleia Municipal do Sabugal.
Quero fazê-lo na sua pessoa e em todos aqueles que o acompanharam nessa votação dando o seu voto favorável.
Fico reconhecido pela vossa iniciativa a qual pretendeu homenagear a memória de um homem discreto e que sem olhar a meios ou a condicionantes politicas lutou pela liberdade, advogando, sempre, a causa da democracia.
Não entendo condicionantes de voto que outros tenham tido para não votar a sua proposta. A liberdade pertence a cada um, mas condicionar um voto à inoportunidade é, quanto a mim, perfeitamente descabido. A liberdade, a democracia e a homenagem a quem de direito, não deve estar sujeita a tempo e oportunidade, mas sim ao momento.
Foi o que pretendeu fazer, foi o que educadamente me deu a conhecer antecipadamente.
Estou-lhe grato pela sua iniciativa, pelo seu sentimento de justiça.
Pouco me importa se o João é ou não do Partido Comunista, o que é digno de realçar foi a sua atitude em trazer à luz do dia a história de um beirão que honrou a sua terra e a sede do seu concelho não teve unanimidade em reconhecer.
Em principios de Agosto, com um conjunto de familiares, conto visitar a Bendada e deslocar-me ao Sabugal para o cumprimentar a si e a todos os que prestigiaram a memória de meu avô com o seu voto.
Quero de viva voz transmitir-lhes o meu apreço pelo seu gesto.
A terminar quero dizer-lhe que nunca deixei de abraçar uma causa justa e que sou militante do Partido Socialista, desde 5 de Maio de 1974, tendo ocupado diversos cargos politicos, desde dirigente a autarca e de sindicalista a cooperativista.
Um grande abraço e obrigado pela sua lembrança e homenagem em prol de um dos muitos que lutaram pela liberdade e democracia.
Bem haja, João!
Já agora aproveito para colocar aqui alguns votos de pesar aprovados em reuniões de Assembleias Municipais e de Executivos de Câmara Municipais:
Câmara Municipal do Entroncamento- unanimidade
Assembleia Legislativa da Madeira (voto proposto pelo PSD) – unanimidade
Assembleia Municipal de Évora- unanimidade
Assembleia Municipal de Santarém- unanimidade
Assembleia Municipal de Abrantes- unanimidade
Câmara Municipal de Loures- unanimidade
Além disto:
Assembleia da República- unanimidade
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura- instituição ligada à Igreja Católica aprovou Voto de Pesar
Como é mais do que evidente o grupo da CDU na Assembleia Municipal do Sabugal estaria disposto a votar favoravelmente qualquer voto de pesar que as outras bancadas apresentassem. Só que nenhuma o apresentou.
Caro Celino:
Longe de mim pensar alguma vez que todos têm que concordar comigo. Não era nada disso que eu quis explicar na minha crónica.
Mas, ao contrário do João Manata (que pensava que o PS iria apresentar um voto de pesar pelo falecimento de José Saramago, tal como eu explico num comentário referente ao comunicado do Presidente da Assembleia Municipal) eu sempre pensei que o Grupo do PS não fosse apresentar esse voto. E não errei.
O Grupo do PS na AM do Sabugal alinhou com as posições mais conservadoras do Vaticano , ao ter votado , como votou, esse voto de pesar. E não o fez por outro motivo que não fosse por nele estar escrito que José Saramago era membro do PCP.
Saiba que em quase todas as Assembleias Municipais , por esse país fora, foram aprovados por unanimidade votos de pesar pelo falecimento do escritor. A votação da AM do Sabugal vai um pouco contra essa corrente, mas , pelo menos aqui, o PS ( ou uma grande parte do Grupo do PS) definiu-se ideologicamente. Isso era, para mim, o principal.
Nem era tanto na votação sobre o Saramago ou sobre o encerramento das escolas ou mesmo nas portagens que o PS poderia ter tido outra atitude, mas , sobretudo, no voto de louvor a José Maria Videira. Após explicar-se, claramente, que o senhor nunca foi do PCP e que o neto é, até, simpatizante do PS, o Grupo do PS arranjou uma desculpa esfarrapada (que se fosse em Setembro, como se aproximava a data do 5 de Outubro já votaria a favor) e aí viu-se a actual posição ideológica do PS. Será por isso que o seu neto mostrou interesse em encontrar-se com os deputados que propuseram esse voto de louvor e não mostrou interesse nenhum em encontrar-se com os deputados do PS?
Os melhores cumprimentos. Saiba que o tenho em consideração
João Duarte
Enquanto membro (e não deputado, que me parece não estar correcto) da Assembleia Municipal do Sabugal (AMS) há largos anos, e apesar de não me sentir visado nas suas palavras, quero dizer-lhe que não me parece que algum membro daquela Assembleia deixe de ser digno pelo facto de não votar favoravelmente uma proposta da CDU ou de quem quer que seja, e seja ela qual for, desde que vote em consciência. Acredito que haja professores a favor do encerramento de escolas, tal como haverá automobilistas a favor do pagamento de portagens, leitores que não gostam de Saramago, etc. Tem de entender que nem todos têm de concordar com todas as suas propostas, ou com os considerandos nelas contidos, nem o objectivo do PS é ser oposição à CDU na AMS.
Assim, votarei favoravelmente as propostas da CDU ou de outro grupo, ou membro, sempre que concorde com elas e, principalmente, sempre que considere que são úteis para o Sabugal, como sempre fiz.
Amigo Duarte:
Aqueles que não querem recordar o passado, estão condenados a repeti-lo. Com matizes diferentes, esse passado corre para nós inexorávelmente.