«O Quinto Elemento do Circuito 5» é uma pequena mas calorosa história, em que o leitor se sente inebriado com a perturbante aventura de alguém que terá passado a barreira da vida terrena e viajou pelo tempo ao encontro de povos e culturas da Antiguidade.
O sabugalense Alcino Póvoas Cunha, jurista que já exerceu a advocacia no Sabugal e que actualmente trabalha num organismo público em Lisboa, é o autor do livro recentemente editado.
Ao início o leitor pensará que está em presença de um puro exercício de esoterismo. «Seguia no meu veículo sem um destino definido por aquela estrada que serpenteava uma montanha com um aspecto místico, quando face a uma imprevidência da minha parte – tentava sintonizar o meu rádio porque deixou de transmitir –, perdi o controle do meu carro tendo saído disparado por um declive acentuado.
Lembro-me de ter experimentado a mesma sensação de ser levado numa máquina de lavar roupa, depois não me lembro de mais nada devo ter perdido os sentidos». Voltando a si o personagem vê-se rodeado de quatro pessoas de aspecto misterioso, com as quais interage. A um ponto fica a saber que entre eles havia uma interligação telepática e que pertencem ao chamado «Circuito 5», buscando o elemento que lhes falta para completar a ligação. É assim «encaminhado» para um túnel, través do qual viajará até à Antiguidade, contactando o povo Essénio na Palestina, e passando a viver uma aventura fantástica em que percorre diversas terras e conhece vários povos daquele tempo.
O livro encanta pela intensidade da acção, o sabor vivo das descrições e a ânsia de saber até onde irá a espantosa cruzada do personagem que enfrenta e ultrapassa provações.
Entre os romanos integra o assalto à fortaleza de Massada, instalada no alto de um escarpado inexpugnável. Depois convive com os Zelotas que, dentro da fortaleza, resistem abnegadamente à romanização, para mais adiante voltar a correr lugares e envolver-se em novas peripécias, chegando a ir a Roma e ao famoso Coliseu.
Muito interessante é o que o personagem principal revela pensar de um passado cujo desenrolar em parte conhece. A acção decorre tendo por pano de fundo factos históricos que ele próprio estudou e uma prática de costumes e de vivências que ele também leu, pelo que se trata de um actor que age no passado mas com a mentalidade e o conhecimento actual. Por antecipação ele sabe o que se passará com a fortaleza de Massada, o que sucederá ao povo zelota e o que será do Império Romano então dominante.
A acção desenrola-se a um ritmo vertiginoso e o perigo faz parte de toda a aventura, sendo interessantes as referências aos costumes e às ideais, bem como às religiões e à metafísica própria dos povos antigos. Tudo composto, resulta num quadro alucinante em que a façanha se torna assombrosa e cativante.
Um livro escrito por Alcino Póvoas Cunha e publicado pela «Hugo Mota Editora», que merece a pena ler.
plb
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