Um dos filmes da programação do IndieLisboa deste ano foi mais uma surpresa. De seu nome «Há Tourada na Aldeia», é um documentário realizado por Pedro Sena Nunes sobre as capeias arraianas e as tradições da região.

Inserido num projecto de Pedro Sena Nunes mais abrangente, através do qual o realizador pretende documentar diversas tradições das regiões portuguesas, «Há Tourada na Aldeia» conta como se realiza este tipo de touradas únicas no país, em que o touro é lidado com um forcão de madeira, manejado pelos bravos locais. Sem narrador, a palavra é dada aos protagonistas: são os próprios habitantes das aldeias da Raia que contam como surgiu esta tradição e as suas lendas.
Mas não são só as touradas que estão em destaque no documentário. Muito ao de leve é abordada a questão da desertificação do Interior, que durante 11 meses do ano é bem patente, mas em Agosto, com o regresso dos emigrantes, deixa de se notar. E foi bom reparar que muitos dos jovens que falam, alguns filhos de emigrantes que vivem em países cuja cultura nada tem a ver com a nossa, apreciam este regresso às origens e garantem que vão continuar a tradição, passando-a aos seus descendentes.
Para quem não conhecer este tema, como era o meu caso, «Há Tourada na Aldeia» foi uma boa janela para conhecer um pouco mais do meu país e das suas múltiplas tradições. Ao mesmo tempo, este filme tem também uma grande força ao documentar, e ao mesmo tempo preservar, um pouco mais de Portugal. Fazem falta documentários deste tipo, para que a nossa História e as tradições não desapareçam no futuro. Quem sabe o que dirão daqui a 100 anos os que voltarem a ver este filme.
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Nota: Foi também com agrado que vi neste filme, tal como tem acontecido na maioria das sessões a que tenho assistido no festival, uma audiência bem composta. Será uma prova de que o público português adere bem a este tipo de filmes, que nos mostram quem somos. Gostaria de acreditar que sim e que possamos ter oportunidade de ver mais documentários destes.
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«Série B», crónica de Pedro Miguel Fernandes
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