Vai avançar o projecto de implementação de uma rede de judiarias na Beira Interior, havendo diversos concelhos perfilados para a integrarem. Porém o Sabugal parece excluído, ainda que Natália Bispo, proprietária da Casa do Castelo, venha insistindo que o nosso concelho também deve fazer parte do projecto.
O programa da rede de judiciarias foi apresentado no decurso do Ciclo de Cultura Judaica que a cidade da Guarda acolheu em data recente. O seu grande mentor é António Saraiva, da Agência para a Promoção da Guarda, criada pelo município egitaniense. Aliás a Guarda rivaliza com Belmonte e Trancoso na tentativa de liderança no aproveitamento do filão turístico que pode advir da valorização desse recurso histórico. Porém, embora disputem protagonismo, os presidentes de câmara destes três concelhos foram recentemente juntos a Israel, tentando estabelecer contactos que garantam a viabilidade do aproveitamento turístico dos vestígios judaicos que a região contém.
Para além destes três municípios outros há na região que demonstram ter grande interesse em integrarem a rede turística. Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Gouveia, Meda, Vila Nova de Foz Côa, Castelo Branco, Covilhã, Fundão, Idanha-a-Nova e Penamacor, são exemplos de concelhos dos distritos da Guarda e de Castelo Branco que estão já indicados para integrarem o projecto.
Do Sabugal ninguém fala. O Município parece estar a dormir, numa modorra já crónica e sem tratamento eficaz.
Na Assembleia Municipal discute-se o ridículo, de que é principal exemplo a questão da forma de votação, de braço no ar ou secretamente, quando se sabe que o eleitor tem de conhecer qual o sentido de voto dos eleitos, sendo a votação secreta uma fraude que não pode vingar numa assembleia que se quer aberta e transparente.
Na Câmara fazem-se reuniões do executivo onde se discutem trivialidades, como é cabal exemplo esta ordem de trabalhos da reunião do dia 24/02/2010: despachos para conhecimento; obras particulares; tabela de taxas e tarifas; carta da Acôa; carta da Rodoviária da Beira Interior; pedido de apoio para transporte de deficiente; carta de Luís Santos; carta de Consortelha; informação sobre expropriações no âmbito da obra «via estruturante da Raia».
A dar a cara na luta para que o Sabugal integre a rede de judiarias só aparece uma pessoa: Natália Bispo, proprietária da Casa do Castelo, em cujo interior existe um pequeno núcleo museológico que, entre outras peças, contém um altar judaico em granito. O semanário «A Guarda», fez uma visita ao local e titulou na última edição: «Casa do Castelo quer incluir o concelho nas rotas históricas do judaísmo». E ilustra a notícia com uma fotografia de Natália Bispo junto ao «armário judaico em granito que será datado do séc. XIV.»
Para além deste altar, há outros vestígios judaicos no Sabugal e também em Vilar Maior, onde existiu uma judiaria. Aliás, o investigador e colaborador do Capeia Arraiana, Jorge Martins, tem evidenciado na sua coluna «Na Rota dos Judeus do Sabugal» um conjunto de dados acerca da ligação histórica do nosso concelho a uma comunidade de judeus que aqui se instalou e aqui viveu, sendo duramente perseguida pela Inquisição.
É tempo de pôr mãos à obra e tentar apanhar um comboio que segue em andamento sem estar garantido que faça escala no concelho do Sabugal.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
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Em sortelha dentro das muralhas, e tambem no “arrabalde” existem várias casas, em numero significativo, com simbolos judaicos
Faz todo o sentido integrar o concelho do Sabugal na rede de Judiarias. Como alguém já aqui disse, só não vê quem não quer os vestígios que há no nosso concelho.
Tudo o que tenho lido e aprendido desde sempre, para além dos evidentes vestígios, por exemplo da Casa do Castelo, aponta para a existência de uma grande comunidade judaica no Sabugal.
Se aqui ao lado em Belmonte há tantos vestígios e têm orgulho nisso, porque raio é que os “iluminados” do Sabugal não percebem os nossos vestígios e o nosso passado?
Espero sinceramente que o que o Sr. João Valente escreveu seja verdade, que os nossos autarcas comecem a mudar a forma como vêm o património, caso contrário estamos perdidos!
Penso que a autarquia está atenta ao assunto… É o que me consta.
Só mais uma achega.
Eu que também tomei em mãos a defesa do património da minha terra, como é sobejamente sabido, (basta ler o que escrevi aqui no Capeia Arraiana) tenho sido alvo de boicotes, ofensas, difamações, injurias e agressões por causa de ter defendido com unhas e dentes a qualificação e valorização deste nosso património.
E isto por parte de pessoas que têm responsabilidades no concelho.
Como as situações de boicote, distrate, ofensas, difamações e injurias se tem vindo a agravar, apesar de todas as tentativas feitas no sentido de alertar as autoridades governamentais para o assunto, esta questão dará entrada na justiça muito em breve.
Só é lamentável que quem desde há dois anos esteja a lutar, dentro e fora do país pelo reconhecimento e preservação do património histórico do concelho, seja constantemente distratado, ofendido, e boicotado pelas entidades publicas que têm responsabilidades na matéria.
É triste que o nosso esforço seja reconhecido fora do concelho e, que nós que às nossas custas e com muito empenho e trabalho sejamos tratados desta maneira.
O tempo e a história julgarão os que destruíram e continuam a destruir este nosso património, em nome de interesses pessoais, apesar de viverem à custa dos nossos impostos.
É por coisas destas que o Sabugal está deserto e morto, e que todos os dias mais alguém foge desta terra.
Boa tarde,
Peço desculpa pela minha ignorância em relação ao assunto e de me ter exprimido mal.
Irei proceder ao envio das fotos através de um amigo meu que lá reside.
Com os melhores cumprimentos,
David Negreira.
Quem me poderá fazer o favor de enviar mais informações e fotografias desse “aron hkodesh” da Sortelha?
Encontro-me em inacio@steinhardts.com
E já agora: “Aron HaKodesh” não é um altar. É sim um armário onde se guardam os rolos de pergaminho com o Pentateuco, os cinco livros da Lei de Moisés.
Obrigado pela atenção
Inácio
“E já agora: “Aron HaKodesh” não é um altar. É sim um armário onde se guardam os rolos de pergaminho com o Pentateuco, os cinco livros da Lei de Moisés.”
De facto temos consciência disto.
Contudo, por uma questão prática a certa altura foi a forma mais fácil que se encontrou para explicar às pessoas, o monumento que está no edifico onde foi a sinagoga do Sabugal, que foi mandada para o entulho restando apenas este documento histórico.
Se hoje podemos ter no Sabugal este importante monumento que é um testemunho impressionante da comunidade judaica do Sabugal, podemos agradecer única e exclusivamente à família Bispo que com imenso esforço e empenho preservou este “Aron HaKodesh”, para que as gerações futuras possam observar e aprender sobre a História do Sabugal e sobre esta importante comunidade que aqui viveu.
Não se esqueçam que nas casas da Sortelha também existe, pelo menos, um haron hakodesh numa casa deixada ao abandono que ja tive a oportunidade de explorar. Não deixem perder esta oportunidade única de dar a conhecer o concelho e também de arranjarem verbas para requalificar tanto edificio abandonado e importante, com marcas judaicas que por aí anda…
Só não vê quem não quer 🙂