Aproxima-se a cerimónia mais aguardado do ano para os lados de Hollywood. Este ano são 10 os filmes que concorrem à estatueta de «Melhor Filme do Ano», numa lista sempre muito subjectiva.
É já no próximo Domingo que os cinéfilos se vão ficar a saber qual a fita que a Academia considera ser a melhor do ano. Na linha da frente como favoritos estão «Avatar», o mega sucesso de James Cameron, e «Estado de Guerra», de Kathryn Bigellow, cada um com nove nomeações. Se o épico espacial de James Cameron já era esperado na lista, e muitos acreditam que será o grande vencedor da noite, a presença de «Estado de Guerra», filme que já abordei aqui, é uma surpresa. Em particular por abordar um tema complexo: a história de um grupo de soldados especialistas em minas e armadilhas no Iraque.
Na lista há outras surpresas, como um outro filme de ficção científica, «Distrito 9», uma fita produzida por Peter Jackson (realizador da trilogia «O Senhor dos Anéis») que foca a presença de uma raça extraterrestre na África do Sul que acaba fechada num ghetto, espelhando o período do apartheid no país. Outra surpresa na lista dos nomeados a melhor filme é «Uma Outra Educação», uma produção britânica da realizadora dinamarquesa Lone Scherfig que nos conta numa história simples, algo comum aos seus filmes, o primeiro amor de uma adolescente por um homem mais velho que não é o que parece.
Mais habituados a estas andanças são os filmes «Sacanas Sem Lei» (Quentin Tarantino), «Um Homem Sério» (Joel e Ethan Coen), «Up – Altamente» (Pete Docter e Bob Peterson) e «Nas Nuvens» (Jason Reitman). O primeiro é de um dos enfants terribles de Hollywood, o autor de «Pulp Fiction» e «Cães Danados», que tenta finalmente o Óscar com uma excelente homenagem ao estilo Western Spaghetti, mas passando este universo para a II Guerra Mundial.
«Um Homem Sério», dos irmãos Coen, dupla que conquistou o galardão há dois anos com «Este País Não é Para Velhos», não é um filme fácil de gostar e a sua presença na lista também é de certa forma surpreendente, pois esta fita é de um humor negríssimo e passa-se no universo judeu e conservador. Não acredito que caia nas boas graças da Academia.
«Up – Altamente» é o último filme da fábrica de animação digital Pixar e também ele uma homenagem a um estilo de cinema clássico: o cinema de aventuras dos anos 1940/1950. Jason Reitman, com a sua terceira obra «Nas Nuvens» (a segunda que consegue colocar na lista de candidatos a melhor filme do ano após «Juno») consegue uma vez mais atrair as atenções de Hollywood, tornando-se um dos mais promissores realizadores desta geração. Se conquistasse o Óscar era uma prova de que a Academia dá valor aos mais novos.
Por fim a lista termina com dois filmes: «Precious» (Lee Daniels) e «The Blind Side» (John Lee Hancock). O primeiro tem sido um dos filmes mais falados do ano, mas na minha opinião a sua popularidade resulta mais do efeito Oprah Winfrey (a popular apresentadora é uma das produtoras do filme) do que do mérito desta história de uma rapariga negra obesa que sofre graves abusos em casa. O segundo é para mim desconhecido, pois ainda não estreou por cá e segundo consta apenas deverá estrear a 25 de Março, quando a febre dos Óscares passar.
Concluindo: a lista deste ano tem filmes para todos os gostos. Palpites são difíceis de fazer, pois o efeito surpresa reina neste tipo de eventos. Se por um lado «Avatar» e «Estado de Guerra» partem como favoritos, há obras que poderão vir a baralhar as previsões. E aqui falo sobretudo de «Sacanas Sem Lei», «Up – Altamente», «Nas Nuvens» e «Precious». Os restantes já se podem dar satisfeitos pela nomeação.
E se fosse eu a votar? Apesar de na minha lista dos melhores do ano passado ter colocado a animação da Pixar à frente de «Sacanas Sem Lei», abria uma excepção e entregava o Óscar. Não só premiava um dos meus realizadores favoritos como distinguia um dos poucos autores que ainda vão surgindo no Cinema, que consegue sempre fazer obras muito originais a partir de géneros clássicos. É um verdadeiro amante da Sétima Arte.
Domingo se saberá quem será o grande vencedor.
«Série B», opinião de Pedro Miguel Fernandes
Vi ontem o “An Education” e sinceramente não percebo a nomeação… O (500) Days of Summer é 500as muitas vezes superior e não consta… vá-se lá saber o porquê
but, who cares! 😉
Na minha opinião a Academia também já aderiu às quotas e «Uma Outra Educação» é a quota britânica deste ano.
Em relação ao «(500) Days of Summer» é um filme que tenho ouvido falar bastante e sempre muito bem, mas parece que tarda em estrear por cá. Penso que mesmo assim chegou a estar nomeado para os Globos de Ouro, como Melhor Filme de Comédia ou Musical, mas foi preterido face ao «A Ressaca».