Ao assistir a uma entrevista com José Pedro Gomes (o da «Conversa da Treta») na manhã de sábado passado, na RTP-1, lembrei-me de escrever este artigo para o «Capeia Arraiana».
José Pedro Gomes foi convidado para comentar as notícias da semana e a uma das perguntas da jornalista respondeu ser um absurdo que o «hino» da selecção de futebol portuguesa seja uma canção dos norte-americanos Black Eyed Peas (grupo que eu não conheço, mas também não me interessa muito – se desconhecesse os Beatles ou Rolling Stones seria bem pior).
Concordo, totalmente, com esta análise de José Pedro Gomes e como melómano e amante da música portuguesa que sou vou, ainda, mais longe.
Lembro-me bem quando estava na tropa, em Coimbra (em 1982) e houve um Mundial de Futebol. Andava tudo maluco com a bola e havia lá um sargento que andava doido-varrido. Não falava noutra coisa que não fosse no Brasil e ai daquele que não defendesse o Brasil (uma vez que esse ano Portugal não participou no Mundial). Ora, eu que não ligava nadinha à bola e estava sempre a pensar quando os Salada de Frutas ou os Jáfumega iriam tocar a Coimbra, dizia com os meus botões: «Se isto é assim com o Brasil, o que não será com Portugal?»
Quando o Scolari foi seleccionador nacional teve início essa loucura das bandeiras nas janelas (algumas ainda andam por aí, completamente esfarrapadas, o que eu acho uma vergonha). Parece que uma onda de loucura invadiu o país. Nem vale a pena perguntar se eu coloquei alguma bandeira na janela, porque a resposta é não. Só poderia ser não, uma vez que eu não sentia nada de especial com a bola, nem com a selecção.
Agora só faltava mais esta: o «hino» da selecção é de um grupo norte-americano. Bem se sabe que os portugueses não valorizam o que é seu, o seu imenso património musical, mas chegar-se a este ponto e quase toda a gente achar o máximo, só porque essa música foi escolhida por um «herói» chamado Carlos Queiroz é demais.
Com tantas canções portuguesas de tantos intérpretes e autores, ou até tradicionais sem autoria que poderiam ter sido escolhidas como «hino», logo tinha o sr. Queiroz que escolher uma canção de um grupo norte-americano. Enfim… é a vida!
Outra coisa que me deixa intrigado com a bola é que, quando Portugal joga com a Espanha, nova onda patriótica invade o país, para no dia seguinte (quando regressamos à sobrevivência) toda a gente querer ser espanhol por causa das reformas, dos ordenados, da prevenção de incêndios ou da limpeza das estradas quando há neve. E isto ainda é mais curioso quando na zona da raia o fervor patriótico contra Espanha ainda parecer maior. No entanto é nessa zona que se cantam as espanholadas, quando se faz uma farra (normalmente o «El Perompompero»).
Quando esse fervor patriótico invade Portugal eu nem sei o que fazer…
Quero dizer que sou frequentador habitual dos jogos de futebol no Soito (embora não saiba nada de tácticas, nem chame nomes ao árbitro), mas se na televisão der «bola» é certo e sabido que mudo de canal.
Nota: estou a ler o livro «Coitados dos Ricos» de Bernardino Pinheiro, natural da Rebolosa, que mão amiga me arranjou. Este livro tem uma singularidade, embora seja de um reaccionarismo primário: os retornados de África (assim mesmo chamados no livro) estão juntos com os anarquistas, os revolucionários de várias matizes e os criminosos, no pós -25 de Abril, para fazerem uma revolução. Uma singularidade que nunca tinha observado em nenhum outro livro. Os pobres não sofrem muito (às mãos dos ricos, a quem devem só favores) neste livro, mas os ricos (às mãos dos pobres), coitados deles!!! Tão maltratadinhos…
Por outro lado, como é um livro contra os políticos (claro!!!) aconselhava a que fosse lido por todos os anti-políticos que por aqui colocam comentários. Iriam sentir-se felizes ao lerem um livro assim.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte
Peço ao senhor Carlos Café que refira os erros gramaticais que eu produzi no texto da crónica. Até agradeço, no sentido de tentar fazer melhor. Sobre os meus comentários, até reconheço que possam existir erros gramaticais, já que utilizo uma linguagem mais coloquial e feita um pouco em “cima do joelho”.
É o professor Carlos Queiroz a assassinar a nacionalidade portuguesa nomeando como hino uma música estrangeira e o professor João Duarte a fazer o mesmo quando escreve com tantos erros gramaticais. Ponto em comum: os dois têm o título de professor. Ou devia meter entre-aspas também?
Sr. Fernando…
para quê gastar latim!ninguém pretende denegrir a imagem do futebol, só não concordo com aquilo que se faz e gasta com o futebol… e vamos ate Africa, onde há milhões com fome, gastar milhões com o futebol… por muito adepta que seja, não posso concordar!~
só mais uma achega:
Enquanto ontem assobiavam a sua selecção, eu aplaudia a minha… Olé!=)
E por mim, o meu latim termina aqui…
Mas o senhor Fernando Lopes acha que eu não tenho o direito a denegrir o futebol (como lhe chama, que eu chamo-lhe “bola”)? Essa é uma das liberdades que eu tenho: denegrir, quando quiser, a “bola”, tal como o “herói” sr. Queiroz denegriu (e de que maneira) a música portuguesa. Portanto, quem é amigo do “herói” Queiroz fique lá com a “bola” e deixe-me a mim com a (muito boa, melhor que Black Eyed Peas) música portuguesa. Eu também sou português e apoio a música portuguesa.
Não tenho nada que apoiar ou deixar de apoiar Portugal porque essa selecção da “bola” é da Federação Portuguesa de Futebol e não da República Portuguesa.
Caro Manuel Russo: e eu é que sei porquê?
Talvez porque em Portugal não se valoriza o que é nosso, a começar por esse “herói” chamado Carlos Queiroz que escolheu uma música estrangeiro para “hino” da (dele- que ele é que ganha bom dinheiro com isso)selecção da “bola”. Admiro-me é porque é que os portugueses autorizam que esse “herói” fale sequer e diga que o “hino” é este ou aquele. Eu nem posso ver o Queiroz, nem pintado com as cores da bandeira nacional. Detesto-o.
Sr. João Duarte, está no seu direito. Contudo lembro-lhe que é um campeonato do mundo de futebol!!!E não um festival da canção!!!!
Também não concordo com o “hino”, nem sou fã de Queiroz… mas sou português e apoio Portugal.Ponto.
Sra. Ana Vilardell, a selecção que gostaria de apoiar é que é pseudo – selecção(ainda nem o é oficialmente) e aquela que vai apoiar, segundo o seu critério, é ainda mais pseudo! Afinal, é composta por uma série de “estrangeiros” (catalães, galegos, bascos, brasileiros…)!…
Sim, o país vive dificuldades, mas não é só o nosso! Não deveria, por isso, haver campeonato do mundo de futebol?
Depois, ninguém aqui lhe disse que se alimenta dele, e que não deixa tudo de lado… Olhe, eu também não! Mas entre não concordar com o “hino” e estar a denegrir o futebol vai uma distância enorme…
Sr. Fernando Lopes…
Garantidamente lhe digo que não apoio “pseudo”-selecções… além disso, enquanto durar essa febre da bola, o nosso povo e os nossos governantes esqueçem-se dos graves problemas dos Pais..por isso, gosto sim do espectáculo de futebol, mas não me alimento dele, nem deixo tudo de lado, para ver uns chutos na bola…nem saio a rua para apitar!!
Duarte em parte tens razao pelo hino da selecao Portuguesa concordo contigo.
Temos cà boa musica Portuguesa e bons artistas;
Olha queria perguntar com respeito ao ROCK in RIO,desde que cheguei a Portugal tenho assistido aos concertos, afinal nao vejo muitos grupos Portugueses.
Tirando os (CHUTOS) que vi pela primeira vez no SOITO (fàbrica dos blocos) à volta de 30 anos, e que passaram aqui no ROCK in RIO, o resto é tudo estranjeiro mesmo a organizadora é Brasileira.
Podes responder porqué, estamos na capital de Portugal.
Pois eu cá, senhor Fernando Lopes, enquanto o “herói” Carlos Queiroz não pedir desculpa e mudar o “hino” não apoio ninguém. Sem quaisquer problemas de consciência. Eu apoio a 100% a música portuguesa. Quero lá saber da “bola”.
Sem dúvida, catalães puros! Mesmo sabendo, agradeço a dica. E mostra que liga ao futebol…
E se não tivesse catalães na selecção?
Eu apoio Portugal.
Sr. Fernando Lopes,
Quando o Governo de Espanha, o País que me acolhe e de que eu gosto muito, autorizar a Catalunha a ter a própria selacção, lá estarei na bancada. Caso não saiba, apoio a Espanha, onde metade da equipa “parla Catalá”: (talvez até nem saiba falar Catalão, mas eu dou dicas!!) Xavi, Iniesta, Puyol, Piqué, Valdés, e companhia… Catalães de puro sangue!!!
Esse tipo de futebol é apenas negócio.
Senhora Ana Vilardell, para quem é tão patriota, e pela Catalunha, vai apoiar a Espanha!!!??? Não diga isso aos catalães! É traição!
Se é pelos luso-brasileiros, a selecção espanhola também os usa!
Concordo convosco no que toca à música. É deprimente!
Ahaha, essa da Rússia está bem vista. Em Portugal tinham de fazer um telejornal especial por cada lugar no pódio…
Ainda bem que há mais gente que pensa como eu.
Eu até cheguei a pensar que era só eu que pensava assim, tal a loucura que nos vai invadir quando começar o Mundial da “bola”, mas afinal não.
E, se calhar, muitos calam-se só para não parecer mal, mas ficam fartinhos de “bola”.
Eu não tenho nada contra quem pratica desporto, mas a “bola” não é um desporto. É uma coisa que , para mim, não tem explicação. É telejornais a abrirem com “bola” , são declarações de dirigentes , etc. , etc., tudo coisas que não me interessam.
Quando, há uns anos li num jornal que na Rússia ( já na Rússia e não na União Soviética) os telejornais guardavam a parte do desporto para o final, pensei comigo: “olha se fosse em Portugal, com tantas medalhas que a Rússia ganha nos Jogos Olímpicos, não havia tempo para mais notícia nenhuma!!!”. Se aqui, em Portugal, até quando se ganha uma medalha de bronze temos direito a dias seguidos com isso, imaginem se Portugal ganhasse tantas medalhas como a Rússia.
Meu Amigo…
Permita-me uma confissão: Ate que enfim que encontro alguém com a minha opinião ao “pseudo”-hino da selecção e em relação ao patriotismo de 90minutos do povo português!!
Como sabe eu possuo 2nacionalidades: portuguesa e catalã (não digo espanhola, porque o meu lado é todinho da Catalunha e aí sou mesmo patriota!) e também lhe digo que este ano apoio a selecção de nuestros hermanos, pois eu gosto que na minha selecção joguem pessoas da mesma nacionalidade!!!
E já agora.. será a euforia deste campeonato, que uma vez mais, vai encher a alma aos portugueses e os fará esquçerem-se por momentos no desgoverno que vai este País…..Olé!
Amigo Duarte:
Como sabes, fui jogador de futebol, fui amador, não profissional, aqui no Sabugal. No lado esquerdo da camisola estava o emblema do clube, lutavamos por ele, lutavamos pelo prestigio da então Vila, davamos o corpo e a alma nos pelados do Distrito da Guarda.
Tudo o que não for assim, é negócio, ignorância, alienação, dinheiro, poder e corrupção.
Gravissimo, também é, o futebol ser instrumentalizado pelo poder político e mediático, O poder político fomenta assim o consenso e o conformismo. O que foram, e são as bandeiras portuguesas nos carros, varandas e janelas? Uma forma de união e consenso. Olha que não as mandam pôr para assinalar os cem anos da Implantação da República. Isso obriga a pensar em Democracia e Liberdade…