Eric Cantona foi um dos jogadores que fez história no futebol britânico dos anos 1990 ao serviço do Manchester United. Tão depressa fazia passes e golos brilhantes como agredia adversários ou até o público. O francês está no centro da última obra de Ken Loach.

E a escolha não podia ser melhor para «O Meu Amigo Eric», o mais recente filme de Ken Loach, um realizador britânico habituado a filmar a classe trabalhadora do Reino Unido e os seus problemas do dia-a-dia. Este filme conta a história do carteiro Eric, um homem na casa dos 50 que atravessa um período complicado da sua vida, com o regresso de fantasmas do passado, que surgem quando tem de voltar a ver a mãe da sua filha, o amor da sua vida que abandonou quando a bebé nasceu.
É precisamente o craque francês que serve de inspiração ao carteiro Eric, aparecendo qual génio da lâmpada enquanto o protagonista fuma substâncias ilícitas. A partir desse momento o carteiro ganha um novo melhor amigo na figura de Eric Cantona. E é o jogador que o vai ajudar a ultrapassar o mau momento, dando-lhe dicas sobre o que fazer em determinadas circunstâncias. Sempre utilizando frases feitas em francês, que deixam o carteiro Eric bastante confuso.
É assim num registo cómico que Ken Loach retrata alguns aspectos bastante sérios e actuais. Tirando o caso amoroso, que é um pouco universal (no fundo o romance entre Eric e a sua amada é como todas as histórias de amor), o filme aborda a questão da gravidez adolescente com a filha do protagonista que tem um bebé nos braços e tem de acabar a escola e os problemas de delinquência juvenil representados nos filhos de uma ex-companheira que acabaram por ser abandonados em casa de Eric e pouco fazem a não ser passar o tempo em casa a ver pornografia ou a provocar desacatos nas ruas. Estes problemas acabam com um episódio que envolve uma arma escondida em casa de Eric e mostra um certo abuso de autoridade quando alguém conta à polícia o que está escondido no lar do carteiro. O que vemos nessa cena é uma rusga em que ninguém escapa e quase que parece que a polícia quer deitar a casa abaixo, sendo uma denúncia de Ken Loach contra os poderes que as autoridades têm ganho nos últimos tempos sob a desculpa do terrorismo.
Por fim, para quem gosta de futebol e delirou com as jogadas de Eric Cantona nos anos 1990, como é o meu caso, «O Meu Amigo Eric» faz-nos recordar alguns dos mais geniais lances do futebolista. Também na vertente futebolística Ken Loach alerta para uma realidade que tem vindo a transformar o futebol numa cultura de elite, quando antes tinha sido um desporto para as massas. São disso exemplo os adeptos do Manchester United que para protestarem contra a venda do clube a um magnata norte-americano resolveram criar um novo clube. Para quem se interessar sobre esta temática aconselho um excelente livro de crónicas escrito por Nick Hornby («A Febre no Estádio») que reúne um conjunto de textos autobiográficos que contam a sua relação com o seu clube, o Arsenal, e os momentos mais marcantes da sua vida.
Quanto ao filme «O Meu Amigo Eric», é mais um retrato bem conseguido da classe trabalhadora britânica, filmado através da câmara de Ken Loach.
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«Série B», crónica de Pedro Miguel Fernandes
Olha ai este http://cinemacomrapadura.com.br/noticias/155766/johnny-depp-sera-amante-de-sua-esposa-em-novo-filme/
eu ate estou com curiosidade 🙂
Tem bom aspecto e é mais uma prova da versatilidade de Johnny Depp: tão depressa entra em filmes comerciais como entra em produções mais modestas. Talvez por isso seja uma das figuras mais emblemáticas da sua geração. Vamos aguardar para ver o resultado final.