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Página Principal  /  Espanha • Nacional / Internacional • Passeio pelo Côa • Região Raiana • Sabugal  /  O Iberismo
02 Fevereiro 2010

O Iberismo

Por António Emídio
António Emídio
Espanha, Nacional / Internacional, Passeio pelo Côa, Região Raiana, Sabugal adérito tavares, antónio cabanas, antónio emídio, guerra peninsular 1 Comentário

Os colaboradores deste Blogue, Adérito Tavares e António Cabanas, lançaram-nos como que um repto: as relações entre nós portugueses e esses vizinhos tantas vezes ignorados, que são os espanhóis. Como quase todos os que escrevemos no Capeia Arraiana, somos gente da Raia, porque não aceitá-lo?

«Guernica», Pablo Picasso (junho de 1937), Museu Rainha Sofia em Madrid - capeiaarraiana.pt
«Guernica», Pablo Picasso (Junho de 1937), Museu Rainha Sofia em Madrid

O nosso encaixe físico, esta vizinhança, faz com que tenhamos sempre os olhos postos uns nos outros. Assim foi ao longo da história. Neste post, não irei falar sobre batalhas ganhas e batalhas perdidas, nem tão pouco em nacionalismos serôdios. Falarei nos períodos de amuos e boas relações entre os dois povos.

O Iberismo é uma tendência política, espanhola, de integrar Portugal num todo ibérico. Esse Iberismo é conseguido no reinado de Filipe II . Alguns historiadores afirmam, que até essa data, Portugal se integrava sem muitos e grandes problemas numa Espanha medieval, renascentista e barroca. Era uma «pequena Espanha», mas com o surgir de novos pensamentos e correntes políticas, como o centralismo do poder, essa situação foi radicalmente posta de parte pelos portugueses a partir de 1640.

Depois desta data, cada um seguiu caminhos separados, o que deu origem a uma secular história de antagonismos. Portugal vive então de costas voltadas para Espanha, sendo assim a melhor maneira de defender a sua independência.

Só no século XIX, Portugal e Espanha têm uma postura diferente. Surge então uma espécie de Iberismo, mas este de carácter positivo, fruto das Invasões Francesas e da Guerra Peninsular. Ambas contribuíram para uma revolução ideológica, que foi o Liberalismo. Mas depressa este Iberismo deu lugar a um novo voltar de costas, fracasso da Primeira República Espanhola e proclamação da República Portuguesa. Nessa altura, em Portugal, era considerado anti-patriotismo e traição, falar em Iberismo.

Revolução de 28 de Maio de 1926, a partir daí, com toda uma séria de peripécias entre Salazar e Franco, durante a Guerra Civil Espanhola, em que Salazar apoia Franco, porque deseja uma convergência de regimes, e abomina a República, vendo nesta, ou seja, na vitória dela, o aparecimento de um Iberismo Revolucionário que levaria à queda do seu regime, o Estado Novo. Mas não esqueçamos que franco, e a Falange, sempre mantiveram, muito secretamente, uma vontade de anexar Portugal.

Vem depois a Segunda Guerra Mundial, Franco apoia os países do Eixo, chega a encontrar-se com Hitler, deseja participar na guerra. Salazar tudo faz para o dissuadir, sabe que isso traria uma invasão do território nacional pelos exércitos de Espanha e da Alemanha. Vários condicionalismos, entre eles – Hitler não aceitar uma série de condições de Franco – fazem com que a Espanha se mantenha fora da guerra.

Seguem-se anos de silêncio e calma, não há problemas. A Espanha, pela mão de alguns tecnocratas católicos da Opus Dei, entra numa liberalização económica, a partir dos anos sessenta. Liberalização económica, não política, a ideologia (ditadura) sempre esteve nas mãos de Franco. Portugal mantém-se inalterável, tanto política como economicamente. O que faziam os povos da fronteira, o que fazíamos nós, raianos, por estes lados? Contrabando, fazer compras nas povoações espanholas de fronteira, sempre com receio às autoridades, casamentos entre espanholas e portugueses, e vice-versa, idas e vindas entre caminhos e veredas, havia portugueses que tinham pequenas terras agrícolas em Espanha. As populações davam-se bem, apesar dos nacionalismos e proteccionismos dos seus governantes.

Revolução de 25 de Abril de 1974 em Portugal, começa a evolução para a democracia em Espanha (A Transição) . Franco ainda pensa em invadir Portugal, caso o Partido Comunista Português se instale no governo.

Começa uma mudança ideológica que se reflectiu em todos os sectores.

Em 1981 há uma tentativa de golpe de estado em Espanha, feito pelos militares saudosistas do Franquismo. A concretizar-se, seria mais um período de tensão entre os dois países e muitos democratas espanhóis se refugiariam em Portugal. Falei com um, que andou pela serra á procura de caminhos que o trouxessem a Portugal, não só a ele, mas a muitos outros que tinham contactado com ele. As fronteiras entre os dois países fechariam, e as perseguições políticas começariam.

Vem 1986, entrada conjunta de Portugal e Espanha na União Europeia, então CEE.

Chegou-se ao fim da história nas relações entre os dois países? Ainda não.

A história caminha para diante sem deixar para atrás o passado. Vivemos presentemente num Iberismo positivo, isto não quer dizer que um dia volte um Iberismo negativo.

Num dos artigos que escrevi para este Blogue, intitulado «Que Federação Ibérica?», disse que houve, e há, autarcas do Concelho que fizeram e fazem um grande esforço no intuito de uma aproximação cultural e económica com as populações do outro lado da fronteira. A história concelhia lembrar-se-à deles com fomentadores de um Iberismo são, e talvez precursores de uma Confederação Ibérica de Nacionalidades. São símbolos de paz e progresso.

Uma pequena história para terminar:

Quando Franco entra em Madrid, e se proclama vencedor da Guerra Civil, num clube, aqui na então Vila do Sabugal, estava toda a gente com atenção ao rádio que transmitia o acontecimento. Possivelmente o Rádio Clube Português, que durante a guerra transmitia programas de apoio às tropas franquistas. Ouve-se então uma voz clamar bem alto:
– Legionários!!! Isto ouve-se em sentido!!!

Foi o comandante da Legião Portuguesa da Vila que lançou esta ordem para os legionários presentes, tal era o fervor ideológico!

Escusado será dizer que toda a gente se pôs de pé e em sentido, legionários e não legionários, estes últimos com medo, não fosse o diabo tecê-las…

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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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António Emídio
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Origens: Sabugal :: :: Crónica: «Passeio pelo Côa» :: ::

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1 Comentário

  1. Avatar João Lopes Aguiar Responder
    Quarta-feira, 10 Fevereiro, 2010 às 3:07

    Olá a todos,

    Deixei também a minha opinião sobre este assunto num post do vosso blog com o mesmo tema: https://capeiaarraiana.pt/2010/02/03/iberismo-nunca/

    Mas se permitirem, e por achar que é sobre um assunto tão importante – a soberania de Portugal – deixo abaixo uma cópia do que escrevi no outro post:

    Um abraço.

    Caros,

    Se acreditam no Iberismo, façam o que quiserem, mas lembrem-se que esta ideia é claramante uma ofensa a Portugal e é um tremendo erro, pois desrepeita 900 anos de independência e soberania do Povo Português.

    O Iberismo é também uma perigosa falácia que coloca em risco a economia portuguesa. A divulgação desta ideia primeiro na sociedade espanhola, de seguida na portuguesa, na sociedade latino-americana e depois no resto do mundo, transparece para a Opinião Pública Mundial a queda de um estado soberano com 900 anos de existência.

    É justo?

    Isso fará com que não seja só difícil viver na Raia mas em todo Portugal. Haveria menos investimento estrangeiro, menos auto-estima nacional, menos produção interna, menos trocas monetárias no país, menos exportações, e como consequência disso haveria menos comida na mesa de todos nós, Portugueses.

    Seria inclusivamente mau para Espanha, pois toda a zona euro sentiria este efeito e teria depois que bancar a recuperação, como está a acontecer agora com a Grécia.

    O mais revoltante é que esta ideia racista do Iberismo está a ser cada vez mais transposta para a Opinião Pública espanhola, e foi despoletada por uma manipulação dos média estatais espanhóis – TVE, El Pais, e consequentemente outros mais.

    Iniciada pelo facto de Saramago, que vive em Espanha e se apaixonou por uma espanhola, dizer publicamente que apoia uma união ibérica, isso agora é motivo para que frequentemente o governo espanhol e os média por eles controlados “lavem o cérebro” aos seus cidadãos?

    Depois das declarações de Saramago, a TV pública espanhola TVE começou a regularmente divulgar peças e notícias sobre o tal Iberismo. Veio também o El Pais regularmente denegrir a imagem de Portugal e divulgar estatísticas duvidosas.

    Vejam por favor aqui:

    http://www.youtube.com/watch?v=Eq86wgISn4M&feature=related
    http://www.elpais.com/articulo/internacional/portugueses/apoya/union/politica/Espana/elpepuint/20090728elpepuint_12/Tes
    http://bit.ly/JPODj
    http://noticias.terra.es/espana/2009/0927/actualidad/espana-portugal-futuro-unidas-solo-pais-elecciones-iberismo.aspx

    E depois da publicação das peças da TV pública espanhola, surgiram situações ainda mais desespeitadoras, por parte de Espanhóis:
    Hino Ibérico em resposta ao Hino Português:

    Nas redes sociais multiplicam-se já as dezenas de grupos apoiantes do Iberismo, praticamente todos criados e apoiados por Catalães, que ganhariam mais autonomia com a conquista de Portugal, e Madrid que teria mennos problemas com atentados da ETA e Al-Qaeda, por exemplo.

    Lentamente, desde há dois anos para cá, quando a TVE começou a difundir esta ideia do Iberismo, a Espanha está-se a mentalizar de que pode mandar em Portugal e que isso será uma solução para os seus problemas. A verdade é que os meios de comunicação Espanhóis são muito mais sensacionalistas e tentam desviar muito, ainda muito mais do que em Portugal, as atenções dos verdadeiros problemas do país:

    – O País Basco que explode bombas todos os meses.
    – A Catalunha que frequentemente quer alterar o seu estatuto de autonomia.
    – O Povo Galego a quem Madrid quer agora retirar a soberania linguística, acabando com o ensino e o acesso à função pública em Galego.
    – Uma taxa de desemprego que é em geral de 20%, o dobro da Portuguesa.

    O racismo em Espanha está por todo o lado. E com os portugueses ainda é maior. Tratam-nos como um povo inferior e por vezes como a terroristas como me trataram a mim quando me revistaram em Sevilha com recurso à violência, apenas porque tinha barba e uma mochila às costas. Isto nunca me aconteceu em Portugal, pois quem quer ter barba e cabelo compridos pode andar à vontade nas ruas.

    Não tem já Espanha problemas que cheguem?
    – Onde 20% das pessoas não trabalham
    – Onde em dois meses que lá estive em viagem, explodiram 6 (SEIS!) bombas.
    – Onde tratam os estrangeiros com desprezo, arrogância, e em especial connosco portugueses fingem que não nos entendem.
    – Onde os comboios explodem com ataques terroristas, reflexo da sua políticas internacionais arrogantes.

    Ainda querem trazer problemas para Portugal?
    E pensar que vão resolver os problemas com esta União Ibérica? É uma pura falácia.

    Portugal é o único povo verdadeiramente livre da Península Ibérica. Todos os outros estão sobre o jugo de Madrid e da coroa de Castela.

    A tendência deveria ser a libertação dos outros povos ibéricos do domínio de Madrid e de Castela e nunca o contrário.

    Portugal é um país de valores, uma história quase milenar, com 900 anos de história e tem as fronteiras continentais mais antigas e estáveis da Europa, desde 1297 com o Tratado de Alcanizes.

    Deixo abaixo ligações sobre a História de Portugal, os quais aconselho a leitura para um aprofundamento do conhecimento do nosso povo, pois em honra de um passado tão longo e glorioso, devemos pelo menos um presente tão bom ou melhor:

    http://www.historyworld.net/wrldhis/PlainTextHistories.asp?historyid=ab46
    http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_Portugal
    http://books.google.com/books?id=aVILAAAAYAAJ&q=histoire+de+portugal&dq=histoire+de+portugal&source=bl&ots=J4t9unKUBV&sig=KDxDNhhOxtJYBV7rsbxZryMkYpo&hl=pt-BR&ei=gONxS7GAKJaSjAeO7azLCw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=4&ved=0CBQQ6AEwAw#v=snippet&q=histoire%20de%20portugal&f=false
    http://en.wikipedia.org/wiki/Portuguese_Empire

    Portugal está agora a atravessar uma má fase política, económica e diplomática no nosso país, mas juntos e em equipa vamos com certeza ultrapassá-la, superando as nossas expectativas. Defendamos a camisola que já vestimos há tantos séculos. Sem extremismos mas com auto-estima para acreditarmos de que somos capazes do que sonharmos.

    Portugal:
    Yes, We Can!
    Sim, Nós Conseguimos!

    Um abraço,
    João Lopes Aguiar

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