Os chefes Michel e Olivier apresentaram cozinha «gourmet» sobre carris durante uma viagem do Alfa Pendular da CP. Cogumelos e castanhas fazem parte das refeições oferecidas no restaurante do comboio ou para levar para casa no final da viagem. Mas a próxima «temporada» vai ter no menu… trutas de Manteigas.
O chefe Michel nunca tinha imaginado cozinhar a mais de 200 km/hora mas fê-lo esta quarta-feira a bordo de um comboio que fazia a ligação Lisboa-Porto na apresentação das novas ementas do serviço Alfa Pendular da CP.
Com uma bancada improvisada, assente sobre dois bancos da carruagem, uma placa de indução, um tacho, alguma ginástica e o apoio dos seus alunos, Michel preparou a entrada para a refeição servida a cerca de 80 convidados.
«Hoje, foi uma grande primeira vez para mim, porque cozinhei a 220 à hora. Nunca tinha feito isto. Hoje fizemo-lo com uma grande tranquilidade, com uma tecnologia muito avançada, que é a indução. O segredo está nas ervas», confessou o chefe Michel enquanto adicionava uma mão de salsa, coentros e manjericão picados ao «guisadinho de cogumelos».
Os convidados experimentaram alguns dos menus do «serviço extra» de Michel que vão acompanhar o próximo ciclo de ementas deste conceito de cozinha «gourmet em movimento», idealizado pelo seu filho, o chefe Olivier. Confeccionados no Atelier de Cozinha Michel foram servidos os cogumelos, um creme de galinha e castanhas e os pratos de peixe (lombo de bacalhau fresco com molho de manteiga e ervas aromáticas), carne (rojões de porco à portuguesa com migas de grelos e feijão frade) ou massa (farfalle com molho de camarão e fígado de pato), seguidos de sobremesa.
«Escolhemos um chefe português conhecido para dar a imagem a esta parceria da comida nos comboios. O Michel e o Olivier são uma aposta de prestígio que permite ter uma oferta de alta qualidade. É um dos serviços mais interessantes desta natureza na Europa. Eu diria que único», afirmou Cardoso dos Reis, presidente da CP em declarações à agência Lusa.
Os passageiros do Alfa Pendular passam assim a ter disponíveis, a 6,90 euros, caixas herméticas com sopa, prato principal e sobremesa para levar para o lugar ou para casa.
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Curiosa é a afirmação do chefe Michel que já pensa na próxima época que arranca dentro de seis meses: «No ciclo que vem tenho trutas. Vou buscar as trutas a Manteigas. Porquê? Porque temos em Portugal as melhores trutas do Mundo.» Nós por cá, como diz aquele programa da SIC, não gostamos que se saiba que também temos as melhores trutas do Universo: as do Rio Côa. Porquê? Porque (quase) nunca as promovemos. Porque não sabemos falar delas. Porque não fazemos nenhum festival da truta. São só para nós. Não queremos que mais ninguém saiba.
jcl
Voltamos a bater na mesma tecla.
Qualificar, Valorizar, Promover, são valores que parecem estar esquecidos por muitos dos responsáveis sejam eles técnicos ou políticos.
É óbvia a necessidade de definir estratégias e incutir um espírito de colaboração.
Trabalhar em prol da divulgação do concelho é algo que exige muitíssimo das pessoas, e não pode ser feito com amadorismos.
TODOS temos que valorizar e promover as nossas mais valias, sejam elas patrimoniais ou humanas e tudo o que for contra isto é contra o desenvolvimento do Sabugal.
Pena que hoje isso não aconteça e a tendência é para piorar.
Penso que nisso a construção da barragem tem grande parte da culpa.
De repente lembro-me de dois factores (que penso serem essenciais à sobrevivência da truta, mas que não se verificam neste momento):
1. O inconstante caudal do rio.
2. O aparecimento do achigã, um predador para a truta.
Não sei se estou certo, quanto à existência de achigã no rio, mas foi o que ouvi.
Aliás o Côa é desde a antiguidade conhecido pela excelência das suas trutas.
É verdade João Valente, mas essa era a truta selvagem do côa, a Truta Fario que se alimentava de insectos, larvas, peixes, pequenos roedores etc., não devemos confundi-la com a arco-íris dos viveiros alimentada a ração. Estas duas situações pertencem a mundos diferentes, e não devemos confundi-las.