IDADE E SEXO DOS RÉUS SABUGALENSES – De um total de 143 processos das Inquisições de Lisboa, Coimbra e Évora referentes a naturais ou/e residentes no actual território do concelho do Sabugal entre os séculos XVI e XVIII, apenas 81 (57%) exibem a idade dos réus na descrição elaborada pela Torre do Tombo.
Ler MaisEntre as iluminações de Natal, a moda e as comemorações dos 150 anos do nascimento de Jean Jurés, esse grande socialista francês assassinado no início da I grande Guerra, uma visita a Paris permite sempre algumas descobertas e outras tantas agradáveis sensações. A razão da actual visita é o Marché de Nöel, onde Penamacor participa com artesanato e produtos locais, designadamente com os da marca «Terras do Lince».
Ler MaisNa meada do século XX os jovens estudantes que aportavam na cidade da Guarda viviam intensamente os momentos que passavam juntos. O convívio era são e a amizade era profunda. Falava-se de literatura, escreviam-se sonetos, planeavam-se serenatas à janela das moças e ia-se beberricar e petiscar à Cova Funda, a mais emblemática taberna da cidade.
Manuel Poppe, que estudou na Guarda por razões de saúde, pois fora-lhe aconselhado o ar da montanha, descreveu no seu livro «Memórias, José Régio e Outros Escritores» muitas dessas vivências de adolescente.
Aí conviveu com muitos jovens estudantes do distrito, que estudavam na cidade, entre os quais Pinharanda Gomes: «Um dos companheiros de lazer e discussão era o Pinharanda Gomes, lembro-me de planearmos um levantamento contra o regime, que envolveria o quartel da Guarda e duas camionetas de quadrazenhos».
Saindo da cidade, acompanhava por vezes alguns amigos que iam de fim-de-semana às suas terras. Assim conheceu as aldeias e os casais humildes da Beira, os «lares negros do fumo, com os enchidos pendurados e os caldeiros de ferro». Era gente pobre, que recebia com gosto quem lhe passava por casa, ainda que a comida fosse parca: «Uma vez, a mãe do Claudino, parceiro de futebol que morreu em 1962, em Angola, recebeu-me com um almoço especial: doze ovos estrelados. Era o melhor que podia oferecer.»
Por pertencer a família remediada, o pai era juiz, o jovem Manuel Poppe também viajava e experimentava os sabores de cada terra. Isso mesmo aconteceu numa pensão em Vila Nova de Paiva, onde as refeições eram servidas à mesa comum e a conversa entre o pai e um hóspede meio imbecil estava turva e agreste, valendo a comida que veio à mesa:
«A Dona Aurora, a patroa, trouxe a terrina fumegante, a canja de galinha com arroz e ovinhos a boiar, e o ambiente desanuviou-se.
– Ora aqui vem a sopinha!…».
A páginas tantas Manuel Poppe, que já adulto viajou muito e conheceu Mundo, revela-nos que é, afinal, um profundo apreciador da boa gastronomia. Fá-lo reagindo à afirmação de um amigo, com quem almoçava num restaurante, de que gostava que inventassem pílulas alimentícias porque a comida não lhe interessava para nada:
«Ora eu sempre apreciei a boa mesa: a boa comida e os bons vinhos, não entendo que se viva sem eles. É uma falha. Nas terras, nos países em que fui e vivi, apreciei a gastronomia, componente fundamental de culturas. Que disparate desprezar o ensopado de cabrito de Aldeia da Serra, a caminho do Redondo, ou as sopas de sarrabulho de Famalicão (onde me levava o meu querido amigo Rui Polónio Sampaio); o pato assado de Mântua (no Cigno d’Oro); o calulu de S. Tomé; o delicioso “tcholent” oferecido pela Shlomit, às sextas-feiras, no café Dizza, em Telavive!».
«Sabores Literários», crónica de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com