«As confrarias gastronómicas e as associações defendem a preservação de produtos regionais e tradições divulgando-os. Por isso são importantes agentes culturais», escreve esta quarta-feira na sua crónica «Arroz com Todos» o sabugalense João Valente. «É tempo de unir esforços e apostar na riquíssima gastronomia raiana e na sua promoção turística», acrescentamos nós. O Capeia Arraiana esteve à fala com Luís Camarada, presidente da Confraria do Atum, e entusiasta da divulgação da gastronomia e da cultura do concelho algarvio de Vila Real de Santo António.
Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Fazem parte da cultura de um povo, por exemplo, as seguintes actividades e manifestações: música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, dança, arquitectura, invenções, pensamentos e formas de organização social.
Uma das capacidades que diferenciam o ser humano dos animais irracionais é precisamente a capacidade de produção de cultura.
Portanto tudo o que diga respeito à gastronomia e aos costumes de um povo, é cultural e importante.
As confrarias gastronómicas e associações, defendem a preservação de produtos regionais e tradições, divulgando-os. Por isso são importantes agentes culturais.
Como agentes culturais, preservam a cultura, certificando produtos, divulgando os produtos e tradições através de eventos, levando a cabo acções de formação nos restaurantes que servem os produtos de acordo com as tradições de uma região, preservando saberes e manifestações culturais de um povo e são importantes parceiros das autarquias locais, dos agricultores e dos agentes económicos, porque incentivam a economia e produção locais.
Estou a lembrar-me, a título de exemplo da «Confraria do Bucho Raiano» que pode promover a criação do porco bízaro e a gastronomia local; ou das associações, como a dos «Amigos de Aldeia da Ponte», que divulgando as capeias, promovem o turismo.
As confrarias e associações são a afirmação de um movimento na defesa do património cultural de uma região. São cultura viva, um elo na cadeia de transmissão entre gerações, do património colectivo.
Numa sociedade rural e agrária como a nossa, marcada até à década de sessenta pelo analfabetismo, e geográfica e politicamente isolada, a transmissão oral constituiu desde sempre o processo insubstituível de transferência de saberes transgeracional, em que o património imaterial, passado oralmente de geração em geração, representou não só um mecanismo de afirmação e preservação identitária e sobrevivência da nossa comunidade.
Com a desertificação humana acelerada que actualmente se verifica no interior, nomeadamente na região de Riba-Côa, há o risco o risco de se quebrar esta cadeia entre gerações, tornando inviável, a breve prazo, até a recolha deste património, por escassez de fontes.
Por esta razão, mais do que nunca é importante o papel das confrarias e associações culturais na recolha preservação, transmissão e divulgação do nosso património colectivo.
Por isso, os nossos jovens, em vez de menosprezarem estes movimentos culturais, devem aderir a eles com entusiasmo, porque preservam e transmitem a memória dos gostos, paladares, tradições e saberes dos nossos antepassados.
E um povo se não preserva a sua memória, perde a identidade própria; e logo a seguir, morre como povo!
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
Manuel António Pina «é, sem dúvida e a grande distância, o melhor comentador da vida política deste condenado país», assegura Manuel Poppe, que ainda acrescenta outra sua grande qualidade: «É do Sabugal, é da Beira-Alta!»
O escritor Manuel Poppe transcreveu para o seu blogue «Sobre o Risco», uma crónica de Manuel António Pina editada no Jornal de Notícias, na edição de 30/11/2009, intitulada «Corrupção e Gastronomia», onde comenta de forma irónica o desenvolvimento do caso «Face Oculta».
O post com a crónica de Manuel António Pina mereceu um comentário do autor de outro blogue, o «Trepadeira», que enalteceu o artigo de MAP: «Lindo. Já há muito não ria com tanta vontade. Será para não chorar. Pelo menos desopila o fígado.»
Este comentário mereceu uma resposta de Manuel Poppe, editando um novo post de elogio a Manuel António Pina:
«Meu Caro:
Não me admira que a crónica de Manuel António Pina lhe tenha agradado e o tenha afastado da depressão que ameaça todos os portugueses honestos…
O Manuel A. Pina, admirável poeta, Mestre de jornalismo – é, sem dúvida e a grande distância, o melhor comentador da vida política deste condenado país.
A ironia de Pina, aliada à sua fina inteligência, é um remédio santo! Mas também pode fazer chorar.
Depois: além dessas qualidades, ele tem outra: «É do Sabugal, é da Beira-Alta!»
O post de Manuel Poppe vem ilustrado com uma fotografia de MAP aquando da homenagem que este ano, a 4 de Abril, a Junta de Freguesia do Sabugal lhe fez na sua terra natal. A foto é da autoria do também sabugalense Kim Tomé.
Artigo de Manuel António Pina «Corrupção e Gastronomia». Aqui.
plb