Dois mundos em conflito surgem em «BirdWatchers – A Terra dos Homens Vermelhos», um filme de propaganda a favor dos índios da Amazónia e das suas terras roubadas pelos conquistadores europeus.
Passado nos dias de hoje, o filme «BirdWatchers» centra-se na história de um grupo de índios da Amazónia que deixam a reserva onde estão confinados, como animais num jardim zoológico, para se estabelecerem perto da terra de um fazendeiro, que dizem ser a sua terra de origem. Só que chegados aqui, de início um punhado de homens e no final praticamente uma tribo inteira, nem tudo são rosas. O que antes era mato e lhes garantia sustento, agora são plantações ao serviço do fazendeiro.
Neste cenário sem esperança o líder da tribo mostra-se bastante fiel aos seus princípios e recusa abandonar o espaço que já foi dos seus antepassados. Uma das provas, e talvez uma das cenas mais fortes do filme, é quando este personagem agarra um bocado de terra e a come, para espanto dos fazendeiros que o tentam expulsar, temendo que esta ocupação seja vista como exemplo e acabe por ser imitada por outros.
Mas por mais que tenhamos pena (ou não) dos índios, que correm o risco de perder as suas tradições em prol do dito progresso, há também o lado do fazendeiro, que defende que aquela terra também é dele, pois foi comprada pelo seu pai. É aqui que o BirdWatchers nos coloca perante um dilema: quem tem razão? O ocupante ou o ocupado?
Para quem vê o filme é claro o ponto de vista do realizador, Marco Bechis. O mau é o homem branco, que tudo faz para expulsar a tribo. Não só lhe ocupou a terra, como tudo faz para o afastar outra vez. Começa por acampar um lacaio ao pé do acampamento, cuja única tarefa é meter medo aos ocupantes e acaba por ter de matar o chefe da tribo, com a ajuda de outros fazendeiros. Como consequência foge da região para deixar acalmar os ânimos.
Mas o destino dos índios está traçado: a extinção iminente. Pelo menos é a mensagem que acaba por ser transmitida em jeito de conclusão, num texto onde Marco Bechis opta por pedir aos espectadores para ajudarem os índios doando dinheiro para a sua causa. É o chamado cinema de causas, mas afinal, quem tem razão?
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«Série B», crónica de Pedro Miguel Fernandes
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