De regresso ao Cortejo de Oferendas de 1947, a favor do Hospital do Sabugal, temos hoje a representação da freguesia de Rendo.

A convite da Confraria do Atum de Vila Real de Santo António reuniram-se no sábado, 21 de Novembro, na cidade fronteiriça do levante algarvio 13 confrarias gastronómicas de todo o País. Após ter sido entronizado confrade de honra o presidente do município local, Luís Gomes, aproveitou para divulgar que vai ser criado um núcleo museológico onde o atum será rei. A Confraria do Bucho Raiano do Sabugal marcou presença nas festividades do I Capítulo dos confrades do atum.
A viagem de automóvel até ao Algarve foi longa e molhada. A deslocação teve como objectivo representar a Confraria do Bucho Raiano na jornada de apadrinhamento da recém-constituída Confraria do Atum de Vila Real de Santo António.
Os membros das 13 confrarias convidadas concentraram-se na Praça Marquês de Pombal, sala de visitas da cidade desenhada com ruas perpendiculares e casas de dois pisos pelo secretário de Estado do Reino do Rei D. José I.
Antes do desfile dos confrades trajados a rigor pelo centro urbano até ao Centro Cultural António Aleixo os participantes foram presenteados com uma prova de vinhos e degustação de queijos algarvios numa enorme tenda branca montada no meio da praça.
Após a recepção e as boas-vindas a todos os participantes as confrarias desfilaram pelas principais artérias do centro da cidade até ao Centro Cultural António Aleixo
O protocolo da entronização teve lugar no Centro Cultural António Aleixo e foi antecedido de um prelúdio musical interpretado pelo pianista Osvaldo Azul. O pároco local deu início à cerimónia com a benção das insígnias dos novos confrades.
Após a entronizado como «confrade honorário» o presidente do município local, Luís Gomes, revelou durante o seu discurso que tinha sido dado o primeiro passo para transformar a cidade na capital do atum e conquistar novos visitantes pelo paladar. O executivo camarário tinha assinado – momentos antes – um protocolo que prevê o lançamento de um concurso público para iniciar no primeiro semestre de 2010 as obras do núcleo museológico dedicado ao atum.
Os representantes das confrarias madrinhas – Gastrónomos do Algarve e da Chanfana de Vila Nova de Poiares – discursaram na cerimónia do I Capítulo da Confraria do Atum onde estiveram representadas a Confraria do Bucho Raiano do Sabugal, dos Gastrónomos do Algarve, de Baccus, da Chafana, do Melão de Almeirim, do Velhote, da Lampreia de Penacova, do Bacalhau, do Azeite do Fundão e do Queijo da Serra da Estrela e do Queijo da Ilha de São Jorge.
A ementa do jantar incluiu alguns pratos exótico ou pouco habituais. As entradas tinham Muxama de Atum, Estupeta de Atum, Troncos de Atum com sementes de sésamo e Salada de Atum com couscous. Como pratos principais foram confeccionados Orelha de Atum, Feijoada de Atum, Bifinhos de Atum à Portuguesa e Bifinhos de Atum à Vila Real de Santo António. As sobremesas dividiram-se entre salada de frutas e… gelado de atum.
Segundo o Presidente da Confraria do Atum, Luís Camarada, a jornada teve como objectivos a promoção do atum e da cidade e a conquista para Vila Real de Santo António do título de «capital gastronómica do atum».
Recorde-se que a Confraria do Atum – criada em Outubro de 2008 – já realizou diversas actividades, entre as quais uma Estupeta Gigante e, em Maio de 2009, o I Congresso do Atum que decorreu em Vila Real de Santo António.
O Capeia Arraiana aproveitou para estar à fala com o presidente da Confraria do Atum, Luís Camarada. A entrevista com o principal dinamizador da promoção do atum algarvio vai ser publicada na próxima quarta-feira.
jcl
Em Vila Real de Santo António já chegaram a laborar 30 fábricas de conserva e transformação de atum. Agora resta apenas uma e a Confraria do Atum quer conservar e defender as tradições do levante algarvio.
jcl
A A23, popularmente conhecida como a Auto-estrada da Beira Interior, passa pelos distritos de Santarém, Portalegre e pelas cidades da Beira Baixa, Castelo Branco, Fundão e Covilhã. Do troço de Castelo Branco à Guarda, existem treze variantes às cidades, vilas e povoações da Beira Baixa e nenhuma na Beira Alta, a não ser no seu terminus no nó com a A25, na Guarda. A bem da verdade deveria ser conhecida como a auto-estrada da Beira Interior Sul.
Estão abertas as inscrições para um curso de formação profissional em Hidrobalneoterapia orientado pelo Cinágua nas Termas do Cró, no Sabugal e nas Termas da Fonte Santa de Almeida.
Tem início a 4 de Janeiro de 2010 uma acção de formação profissional para técnicos de hidrobalneoterapia e de hidroterapia ministrado pelo Cinágua – Centro de Formação Profissional para a Indústria do Engarrafamento de Águas e Termalismo em parceria com as Câmaras Municipais do Sabugal e de Almeida.
O curso de formação nível 3 com a duração de 1566 horas decorre durante 11 meses e tem como destinatários jovens com idades entre os 18 e os 23 anos com o ensino secundário completo (12.º ano) mas sem qualquer qualificação profissional.
Os formandos com aproveitamento ficam habitados com uma qualificação profissional que lhe dará acesso a candidaturas de trabalho em estâncias termais, clínicas de fisioterapia e SPA’s.
As aulas de formação terão lugar nas Termas do Cró, no Sabugal e nas Termas da Fonte Santa em Almeida.
Para mais esclarecimentos e inscrições devem ser contactados os serviços de apoio da Cinágua (tel. 213874405) e da Câmara Municipal do Sabugal (tel. 271752230).
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Agostinho da Silva está perpetuado em Barca d’Alva com monumento do escultor Eugénio Macedo. Uma excelente iniciativa do Município de Figueira de Castelo Rodrigo. O monumento ainda não foi inaugurado mas já se encontra no local escolhido.
A Confraria do Azeite marcou para o próximo dia 12 de Dezembro, na Covilhã, a cerimónia do VI Capítulo que inclui a entronização de novos confrades e onde se incluem, entre outros, o presidente do Partido Popular, Paulo Portas.
Entre os novos confrades, provenientes de áreas como a saúde, desportos motorizados, tauromaquia, hotelaria, universidades, empresas e comunicação, contam-se o presidente do Partido Popular, Paulo Portas, o Governador Civil de Viseu, Miguel Machado e o embaixador português em Inglaterra, José Gregório Faria.
A Confraria do Azeite – Cova da Beira, criada em 2004 e sedeada no Fundão, tem por objectivo contribuir para a defesa, prestígio, valorização, promoção e consolidação da qualidade do azeite português, nomeadamente o que se produz na Cova da Beira, concelhos de Fundão, Belmonte e Penamacor.
Consciente da transversalidade e versatilidade do azeite, produto oriundo de muitas regiões de Portugal, a área de acção da Confraria visa, assim, ter um âmbito nacional.
Considerado um dos melhores a nível mundial, o azeite português tem, na Confraria, aquele que é, talvez, o seu principal defensor e promotor institucional e o agente que mais tem pugnado pela imposição do azeite nacional como produto decisivo para a economia como para o equilíbrio da saúde.
Perante a crescente importância económica, social e ecológica da cultura da oliveira, foi considerado fundamental, pelos olivicultores da região da Cova da Beira, a criação da Confraria do Azeite com o objectivo claro de consolidar o azeite e a azeitona de mesa produzidos na região.
jcl
Nenhum escritor português ganha a Eça de Queirós nas referências à nossa cultura gastronómica. Os seus fascinantes textos em prosa abordam recorrentemente a importância do alimento na cultura humana. O comer e o beber são facetas da vida social a que Eça dá presença. Na ficção como nos textos jornalísticos, e mesmo na correspondência, encontramos sucessivos louvores à nossa gastronomia tradicional.
O creme queimado de «A Cidade e as Serras», a sopa juliana e a cabidela de «O Crime do Padre Amaro», o bacalhau com pimentos e grão-de-bico do «Fradique Mendes: Memórias e Notas», a sopa seca e os ovos com chouriço de «A Ilustre Casa de Ramires», são referências obrigatórias para qualquer compilação das receitas literárias queirosianas.
Mas nenhuma das ementas retiradas dos seus livros chega, em estilo e em grandeza, às receitas do caldo de fígado e moelas e do arroz de favas, vertidas nas páginas de «A Cidade e as Serras». É de um enquadramento deslumbrante.
O fidalgo Jacinto chega do luxo de Paris para visitar a sua quinta em Portugal, que mandara sujeitar a obras. Rodeado de confortos, viajou de comboio e aportou na estação de Tormes, onde, inesperadamente, ficou despojado das bagagens, que não chegaram a ser descarregadas, apenas com a companhia do amigo e confidente Zé Fernandes (o narrador), que com ele viajara. Outros desacertos os impediram de se alojarem no solar e, desesperados, acabam por ser conduzidos à pobre mas remediada habitação do caseiro da quinta, o Melchior, que abnegadamente os alimentou e acomodou.
A fome imperava quando os caseiros os levaram à mesa, no meio da maior das humildades, fazendo o melhor pelo fidalgo. Zé Fernandes temeu o pior: aquela alma não estava habituada a outra coisa que não fosse a requintada comida parisiense, rodeada de asseios e aparências, que ali faltavam. A franqueza era muita e louvável, mas a carência e a simplicidade da casa popular portuguesa não deixavam qualquer esperança. O Jacinto sucumbiria à falta dos luxos e dos sabores divinais a que estava habituado. Mas puro engano. A cozinha tradicional portuguesa fez o milagre.
«Uma formidável moça, de enormes peitos que lhe tremiam dentro das ramagens do lenço cruzado, ainda suada e esbraseada do calor da lareira, entrou esmagando o soalho, com uma terrina a fumegar. E o Melchior, que seguia erguendo a infusa do vinho, esperava que suas Incelências lhe perdoassem porque faltara tempo para o caldinho apurar… Jacinto ocupou a sede ancestral – e durante momentos (de esgazeada ansiedade para o caseiro excelente) esfregou energicamente, com a ponta da toalha, o garfo negro e a fusca colher de estanho. Depois, desconfiado, provou o caldo, que era de galinha e recendia. Provou – e levantou para mim, seu camarada de misérias, uns olhos que brilharam, surpreendidos. Tornou a sorver uma colherada mais cheia, mais considerada. E sorriu, com espanto: – “Está bom!”
Estava precioso: tinha fígado e tinha moela; o seu perfume enternecia; três vezes, fervorosamente, ataquei aquele caldo.
– Também lá volto! – exclamava Jacinto com uma convicção imensa. – É que estou com uma fome… Santo Deus! Há anos que não sinto esta fome.
Foi ele que rapou avaramente a sopeira. E já espreitava a porta, esperando a portadora dos pitéus, a rija moça de peitos trementes, que enfim surgiu, mais esbraseada, abalando o sobrado – e pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz com favas. Que desconsolo! Jacinto, em Paris, sempre abominava favas!… Tentou todavia uma garfada tímida – e de novo aqueles seus olhos, que o pessimismo enevoara, luziram, procurando os meus. Outra larga garfada, concentrada, com uma lentidão de frade que se regala. Depois um brado:
– Óptimo!… Ah, destas favas, sim! Ó que fava! Que delícia!»
«Sabores Literários», crónica de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
Depois da poeira da batalha eleitoral, é preciso que cada um, entre vencedores e vencidos, saiba encontrar o seu papel, na tradução exacta do mandato que lhe foi confiado pelos votos dos eleitores. Uns e outros, embora de forma diversa, assumiram compromissos e responsabilidades perante os sabugalenses e estes esperam que os seus eleitos estejam à altura de tais desafios.
Os dados divulgados agora pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos a 2007, indicam que o Sabugal é dos concelhos do país com mais baixo poder de compra, apresentando um Indicador per Capita (IpC) de apenas 51,47.
Na Beira Interior Norte, NUT onde o Sabugal se inclui, apenas a Mêda tem menor indicador per capita (49,19) do que o do Sabugal. A Guarda é o concelho melhor colocado no índice (91,70), seguido Almeida (72,9), Pinhel (58,71), Manteigas (58,49), Trancoso (57,32), Celorico da Beira (55,72) e Figueira de Castelo Rodrigo (54,8).
O Sabugal representa 0,055 por cento do poder de compra nacional e a Beira interior Norte, como um todo, contribui por sua vez com 0,735 por cento.
O IpC pretende traduzir o poder de compra manifestado quotidianamente, em termos per capita, nos diferentes municípios ou regiões, tendo por referência o valor nacional (100).
Em 2007, dos 308 municípios portugueses, 39 superavam o poder de compra per capita médio nacional. Os valores de IpC mais elevados verificam-se nos territórios metropolitanos de Lisboa e do Porto. O município de Lisboa apresenta o IpC mais elevado (235,7), mais do que duplicando o índice nacional, e nas 15 primeiras posições correspondentes a um IpC superior a 120, encontram-se mais cinco municípios da área metropolitana de Lisboa: Oeiras (173,0), Cascais (155,7), Alcochete (144,8), Montijo (137,6) e Almada (121,4). No território metropolitano de Porto, destacam-se os municípios do Porto (170,5), de São João da Madeira (131,7) e de Matosinhos (127,9).
Além dos territórios metropolitanos, também os municípios correspondentes a algumas capitais de distrito revelam, um poder de compra per capita superior à média nacional, destacando-se Faro (141,6), Coimbra (139,1) e Aveiro (134,0). Mereciam, ainda, destaque o Porto Santo (139,9) e o Funchal (135,4), na Região Autónoma da Madeira, e Sines (127,6), no Alentejo Litoral
No referente a agregados regionais, as regiões de Lisboa e do Algarve registam em 2007 os IpC mais elevados do território nacional.
Entre as regiões que ficam aquém da média nacional, destaque para o Norte e Centro do país, onde surgem diversos municípios com um IpC inferior a metade da média nacional.
plb
No dia 21 de Novembro, na Biblioteca Eduardo Lourenço, na Guarda, realizou-se o lançamento do livro «Oh Mãe… conta lá a história de quando eu era uma estrelinha no céu!»
«Este livro é um início de vida. A Joana, sua personagem central, acabou de nascer com ele. Também aqui, tal como acontece nos filmes, a personagem cresce em segundos, ao virar da página. A Joana, num só livro passou de um pontinho brilhante no céu a uma menina de vestido, tranças soltas e sapatos mágicos. Mas a Joana tem ainda muito para vos contar, noutras histórias de pé-de-orelha. Não que as orelhas tenham pés, mas movimentam-se, tal como eles, em direcção às coisas que lhes suscitam um certo encantamento, uma certa ilusão de que ali encontrarão um sentido para a vida. Que nesta e noutras histórias que aí vêm, as orelhinhas de todos vocês possam descobrir e ouvir tudo aquilo que a Joana tem guardado entre as tranças. Que ela vos ajude a crescer no maravilhoso mundo da leitura…»
O livro «Oh Mãe…conta lá a história de quando eu era uma estrelinha no céu!» escrito por Carla Freire, advogada, e ilustrado por Cláudia Quelhas, arquitecta, apareceu ao público, numa sala repleta de gente e de calor humano.
As palavras proferidas pelas duas autoras transmitiram a enorme alegria de estarem rodeadas por tanta gente amiga e pelo carinho sempre sincero das crianças presentes em grande número.
A Editora Artez – medicina e arte, representada na mesa por Diogo Cabrita, falou neste momento tão emotivo para todos e que este será o primeiro de muitos que completarão uma colecção dedicada à vivência de uma menina sensível e tão humana que existe na vida real.
A «Casa do Castelo» do Sabugal foi convidada a participar na elaboração dos elementos decorativos (alfinetes de peito) que ilustravam a «lapela» das autoras do livro, Joaninhas… fazendo, neste caso, parceria com uma menina tão especial… a Joana, filha da autora e personagem da história do livro.
Natália Bispo
Nesta época de Natal que já se respira, a Junta de Freguesia de Sabugal, vai oferecer a todos os interessados, uma peça de Teatro, que terá lugar na salão da Junta de Freguesia no próximo dia 4 de Dezembro pelas 20 horas.
A peça é levada à cena pela Companhia de Teatro «Os Bobos e a Corte» e baseia-se no maravilhoso conto de Charles Dickens, intitulado «O Natal do Sr. Scrooge».
Scrooge é um velho sovina cuja obsessão pelo sucesso financeiro o deixou azedo e sozinho na sua velhice. Mas numa véspera de Natal, Ebenezer Scrooge tem a maior lição que alguma vez podia imaginar, quando os espíritos do Natal do Passado, Presente e do Futuro lhe fazem uma visita, levando-o numa viagem fantástica através da sua vida, que lhe vai abrir o coração para algo muito mais poderoso que o dinheiro: O Amor, os Amigos e a Família.
O maravilhoso conto de Natal de Charles Dickens foi adaptado pelo Teatro Os Bobos e a Corte para um espectáculo fantástico para todas as idades, com especial atenção à Infância e juventude.
Os actores são Luciano Nobre, Marco Esteves e Sofia de Sousa. A adaptação do conto e a encenação são de Marco Esteves.
A Companhia teatral Os Bobos da Corte, vem dia 4 de Dezembro da Amadora ao Sabugal, para proporcionar a miúdos e graúdos momentos de boa disposição e de muito humor. A entrada é livre.
plb
Francis Ford Coppola está de regresso, dois anos após ter apresentado «Uma Segunda Juventude». Desta vez o realizador de «O Padrinho» brinda-nos com «Tetro», uma grande obra a preto e branco passada na Argentina e com Vincent Gallo e o jovem Alden Ehrenreich.
Ler MaisQuando a sociedade portuguesa se vê novamente confrontada com «faces ocultas» relativas a faces bens conhecidas de altos dirigentes públicos e políticos importa falar sobre a ética na gestão pública. Sem pretender analisar o conceito de Ética, todos concordamos que o conceito traduz, a forma como aceitamos e definimos o bem e o mal o certo e o errado, o justo ou o injusto. A Ética avalia assim os costumes, aceita-os ou recusa-os e elege as acções sociais moralmente válidas ou reprováveis. Sendo assim, os comportamentos eticamente aceitáveis ou reprováveis, variam ao longo do tempo e do lugar.
25 de Novembro é, liturgicamente, o dia de Santa Catarina de Alexandria. Esta cidade sempre desempenhou um papel privilegiado na história da humanidade, tornando-se uma proeminente metrópole cultural, intelectual e económica, cujos restos ainda hoje são encontrados nas suas ruínas e registos históricos.
Intelectuais e artistas como Manuel António Pina, Eduardo Lourenço, José Saramago, Vasco Graça Moura, Siza Vieira, Carlos do Carmo, Ramos Rosa, José Rodrigues e Urbano Tavares Rodrigues dão contributos para um livro feito de retratos de Álvaro Cunhal.
O livro «Retratos de Álvaro Cunhal» foi ontem apresentado por António Borges Coelho, na Biblioteca Museu República e Resistência, em Lisboa. O mesmo resultou de um projecto do editor José da Cruz Santos, com arranjo gráfico de Armando Alves.
Quase meia centena de artistas e intelectuais aceitaram dar testemunhos que ficaram no livro. O escritor e jornalista sabugalense Manuel António Pina foi um dos apresentaram o seu testemunho acerca do falecido líder comunista.
«Um homem tem três metros de altura», é o título do texto de Pina, numa evocação de um filme de Martin Ritt sobre o tamanho da dignidade. No testemunho afirma ter partilhado algumas das convicções de Cunhal e ter discordado de muitas outras, ao ponto de não terem estado do mesmo lado sem que estivessem em lados opostos.
Manuel António Pina confessa que se a sua admiração por Álvaro Cunhal o conduz facilmente à melancolia, e a «desejar absurdamente que homens assim, do mesmo intransigente tamanho por fora e por dentro, renasçam, seja lá de que lado for».
José Saramago, por sua vez, diz que ocasionalmente «não esteve de acordo com o secretário-geral que ele foi, e disse-lho. A esta distância, porém, já tudo parece esfumar-se, até as razões com que, sem resultado que se visse, nos pretendíamos convencer um ao outro. O mundo seguiu o seu caminho e deixou-nos para trás», registou o Nobel da Literatura, que também é militante comunista.
Já o ensaísta Eduardo Lourenço escreveu um texto intitulado «A Morte de um Comunista», onde evoca o funeral do velho secretário geral do PCP, para recordar que Álvaro Cunhal apreciaria pouco que se falasse da sua morte nos termos publicitários que a imprensa reserva aos grandes deste mundo. Era esse o ideário de Cunhal, «que lhe exigiu o sacrifício do seu destino meramente individual» em defesa «dos interesses de uma condição e de uma classe que não eram as suas, mas com as quais se iria identificar totalmente» – a classe operária.
O livro inclui também poemas de alguns autores, como Manuel Gusmão, Maria Teresa Horta e Y.K. Centeno. Também contém uma fotografia de Eduardo Gageiro e retratos de diversos artistas.
plb