«Deus não existe». E não existe porque nunca se deu ao trabalho em descer à dimensão espacio-temporal para falar com o grande génio da humanidade que é Saramago. É este o argumento idiota de um sofrível escritor que pensa ser o Nobel um certificado de autoridade intelectual e inteligência «erga omnes».
A existência de Deus, até nem é uma questão de fé mas de lógica. Mas inteligência e rectidão intelectual, pelos vistos são talentos que Deus não distribuiu a Saramago. Por isso, releva-se-lhe a falta, porque não se lhe pode exigir o que manifestamente não tem.
Não se lhe exigindo inteligência e rectidão intelectual, muito menos se lhe pede a clarividência mística do porteiro da Cartuxa de Évora, que ao argumento do nascimento do mundo pela explosão do Big Bang a partir do nada, contrapunha:
– Pois… Mas se nasceu do nada, quem continha esse nada?
As provas de São Tomás a respeito de Deus, são tão brilhantes, que conseguem convencer quem tenha o mínimo de inteligência e de rectidão intelectual. Muito antes dele, homens de uma grande rectidão intelectual, como Sócrates, Platão, Aristóteles, Séneca, Virgílio e Marco Aurélio chegaram à conclusão da existência de Deus.
Sócrates, às portas da morte rezava: «Causa das causas, tem piedade de mim…»
Cleanthes, discípulo do estóico Zenão, cantava o seguinte hino: « Altíssima Glória dos Céus, Senhor de variado nome eterno, perpétuo seja o teu poder! Abençoado sejas, ó grande arquitecto da criação, que ordenas todas as coisas segundo as tuas leis! Evocar o teu nome é próprio e justo para o mortal, pois somos nascidos de ti…»
Séneca descrevia o Supremo Poder como «Deus Todo Poderoso», ou «Sabedoria incorpórea, ou Espírito Santo, ou ainda Destino», numa antecipação da doutrina cristã da Santíssima Trindade, de que a Igreja suprimiu o destino.
A existência de Deus é uma verdade evidente em si mesma, porque na preposição «Deus existe», o predicado identifica-se com o sujeito, porque Deus é o próprio ente.
Mas em relação a nós, que desconhecemos a natureza divina, ela não é evidente, precisando de ser demonstrada. Mas o que se demonstra, não é evidente e o que é evidente não precisa de ser demonstrado.
O que tornaria à partida paradoxal a demonstração da existência de Deus. Por isso São Tomás diz que a existência de Deus é antes de mais, um artigo de fé e como tal não precisa de ser demonstrado.
Mas mesmo assim, podemos chegar a Deus pela via da demonstração, das quais São Tomás distingue dois tipos:
– Demonstrandum propter quid (devido a quê) que se baseia na causa e parte do anterior (causa) para o posterior (efeito);
– Demonstrandum quia (porque) que arte do efeito para conhecer a causa.~
Quando vemos um efeito pela sua causa, por aquele acabamos por chegar a esta, pois o efeito depende da causa e de algum modo, tem qualidades da causa.
Assim, embora Deus não seja evidente para nós, é demonstrável pelos efeitos que dele conhecemos. Como dizia S. Paulo «A existência de Deus […] pode ser conhecida pela razão» (Rom. I, 19).
A fé assenta e pressupõe um conhecimento natural e racional, assim como a verdade pressupõe a mentira e a perfeição a imperfeição. Só quem conhece ou entende a demonstração filosófica da existência de Deus, aceita a sua existência com uma fé esclarecida.
Ora, não primando Saramago pela inteligência e honestidade intelectual, admiração seria que admitisse a existência de Deus sequer pela via da fé.
Querem ver como pela via da razão São Tomás (1.ª parte da Suma Teológica art. 3.º da questão 2) demonstra a existência de Deus?
Basta a prova do movimento no universo:
As coisas mudam; é um facto. Uma pessoa nasce, cresce e morre; as estações do ano sucedem-se; um regato corre e seca, etc.
Na mudança das coisas podemos distinguir as qualidades já existentes e as qualidades que podem vir a adquirir pela mudança. Aquelas são as existentes em acto; estas são as existentes em potência.
Vg. Uma parede branca tem a brancura em acto e o vermelho em potência porque pode ser pintada desta cor.
A mudança, ou movimento é a passagem de potência (x) a acto (x) traduzida na seguinte fórmula:
M = PX—»AX
Vg. Pintar de vermelho a parede branca. Ora nada passa de potência a acto sem uma entidade estranha que tenha aquela qualidade em acto.
Vg. A parede branca só fica vermelha se receber o vermelho da tinta.
Concluindo; tudo o que estava em potência e muda é movido por outrem. E para mover é preciso ter uma qualidade em acto. No que decorre que é impossível que uma coisa esteja ao mesmo tempo em potência e acto para uma mesma qualidade.
V.g. Se a parede está branca em acto, ela tem potência para ser vermelha. Se ela está vermelha em acto ele não tem potência para ser vermelha.
É por isso impossível que uma coisa seja ao mesmo motor e móvel para uma mesma qualidade; isto é, que uma coisa se mude a si mesma.
Resumindo: tudo o que muda, é por acção externa.
E as mudanças podem dar-se numa sequência definida de mudanças que pode exemplificar-se na seguinte fórmula invertida:
PX(6)—»AXPX(5)—»AXPX(4)—»AXPX(3)—»AXPX(2)—»AX(1)
Definida, porque se fosse indefinida, não havia um primeiro ente que originasse a sequência, o que seria absurdo porque para se produzir movimento num ente é preciso sempre outro com a qualidade em acto e porque tinha que a potência preceder o acto e nunca podia haver uma acto anterior à potência, impossibilitando-se assim o movimento.
Portanto a sequência do movimento não pode ser indefinida, e aquela tem de ser originária de um ente que seja apenas em acto, que seja o primeiro motor.
Este primeiro motor não pode ser movido, porque é puro acto (tem todas as perfeições) sem potência passiva, porque se a tivesse seria movido por um anterior, como é lógico.
Este Acto Puro, sem nenhuma potência passiva é Deus.
E como Acto Puro, não tem passado nem futuro; é, simplesmente. Por isso quando Moisés perguntou a Deus qual era o seu nome este respondeu-lhe:
«Eu sou Aquele Que é», e quando Jesus discutiu com os fariseus lhes disse também: «Antes que Abraão fosse, Eu sou» (Jo. VIII, 58).
Caramba! Nem é preciso ser mais inteligente que Saramago… Os movimentos dão-se no espaço e tempo que são mensuráveis e como tal a sua sequência tem que ser finita, o que é comprovado pela teoria do Big Bang, pela lei da entropia e até pela teoria da evolução.
Deus portanto existe. É o ser em Acto Puro que não muda, independentemente da vontade de Saramago.
Até o porteiro da Cartuxa de Évora, que foi das pessoas mais simples que alguma vez conheci, no seu misticismo chegou à conclusão de que Deus é «Aquele que tudo contém…»
Mesmo à parvoíce de Saramago!
:: ::
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
Nao é com esta filosofia que nos governamos! Estamos a recuar no tempo. A religiao nao dà nada a ninguem,pelo contràrio
Isto é tudo gente doida.
Sabendo-se pouco, isto é, sem a profundidade necessária, sobre o que se quer destruir, distorcer ou criticar, pode entrar-se num jacobinismo sem consequência, apenas para chocar o burguês, ou num anticlericalismo primário, como aconteceu durante o século XIX. Nesse tempo, o Deus do Velho Testamento era já considerado cruel, sangrento, bruto, tudo quanto dele diz agora, em segunda mão, o nosso Nobel da Literatura. Nada de novo, portanto! Dou como exemplo o poeta Guerra Junqueiro e o seu livro A Velhice do Padre Eterno. Quem o lê hoje? Quem se incomoda com as suas diatribes? Ouçamos Guerra Junqueiro:
As crianças têm medo à noite, às horas mortas,
Do papão que as espera, hediondo, atrás das portas […].
Não te rias da infância, ó velha humanidade,
Que tu também tens medo do bárbaro papão,
Que ruge pela boca enorme de um trovão,
Que abençoa os punhais sangrentos dos tiranos,
Um papão que não faz a barba há seis mil anos,
E que mora, segundo os bonzos têm escrito,
Lá em cima, detrás da porta do infinito!
Tudo isto é fogo-de-artifício, bem escrito, mas que nada adianta, porque não desce aos infernos da dúvida… É tempo de citar o Eclesiastes:
Não há nada de novo neste mundo. Aparece qualquer coisa e alguém diz: ‘Olha, isto é novo!’ Mas tudo aquilo já existiu noutros tempos, muito antes de nós. Já ninguém se lembra das coisas passadas e o mesmo acontecerá com as do futuro; não se recordarão delas os que vierem mais tarde” […].
É muito difícil ser original. E Saramago não o é. Pelo menos neste seu último romance, Caim, que se situa no Velho Testamento, nem muito menos no Evangelho Segundo Jesus Cristo, que tem como campo de confronto o Novo Testamento.
Escrevi acima que este livro não merecia o alarido que dele está sendo feito. Por duas razões: Primeira, porque o barulho não se deve à leitura do livro; segunda, porque não se trata de uma obra maior do escritor. Foram sopradas as trombetas de Jericó, não cuido nem interessa se intencionalmente, e derrubaram-se os muros da nossa cidade ou paróquia provinciana, que mostrou à saciedade que milhares dos seus habitantes ainda não saíram da idade da pedra no tocante à literatura, mas correram às livrarias para se abastecerem do romance e grande parte deles também da Bíblia. Afinal, Saramago está a ser colaborante ou então o aviso grave que fez sobre a perigosidade da Bíblia deu efeito contrário. Não conseguiu apear o mito!
José Saramago, quanto a mim, atingiu o apogeu em No Ano da Morte de Ricardo Reis, embora os dois primeiros romances, Levantado do Chão e Memorial do Convento, sejam duas obras de grande valor. É humano e natural que um escritor tenha curvas ascendentes e descendentes. Quando se alcança o cume, o que se segue é a descida. O que é preciso é saber sair a tempo, sem dramas, a fim de se não estragar o bom que para trás ficou. Saramago, com Caim, continua em linha descendente. Há por lá muitos lugares-comuns e expressões infelizes, impróprios de um escritor da sua envergadura. Escrever um livro em quatro/ cinco meses, como confessou numa entrevista televisiva, se bem que o assunto lhe estivesse a latejar há muitos anos, não será bem avisado. Aquando da publicação de A Viagem do Elefante, título que pode ser interpretado tanto no sentido literal como no figurativo, sendo que este, no meu entender (a interpretação é livre), pode ser interpretado como o percurso de um grande escritor (o elefante) que, com esse livro, iria terminar o carreira literária. Com certeza que alguns dos críticos maldizentes da sua obra anterior o intuíram, porque logo se apressaram ao beija-mão ou ao panegírico fúnebre: “Trata-se de um hino à Língua Portuguesa”, cantaram em coro… A nossa língua deve ser um volumoso hinário de que já ninguém se lembra nem das músicas nem das letras. Excitações… Do romance Caim foi escrito: literatura pura… Quem há-de gabar o noivo senão…?
Cristóvão de Aguiar (II)
Muito barulho por nada
Much ado about nothing
ou a Bíblia segundo Saramago
Tomei de empréstimo a Shakespeare o título de uma das suas mais hilariantes comédias. Penso que retrata bem a situação criada à volta da última obra de José Saramago, Caim. O muito barulho continua a furar-nos os tímpanos, e há-de continuar até à náusea, tanto na imprensa escrita como na difundida: artigos, entrevistas, opiniões públicas na rádio e televisão, em que ouvintes e telespectadores opinam sobre o que sabem e não sabem, maneira muito portuguesa de ser mestre em toda a arte, ou burro em qualquer parte, enfim, tudo o que imaginar se possa: até teólogos, politólogos e outros pedagogos de alto coturno… A origem de tal alvoroço na capoeira da paróquia reside nas declarações, estratégicas ou não, do autor do livro, no dia do seu lançamento, em Penafiel. O nada de toda esta lagariça será o romance que, na minha modestíssima opinião, está longe de merecer tamanho alarido.
Segundo o primeiro prémio Nobel português da Literatura, a Bíblia mais não será do que um “manual de maus costumes” e que “é preciso ter muito cuidado quando se lê a Bíblia”… Esta última afirmação fez-me viajar através do tempo, como a personagem Caim do romance do mesmo nome, e ouvir de novo, quietinho para não levar um beliscão da catequista, o padre da minha freguesia, aí por volta de 1949, na altura em que lá chegaram pastores de credos evangélicos, que iam tentar a sorte com o sentido de pescar algumas almas para o seu seio. A leitura da Bíblia constituía o seu principal argumento, uma vez que o catolicismo pouco ou nada ligava ao Livro: quem não lia a Bíblia, sustentavam os pastores, não poderia compreender a palavra de Deus nem a doutrina de Jesus, nem muito menos as inovações e falsidades do Romanismo…
No Domingo seguinte, o padre, na homilia: “A Bíblia é de facto o livro sagrado dos cristãos, mas, caríssimos irmãos em Cristo, não deveis lê-lo, porque, além de difícil, não tendes luzes nem letras para compreender o verdadeiro alcance das palavras lá escritas quase sempre em parábolas; contentai-vos, irmãos, com as explicações das homilias dominicais, e não aceiteis a oferta desse livro, que sei que andam a dá-lo a quem quiser, pois, e caso aceitardes, entrará em vossas casas um livro do diabo…” Saramago não é católico, muito menos sacerdote, mas, as palavras por ele proferidas, numa entrevista ao Jornal de Notícias, de 19 de Outubro, deram-me, por instantes, a sensação de estar ouvindo o pároco da minha freguesia, nos meados do século passado… As palavras pouco se diferençam, e os argumentos são mesmo os mesmos… Não sei se isto abona ou não a favor do escritor que tem procurado, sem êxito, destruir alguns mitos do Velho e do Novo Testamento…
O escritor pode e deve destruir mitos. Mas, para derrubá-los, é mester saber em profundidade o que quer destruir. Lembro James Joyce que, com o seu romance Ulysses, destruiu a cultura clássica porque era um grande conhecedor e especialista nessa matéria. O próprio José Saramago afirma que “Nunca fui um leitor assíduo da Bíblia, mas penso que a conheço bastante bem”… Será que basta? Será assim tão fácil destruir um conjunto de livros de estilos e géneros literários diferentes que serviram de base e inspiração à Literatura e Cultura Ocidental: poesia, teatro, narrativa, música e até ao cinema? Na Faculdade de Letras que frequentei, um dos professores de Literatura avisava logo no início do ano: Quem não leu a Bíblia não pode compreender a Literatura Alemã, Inglesa, Portuguesa, Americana… Portanto, quem ainda o não fez, trate de colmatar essa grave lacuna… Tão ateu como Saramago seria esse professor, o que dá que pensar, sobretudo porque o Nobel Português afirma com a segurança de quem acaba de inventar a roda que a Bíblia devia estar escondida, em casa, fora do alcance das crianças, como se de medicamento perigoso se tratasse…
(continua),
by Cristóvão de Aguiar in Destreza das Dúvidas
4 Comments »
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1.Ah, Cristóvão, que bem soube ler este teu escrito, com aquela referÊncia à “lagariça” e ao “nosso” Paulo Quintela. Espero pela continuação. Abraço.
Comment by Octávio Lima — October 28, 2009 @ 11:03 pm
2.Os escritos do Cristóvão continuam sempre. Tenha eu forças para os poder continuar a ler e a agradecer-lhe por isso.
Obrigado.
Comment by F — October 29, 2009 @ 12:10 am
3.Caro Cristóvão,
Sem querer discordar, porque motivo teremos de olhar para Caim como um destruidor de mitos? Acabei de ler esta obra que interpretei (erradamente?) como uma ficcão em tom jocundo, baseada em eventos narrados na Biblia, mas que visam sobretudo aspectos do comportamento e naturaleza humana. Para mim o sentido de humor de Saramago desconstroi valores e crenças partilhadas igualmente pelos mistificadores do catolicismo e, por exemplo, pelos teologos da economia de mercado, do capitalismo selvagem sem rei nem roque nem direitos humanos. Admiro Saramago o suficiente para pensar que ele nunca cairia na armadilha de tentar fazer de Caim / Biblia algo de tao profundo como o que Joyce fez (ou tendou fazer) com a estetica classica ocidental. Mas entenda-se que aceito e não contrario os argumentos desta excelente entrada.
Comment by Lardozo — October 29, 2009 @ 1:19 pm
4.Este verão visitei a ilha de C. Aguiar. Procurei e encontrei o local onde Antero resolveu acabar e depois em passeio fui dar ao que ma disseram ser o velho liceu com o seu nome. Imaginem de quem me lembrei logo! Do professor de Moral que o Cristó^~ao na sua escrita notabilizou. Aquele que, indirectamente os levava a chegar à luta da classes. Creio que dava pelo nome de Rebelo. Também ele proibia a leitura da Bíblia?
Comment by A R — October 29, 2009 @ 8:34 pm
E… de repente tudo volta ao princípio!
Este debate é o mesmo que ocupava os gregos, mesmo antes de Sócrates (o Filósofo!!!!). Afinal, que procuravam os pré-socráticos? O primeiro princípio. A grande virtude de Sócrates (o Filósofo) foi “transferir” o centro da filosofia (ou da discussão filosófica) do cosmos para o Homem! A partir daí, a questão de Deus passou a partir do homem, como algo interno e não externo.
E desde esse tempo que se tem vindo a debater essa dicotomia de fé/razão.
Não gostaria de me alongar,por isso, deixo aos interessados, a questão colocada por São Paulo e a Patrística, expressa nos seguintes princípios: “a razão questiona a fé” a “fé questiona a razão”. Parece-me pertinente esta questão. e ela faz parte da própria história da Igreja Católica!
“Entre ‘Deus existe’ e ‘Deus não existe’ estende-se um campo muito vasto, que um autêntico sábio atravessa com grande esforço”
Tchekhov , Anton
A questão “saramago” é simplista.
Primeiro, é a forma mais básica de markting. Criar uma qualquer polémica. e se meter a igreja católica, então é garantida!
Segundo, só agora Saramago descobriu a Biblia? Estranho! Pois a Biblia tem sido a sua maior fonte de inspiração!
Depois, nas entrevistas que foi dando (e não foram poucas!), foi dizendo que nela estávamos lá todos! Ele incluído!!! O que prova que se revê nela.
Terceiro,a crueldade humana é referida em inúmeros livros, serão eles “manuais de maus costumes”? Ou a crueldade não é humana? Não a conhece e não a explora Saramago (ex. vide “Ensaio sobre a cegueira”)?
Quarto, porque não disse o mesmo da barbárie cometida pela doutrina em que ele CRÊ (o comunismo, na versão estalínista)?
Já agora, porque não diz o mesmo do Corão? Ou faltam-lhe os tomates para isso?!!!!
Quero deixar expresso que sou um leitor assumido do escritor José Saramago.
Fernando Lopes,
Comentário fabuloso! percebeu perfeitamente o post…
Sem querer deitar água para a fogueira (apagar o inferno hehehhehe)
já repararam (nesta altura do ano) que os nabos estão a começar a criar cabeça… os saramagos só raízes?
Por favor senhor David o teoria do Big Bang é isso mesmo uma teoria que necessita ser provada caso contrário seria lei… são assim as regras da ciência! Mas está provada a existência da anti-matéria… Quanto ao tema Deus é mesmo assim ou se acredita ou bem que não se acredita, agora obvio que a haver fé ela deve ser esclarecida caso contrário a religião passa a ser opressão!
Viva a liberdade….
Já agora para os não crentes aconselho um livro de literatura ligeira, A formula de Deus de José Rodrigues dos Santos edições Gradiva. Apesar de literatura ligeira aborda o tema aqui discutido de uma forma cientifica com colaboração do prof. Doutor Carlos Fiolhais!
Para começar, “elogio em boca própria é vitupério” . É lamentável que além de não conseguir aceitar visões diferentes da sua relativamente a este tema, considera que essas pessoas carecem de inteligência. Esta é razão mais que suficiente, para afirmar que se o Saramago foi mau ao ferir susceptibilidades o autor deste texto é péssimo, não consegue defender a sua teoria sem fazer ataques aos que pensam de forma diferente.
Gostaria só de deixar uma ou outra, nota:
1. “…homens de uma grande rectidão intelectual, como Sócrates, Platão, Aristóteles, Séneca, Virgílio e Marco Aurélio chegaram à conclusão da existência de Deus.”
Isto leva a querer que o autor acredita só porque meia dúzia de filósofos, há muito tempo atrás, acreditavam? Então, mas a base de conhecimento da humanidade é a mesma? Fez-me lembrar a história “O Rei vai nu”.
2. Quando diz: “Portanto a sequência do movimento não pode ser indefinida…”
Então e esta conclusão, surge de onde? Eu acho que surge da aplicação do teorema: “Tomar a parte pelo todo”. Ou será que o autor consegue descrever a sequência do movimento de um átomo instável, mesmo num meio controlado?
Depois o burro sou eu?
3. Quando diz: “Este Acto Puro, sem nenhuma potência passiva é Deus.” Em tempos a chuva era o que? “Acto Puro, sem nenhuma potência passiva” logo era Deus. E hoje o que é a chuva?
O autor revela um visão redutora onde os fenómenos aleatórios subjectivos (causas do fenómeno existem, mas não são conhecidas ou não podemos determina-las) são sempre obra da “entidade” Deus.
Depois o burro sou eu?
4. Quando diz: “Os movimentos dão-se no espaço e tempo que são mensuráveis e como tal a sua sequência tem que ser finita”
Aqui concordo, mas então temos:
Sequência finita implica que o tempo teve que ter um início, logo o primeiro evento que ocorreu foi um evento sem uma causa anterior, isto é, um evento aleatório. E como este evento, dado que não tem uma causa anterior, trata-se de uma aleatoriedade objectiva.
Cada um é livre de acreditar ou não numa entidade superior. Não considero, que uma pessoa seja mais ou menos inteligente por isso. Ambos o são, até procuram uma justificação e uma razão para as coisas. O que difere é a facilidade com que uns satisfazem essa procura…
Meu amigo,
Nem vou responder ao seu comentário. Cada um interpreta o que escrevi como lhe dá mais geito. Vem-me falar de liberdade e tolerância… Não houve no mundo nenhuma irmandade mais tolerante e que promovesse mais a liberdade, a igualdade e fraternidade entre os homens, do que aquela a que pertenço. Dou-lhe apenas alguns exemplos de quem pertenceu a esta irmandade: Bethoven, Bolívar, Waschinton, Benjamim Franklin, Salvador Allende, Edwin Aldrin, Winston Churcill, Condorcet, Thomas Edison, Enrico Ferni, Alexander Fleming, Henri Ford, FredericoII da Prússia, Garibaldi, Goethe, Joseph Hayden, Thomas Jefferson, Lafayete, Lindberg, Franz Litz, Mac-Artur, Montesquieu, Napoleão, Nelson, Proodhon, San Martin, Walter Scott, Voltaire, Wagner, Oscar Wailde, entre outros.
Como vê, pela companhia, não posso ser mais tolerante livre e de bons costumes!
Isso tudo que me imputa é só da fértil imaginação sua…
Concordo totalmente com estes argumentos, apesar de me parecer uma completa perda de tempo e um gasto excessivo de palavras perante este post.
Já agora, o argumento “existe porque existe porque existe porque existe” ad infinitum não é lá grande espingarda.
Tente estudar o assunto sem fazer por encontrar, no processo, justificações e argumentos a favor da sua opinião. Use a lógica e inteligência de que fala, abstraia-se do que lhe foi incutido, tente ser imparcial.
Aconselho vivamente a não estudar através de quem, como o senhor, avidamente tenta provar a existência/não existência de deus, esses tendem a ser irracionais e ilógicos.
No final repense a sua posição. Esta não vai mudar porque a você parece faltar-lhe tudo o que acusa os ateus de não terem.
No final, repita o processo, desta vez com o Saramago. O resultado obtido provavelmente será o mesmo, o que evidenciará uma enorme falta de inteligência e rectidão intelectual da sua parte mas também, não é nada que não tenha já demonstrado com este texto.
Sérgio,
O mesmo se aplica ao seu comentário! Estamos quites…
Porque fala do que desconhece?
Estudei sim a existência de Deus numa cadeira anual de Filosofia chamada teodiceia e na ontologia, que é um ramo da filosofia. Cadeira aquela que concluí (não é imodéstia) com uma nota altíssima e onde tive como professor o primeiro director da Universidade Católica.
“(…)Aconselho vivamente a não estudar através de quem, como o senhor, avidamente tenta provar a existência/não existência de deus(…)”
Não deve ter conseguido ler esta parte do texto…
Deus só existe na mente de quem acredita na sua existência.
Oh grande e Nobel João! Tu sim que és Nobel!
Não quem dizem que é.
O Nobel acha que tem o direito a ser diferente. Diria, a dar nas vistas!
Que enorme pequenez, que não consegue ler a alma de um povo.
Ele já não é nosso! É mouro.
João Martins
Há muito bons escritores, Nóbeis até, que passada uma geração após a sua morte ninguém lê nem conhece. Tout court! A imortalidade conquista-se pela genialidade e esta marca que destingue a excelência dos mortais e os eleva acima da morte e do esquecimento, depende do reconhecimento das gerações futuras. Portanto algo que não depende de mim, nem de si.
PS: Li a última entrevista de Saramago no expresso. Leia e constatará quão “básico” é Saramago!
pois mas o saramago acha que é o melhor da sua aldeia
Caro João Valente
Não esperava de si que me chamasse burro só porque não acredito na existência de qualque “deus”.
E deixe-me que lhe diga que nem me pode acusar do que acusa Saramago, pois se alguma coisa fiz foi ser até aos 22 anos um católico de corpo inteiro, participante na vida activa da Igreja Católica e um estudioso da sua doutrina.
E se defender a existência de deus não é uma questão de fé mas de lógica, permitir-me-á a mim, embora não pense assim, que não acreditar em deus não é igualmente uma questão de fé (ou de não fé), mas uma questão de lógica.
E não vou discutir isso consigo, pois essa é uma discussão que para mim não me interessa.
Outra coisa distinta é o que diz sobre a qualidade literária de Saramago.
E permita-me que lhe conte uma pequena história. Tinha eu os meus dezasseis anos quendo vi uma exposição de um pintor espanhol. Após a visita à exposição afirmei, do alto da arrogância dos meus 16 anos “isto não vale nada”. Nessa altura alguém que me acompanhava perguntou-me se estudava artes plásticas e alertou-me para o facto de estar a ver uma exposição daquele que era considerado o maior pintor espanhol contemporâneo – Juan Miró.
E face à minha resposta reveladora da minha ignorância e do meu desconhecimento da arte contemporânea, o meu amigo disse-me que então eu deveria dizer “não gostei” e não “não vale nada”. E que mesmo assim seria bom eu estudar a arte contemporânea, porque o gosto também se educa… (segui o conselho e hoje sou um grande admirador e apreciador de arte contemporânea…)
Desculpe, lembrar-me desta história, mas nãos será da sua parte demasiada arrogância atirar Saramago para o lixo da história da literatura mundial?
Por mim, gosto, mas confesso, não sei o suficiente de literatura para dizer que Saramago é muito bom. Limito-me a gostar…
Ramiro Matos
Ramiro,
Só chamei ignorante ao Saramago. Não generalizemos! Conheço muita gente agnóstica e de rectidão intelectual. Mas uma fé esclerecida em Deus, tem que ser uma fé inteligente e com rectidão de coração. Quem não é inteligente ou recto de coração nunca lá chegará. É este o sentido do post; não outro!
Em tempo, Ramiro:
“Gostos, não se discutem!”
Meu caro João Valente.
A sua mente parece uma cuba de compostagem, e tal como na compostagem o resultado, invariavelmente o mesmo, produz mais energia para mais material orgânico voltar ao mesmo processo.
A forma como demonstra o não demonstrável assentando nos mesmos princípios, e usando as mesmas ferramentas mentais que os seus aparentes adversários, colocam-no num mesmo barco onde depois de tudo esmiuçado acaba tudo na mesma.
Moura,
Não é Cuba não. As minhas ideias muito arrumadinhas e arejadas!
Ninguém tem ideias próprias João Valente, as ideias são como as nuvens todos podem olhar para elas sem pertencerem a ninguém em particular. O problema com as ideias é que acabamos por pensar que somos aquilo em que pensamos e quando isso acontece não podemos de facto saber quem somos, porque estamos para além daquilo que contemos, somos mais como um copo vazio que num momento contém uma coisa e no momento seguinte pode conter outra ou nenhuma e ainda assim continuar sendo um copo vazio. E é só como um copo vazio que podemos receber, caso contrário Saramagonizámo-nos.
Moura,
Nisso, concordamos! Mal de nós se não estamos receptivos ao que os outros e o mundo nos podem ensinar…
João Valente:
É preciso ter uma fé inquebrantável para acreditar Nele, conhecendo a história da Igreja Católica a nivel mundial, e o que foi o catolicismo em Portugal desde os primórdios até 1910, e depois, de 1926 até 1974.
Horkheimer disse: ” Quem lê o Evangelho e não vê que Jesus morreu porque tinha uma doutrina diferente dos seus actuais representantes, esse não sabe ler, é o sarcasmo mais incrivel que jamais aconteceu a um pensamento”.
Emídio
A Igreja, infelizmente, muitas vezes não foi exemplo para ninguém!
Infelizmente isso é verdade . Hoje a propria Igreja, os padres …acabam com a pouca fé que temos .
Admiro a obsessão de quem acredita em deus em provar a sua existência. As tretas que escreveu servem para quê? Para se convencer a si?
Nem todos aqueles que acreditam tentam provar a sua existência, na verdade aqueles que se sentem como os que acreditam também se sentem como os que não acreditam, só que eles tentam ir na direcção oposta aos do não acreditam. E sim, talvez este processo sirva erradamente para cristalizarem um aconchego, um retorno ao protector útero materno, mas para uma emancipação do filho, os laços uterinos têm de ser quebrados, e só aí as luzes da mãe e do filho se fundem numa só.
Como Católico que sou fiquei descontente com a actuação do Saramago, é alguém que apesar das suas convicções, não respeita a dos outros.
A teoria do big bang, defendida pelos cientistas não tem sentido, pois ao dizerem que foi da explosão que surgiu o “algo”, então antes da explosão não poderia existir o “nada”, pois é necessário o “algo” para que haja uma explosão, logo os cientistas contradizem-se a eles próprios.
Para mim DEUS EXISTE!
A teoria do Big Bang até foi formulada por um padre católico Belga…
Ahah.
Kim e Mono aqui a fazerem o papel do diabo Mefistófeles do “Fausto”
em Goethe ,quando aconselhava assim um rapazola parolo:
“O Filósofo
Bate a pata do espírito, e provou-nos
Que o que é, devia ser; sendo o primeiro
isto e aquilo o segundo, é consequência
ser o terceiro assim, e o quarto assado.
È corolário pois, que suprimidos
O primeiro e o segundo, era impossível
Que existissem jamais o terceiro e o quarto
«Bela demonstração!» proclama à uma
a escola toda… mas nem meio ouvinte
nos saiu tecelão.” (Fala do diabo Mefistófeles
no quadro IV Cena 2 do Fausto de Goethe,
tradução de Castilho)
O rapaz era um parolo, com retensões a sábio, e o diabo
tentava enganá-lo com estas falinhas mansas…
🙂
O que eu sou mais é diabinho 🙂
Até porque Deus a existir será um Diabo malvado sempre pronto a lixar-nos, não me resta alternativa somos todos filhos do Deus-Diabo logo todos somos o diabo em figura de gente.
ehheheh
Não acho que isso seja assim tão simples,Mono. Mas se não acredita na existência de Deus e fala que o argumento do autor é fraco,espera que desse um forte argumento por ter a opinião contrária.
Sobre a existência ou não de Deus,não vou opinar.Cada um tem a sua Fé no que quiser e se não tiver nenhum,idem.
Agora sobre Saramago,o senhor de idade conseguiu o que queria: Publicidade extensa e gratuita ao seu livro. Não gosto de Saramago e nunca gostei e nada tem a ver com as palavras proferidas sobre Deus,mas sim por não gostar do seu País,ou seja de Portugal,rebaixando-o sempre que pode e sem fomentar críticas construtivas.Por isso,tem bom remédio que louva Espanha e se deixe lá estar quietinho.Como não o aprecio enquanto pessoa,não me apela como escritor e nao li nenhuma das suas obras,nem faço intenções disso. Nem sempre as grandes obras são aquelas que têm uma publicidade exaustiva ou polémica…
Tirando isso,aproveito para convidar quem tiver tempo e o desejar, a participar na Blogagem de Novembro da Aldeia.O tema é simples e sem polémica 🙂 : “O Meu Magusto”. Basta enviar um texto com o máximo de 25 linhas e 1 foto para aminhaldeia@sapo.pt até dia 8 de Novembro.
Cumprimentos sinceros
Lena
Saramago é um velho e senil egocêntrico a braços com a morte, esse é o seu maior problema, pois não tem solução nem argumentação intelectual para ela, então tenta fazer um pouco de “Deus”, criando um pouco de imortalidade ao agarra-se aos velhos clichés da polémica que o fazem sentir vivo. Ele é um lutador, nunca soube “render-se”.
Blá, blá, blá, quem não acredita em deus não é inteligente…
Que fraco argumento.. É o que na América se chama de bullshit.
bem visto
Bem diferente: Só quem é inteligente, acredita de forma esclerecida! Entendido?
Os alicerces do “acreditar”, são os mesmos do “não-acreditar”, já a fé é de uma natureza distinta.
Se Deus fosse bom vivíamos um mundo chato sem dramas, portanto Deus só pode ser uma peste, que faz o favor de nos chatear para que possamos ter uma vida divertida e cheia de dramas. 😛
Logo, Deus não existe!
Como se poderia demonstrar, a existir, será um Diabinho sempre pronto a aprontar nas piores alturas.
Como necessitei de menos caracteres para demonstrar inequivocamente que Deus não existe, do que foi necessário para demonstrar que existe, tenho direito a uma jeropiga no dia de S. Martinho, e que se lixe o Saramago, a não ser que venha beber uma também connosco 😛
A isso pode ser contraposto o argumento do governo do mundo, mas “dava muito pano para mangas!” , o que tornava o comentário um tratado de teodiceia.