Há quem pense numa união política dos dois países ibéricos, Portugal e Espanha. Não faz grande sentido, segundo a minha opinião.
Ainda há duas ou três semanas a ETA – grupo separatista basco – matou dois guardas-civis. Esta é uma das razões pelas quais eu digo que não faz sentido uma Federação Ibérica.
Quando alguns, e não tão poucos como nos quer fazer crer a comunicação social espanhola, pensam e tentam separar de Espanha o País Basco, a Catalunha, a Galiza, e possivelmente mais províncias, outros preparam-se para converter Portugal e Espanha num único Estado! Sim, eu sei, que Espanha é um grande sócio comercial de Portugal, há muitas empresas espanholas em Portugal, há empresas portuguesas em Espanha, e agora com o mercado único e livre comércio europeus, muitos portugueses vêem nisso o factor decisivo para o desenvolvimento económico de Portugal. Sem dúvida que tem de ser incrementado um maior grau de colaboração económica, mas isso não significa um só Estado.
O dinheiro não é tudo, digo eu, também não sou um rançoso nacionalista, por isso digo o seguinte: uma Confederação Ibérica, não de Estados, mas de nacionalidades, como a Galega, a Portuguesa, a Catalã, a Basca etc. Republicanas! Era aceitável, mas os dois países fundirem-se num só Estado, já não é de aceitar, pelo menos para mim. Passávamos a ser monárquicos ou republicanos? Que língua falaríamos? Em Espanha a língua oficial é o Castelhano, será que depois toda a Península falaria Português?… Qual seria a bandeira símbolo, a portuguesa ou a espanhola? Enfim, toda uma série de grandes pormenores que não cabem aqui.
É verdade, que se dermos uma vista de olhos à história, ela mostra-nos que o que sempre separou Portugal e a Espanha, não foram questões culturais, mas sim questões políticas, também nos mostra a idêntica experiência da Reconquista, dos Descobrimentos, e a célebre «Tradição Ibérica»: autoritarismo, catolicismo e semi-feudalismo. Ambos nos libertámos desta «Tradição» ao mesmo tempo, nós portugueses com a nossa Revolução, e os espanhóis com a sua Transição.
Como atrás referi, tem de haver um maior grau de colaboração económica e cultural. Este incremento cultural e económico está também a ser feito no nosso Concelho. O Concelho do Sabugal não é uma ilha, como alguns pensam, pertence ao Mundo à Europa, e geograficamente está situado na Península Ibérica.
Felizmente que houve, e há autarcas que fizeram e fazem um grandes esforço no intuito de uma aproximação cultural e económica, com as populações do outro lado da fronteira. São os precursores de uma Confederação Ibérica de Nacionalidades. São traços de União entre povos, são símbolos de paz e de progresso.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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A acontecer a união política entre Portugal e Espanha, não se trataria da criação de um estado único nem da perda da identidade nacional. Aconteceria sim uma confederação com dois estados independentes, soberanos e autónomos. Poderíamos chamar-lhe ibéria como no passado já se chamou e de onde saíram importantíssimos fluxos culturais para o mundo civilizado da época. a Ibéria será uma entidade supra nacional, ou seja apresenta-se principalmente no exterior como entidade única, mas as suas decisões sobre assuntos comuns aos dois estados que a compõem, são tomadas individualmente por cada um o que não implica a perda da sua soberania. A sua capital será uma capital binária, ou seja Lisboa-Madrid, sem soberania de uma sobre outra. É no consenso Lisboa-Madrid que a Ibéria acontece! Entre partes civilizadas o consenso é sempre possível, estejam ambos cientes do intereesse comum!
Quanto ás questões de monarquia, Língua oficial, etc, cada um amanha o seu quintal! O Canadá tem duas Línguas oficias(Inglês e Francês), a suíça tem três( Francês,Italiano e Alemão) e isso não impossibilita que sejam nações! Monarquia a Espanha que fique com a sua! Nós já nos livramos desse padrão de organização social medieval! Quanto ao futebol, até se torna interessante pelas várias hipóteses. A Ibéria terá cerca de 5556 milhões de habitantes dos quais 15 portugueses. Por relação proporcional, se o campeonato se disputasse a 20 equipes, 4 seriam portuguesas. Se fosse por apuramento, inscrever-se-iam x equipes(por exemplo) e 20 seriam aprovadas. No campeonato português não há um equilibrio, que não seja espontâneo e por mérito das partes entre equipes do norte do sul e do centro e não é por isso que não é um campeonato nacional. Outra solução poderá ser, haver dois campeonatos nacionais e no final de cada um ficarem apuradas x equipes de cada para um campeonato Ibérico tipo playoff Americano e o vencedor representaria a Ibéria nas competições internacionais. Em Relação á selecção nacional de futebol, não teríamos que nos preocupar, temos bastantes jogadores de excelente qualidade para integrar uma selecção Ibérica!
Tem razão , João Valente, mas o que aconteceria aos adeptos desses 3 maiores clubes do ex- Portugal?
Iriam ser absorvidos pelos maiores da ex-Espanha? Custa-me acreditar nisso.
João Duarte;
É o fenómeno de absorção; O Maior come o menor…
Quanto a mim , que detesto bola, vejo o problema de outra perspectiva: o que aconteceria aos adeptos dos clubes portugueses Sporting, Benfica e Porto?
Passo a explicar: quando a RFA e a RDA foram unificadas, em 1990, havia dois campeonatos maiores de futebol ,nesses países, a Bundesliga e a Ostliga. Com a reunificação passou a existir, apenas uma liga maior (continuou com o nome Bundesliga).
O que aconteceu: apenas um clube da Ostliga foi incorporado na nova liga. Aguentou por lá uns anos e , hoje, nenhum clube da ex-RDA está na Bundesliga.
Mal compardado, os territórios da ex-RDA e de Portugal são idênticos, proporcionalmente, em relação à RFA e à Espanha. O que aconteceria em Portugal? Apenas um dos clubes “grandes” poderia passar a pertencer ao campeonato maior do futebol da Ibéria. E depois, o que aconteceria? Uma desgraça… Será que os adeptos dos dois clubes “grandes” excluídos da Liga passariam a torcer pelo Barcelona ou Real Madrid? Não me parece. Também não me parece que os adeptos dos clubes excluídos passassem a ser adeptos do clube do ex-Portugal. O que discutiriam as pessoas, depois, uma vez que a bola deixava de ter interesse para discutir nos cafés?
Deixo este desafio aos leitores.