Pinturas rupestres com cinco mil anos, encontradas em 2002 na área da Freguesia de Malhada Sorda, Almeida, foram destruídas por desconhecidos.
A agência Lusa cita o arqueólogo e pré-historiador de arte António Martinho Baptista, do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC) para revelar a importância do vestígio, que era constituído por dois painéis verticais em granito: «ambos decorados com pinturas pós-glaciares em tons de vermelho» que foram «apagadas».
«A mais interessante figura era zoomórfica, em estilo seminaturalista, a fazer lembrar algumas das representações do Côa e até do Tejo», disse o arqueólogo, para quem essa figura representava uma cerva.
O especialista revelou que a figura pré-histórica «foi completamente destruída, tendo sido lavada e repicada com a clara intenção de a fazer desaparecer, o que de facto foi conseguido», disse, considerando que se trata de um «crime de lesa-arqueologia», indicando que os seus autores «apagaram mais de cinco mil anos de História». Considera porém tratar-se de um acto de vandalismo gratuito, sem qualquer sentido, e de onde não se poderá retirar qualquer vantagem.
António Martinho Baptista, que também denunciou o caso, num blogue pessoal na Internet, afirmou à Lusa que «pode haver mais pinturas mas uma representação com aquelas características, não é vulgar».
«Às vezes, a ignorância é o melhor caminho para salvaguardar estas coisas. É pena haver pessoas com a má intenção de estragarem», desabafou o arqueólogo, que admitiu tratar-se de um crime que não pode nem deve ficar impune.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Almeida, António Baptista Ribeiro, disse que teve conhecimento do sucedido através do casal de Malhada Sorda que fez a descoberta e que de imediato comunicou o caso ao PAVC.
O autarca assumiu tratar-se de uma ocorrência que o preocupa e disse que «o acto criminoso significa uma perda irreparável».
plb