Marialva ergue-se num monte rodeado de outeiros e penhascos, de difícil acesso, situado na margem esquerda do rio Alva. Localização essa que transformou Marialva numa importante praça militar durante a Idade Média.
MARIALVA – Povoação de raízes antigas, admite-se que a sua origem esteja ligada à cidade de Aravor (fundada pelos Túrdulos), sendo destruída por sucessivas invasões até ao século XI. Marialva terá sido definitivamente reconquistada por Fernando Magno, em 1063, que a baptizou de Malva, antes de ser chamada Marialva. Mas esta não é a única suposição em torno do nome. Há quem defenda que Marialva deriva do nome próprio de uma apaixonada de Afonso II – a quem, em 1217, o Rei doou a aldeia. O nome da dama era D. Maria Alva. Em 1179, D. Afonso Henriques tinha já concedido a primeira Carta de foral à vila.
Ao entrar em Marialva, irá depara-se com um cenário medieval do qual fazem parte três agrupamentos: a devesa – que se prolonga pela ribeira e planície; a vila, com características quinhentistas; e a cidadela, onde o silencio chega a ser desconcertante e apenas cortado pelo barulho das águias que batem as asas por cima dos telhados da aldeia.
Na rua, os edifícios resistem ao tempo com as suas paredes de pedra e portas góticas. Mais para o interior, percorrendo as calçadas medievais, será conduzido até ao largo onde se ergue o pelourinho granítico do século XV, o edifício da antiga Câmara e o Tribunal. Alguns metros à frente, encontrará a Igreja Matriz, do século XVI, detentora de um portal manuelino, a quem deram o nome de Santiago, por aqui passar a antiga rota dos peregrinos de Santiago de Compostela. Ainda hoje se celebra em Marialva, a 25 de Julho, a feira de Santiago a propósito do dia do Apóstolo.
Numa zona mais elevada da povoação, encontra-se o castelo. Edificado por D. Sancho I em 1200 e, posteriormente, ampliado por D. Dinis. O castelo foi perdendo, com o passar do tempo, grande parte das suas pedras e do seu valor; mas merece a pena subir às suas muralhas e apreciar a vista sobre a serra da Marofa. Aqui o tempo parece parar.
Nesta região do Norte de Portugal, podem-se desfrutar de alguns prazeres gastronómicos, como as papas de sarrabulho, diversas receitas elaboradas com peças de caça, as filhós, as raivas e os vinho de mesa que se produzem nesta zona fronteiriça entre o Dão e o Douro.
Nos últimos tempos, Marialva tem sido alvo de varias intervenções para a recuperação do seu património.
«Terras entre Côa e Raia», opinião de José Morgado
morgadio46@gmail.com
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