A Associação Social Cultural e Desportiva da Rebolosa, no âmbito do seu plano anual, desenvolveu mais uma actividade. A par de outras de âmbito social, nomeadamente de apoio aos mais carenciados e idosos, esta Associação tem proporcionado momentos de cultura e desporto para todas as idades.
O candidato independente nas listas do MPT-Partido da Terra, Joaquim Ricardo, visitou a 1.ª Mostra Solidária e da Juventude do concelho do Sabugal que decorreu entre 1 e de 5 de Julho. O candidato à presidência da Câmara Municipal do Sabugal aproveitou para se inteirar dos problemas da acção social no concelho raiano.
A organização da 1.ª Mostra Solidária e da Juventude do concelho do Sabugal pretendeu «fomentar a participação no desenvolvimento local, envolvendo idosos, juventude e população em geral na concretização de uma manifestação social solidária com impacto e escala a nível do território». As acções dos organizadores dividiram-se em «despertar o interesse dos privados para a apresentação de candidaturas de carácter económico, que venham ao encontro das necessidades da IPSS, na lógica da prestação de serviços de proximidade de natureza social» e no «reforço da economia social solidária, dando a conhecer oportunidades de criação de investimento e postos de trabalho».
Joaquim Ricardo, candidato independente nas listas do MPT-Partido da Terra à Câmara Municipal do Sabugal, aproveitou para visitar os stands da 1.ª Mostra Solidária e da Juventude e para dar conta ao Capeia Arraiana do seu grande interesse e empenhamento na defesa das causas solidárias.
«É um tema que me diz muito e no qual estou empenhado há muitos anos», começou por nos dizer Joaquim Ricardo. «Conversei com os responsáveis pelas diversas instituições de solidariedade social e inteirei-me dos seus problemas que, de alguma forma, também eu reconheço nas dificuldades que sentimos no Lar de Aldeia de Santo António», disse-nos não perdendo a oportunidade de acrescentar, em tempo de campanha eleitoral, que prometeu apoiar este importante sector estratégico do concelho sabugalense.
Recorde-se que no concelho do Sabugal o sector de actividade relacionado com o apoio aos mais idosos emprega directamente cerca de 800 pessoas repartidas pelas cerca de três dezenas de instituições espalhadas pelas freguesias raianas.
«É um sector que apoiarei a 100 por cento. Temos excelentes condições naturais e tudo farei para o divulgar no exterior com o intuito de atrair para estas instituições mais idosos vindos de outras partes do País. A aposta na formação de jovens para trabalharem no sector solidário terá todo o meu apoio», concluiu.~
A 1.ª Mostra Solidária e da Juventude do concelho do Sabugal, decorreu entre 1 e 5 de Julho, nos jardins do Auditório Municipal do Sabugal promovendo produtos e serviços de âmbito social, incluindo serviços de proximidade, o intercâmbio de boas práticas entre as IPSS e os actores sociais locais e teve como destinatários os promotores do PRODER, as IPSS, as Juntas de Freguesia, as Associações e a população em geral.
jcl
Os vestígios arqueológicos na zona fronteiriça de Castelo Rodrigo remontam ao Paleolítico. Situada a 10 quilómetros do rio Côa a povoação de Castelo Rodrigo alberga igualmente notáveis sinais da presença dos romanos e no domínio mouro.

A capeia arraiana constitui a maior e mais viva tradição cultural do concelho do Sabugal. Trata-se de um espectáculo genuíno e exclusivo das terras raianas do concelho, que é bem revelador da têmpera rija e do arrojo das suas gentes. O capinha, vindo de Espanha, era um elemento sempre presente nas antigas capeias da raia.
Diversos estudiosos, entre etnólogos, antropólogos, historiadores e outros cientistas sociais, têm tropeçado com as capeias e nelas encontram um vasto campo de estudo a desbravar, dada a originalidade e peculiaridade que o espectáculo reveste. De onde lhe vêm as origens? Representa um ritual? É obra do acaso?
J. Leite de Vasconcelos, ilustre etnólogo e estudioso da cultura popular portuguesa, reparou no forcão, que considerou máquina de lidar o touro deveras original, e descreveu em pormenor o curioso engenho.
Na colecção leitiana de recortes de jornais surge um artigo de Karl Marx (pseudónimo de Carlos Alberto Marques, grande escritor, geógrafo e etnólogo de Vale de Espinho), sob o título «Uma Corrida de Touros na Lageosa», publicado em 1926 no semanário regionalista O Sabugal. Karl Marx relata, em estilo incisivo, o folguedo tradicional, evidenciando o entusiasmo, a alegria, a emoção e, bastas vezes, a aflição que rodeia esta peculiar manifestação taurina.
O espectáculo de uma capeia não é só o rodopiar nervoso do forcão ao centro da praça improvisada. É também o encerro dos touros trazidos de Espanha, onde pastam em manadas. São os foguetes que «restalam» em sinal de festa a diversão. É o samarra, ou tamborileiro, que com seus rufos incendeia o corro. São os arrojados e valentões que, dum e doutro lado, avançam e passam junto ao animal com casacos, cobertas ou sacas. São os pouco ágeis que se afoitam à praça e logo são colhidos, para exaltação geral. São, finalmente, os capinhas ou maletas. Tratam-se de toureiros amadores, vindos de Espanha para participarem nas capeias, exercitando-se na arte do toureio.
O autor valdespinhense descreve-os magistralmente, no seu artigo: «O capinha é um pobre de Cristo que no Inverno morre de fome ou se ocupa em trabalhos servis e que no Verão oferece em holocausto à sublime arte tauromáquica o seu cicatrizado corpo; de terra em terra, andrajosamente vestido, com uma capa de clara cor debaixo do braço, conta as touradas pelo número de ferimentos. É um apaixonado que, nesta escola donde quasi nunca sai, se treina para entrar na eternidade nas chaves de um toiro, diante de um público que o aclame, diante de uma mulher por quiem se muere. O capinha canta lindas malagueñas pelas tabernas, estende a capa a colher donativos e vai deixando umas gotas de sangue na terra que os outros regam com suor. Faz umas sortes arriscadas, espeta uns ferros e sobre tudo sonha com a glória».
Na verdade, nas nossas aldeias, a verdadeira capeia deve incluir a apreciada e muito aplaudida exibição dos arrojados capinhas, em cujos redondéis se praticam no toureio, sonhando actuar um dia na praça de uma grande cidade de Espanha, onde triunfem recebendo aplausos e aclamações, cortando rabos e orelhas.
Paulo Leitão Batista