O facto do Conselho de Ministros da passada semana ter aprovado um diploma legal que permite o uso de desfibrilhadores por pessoal não médico, possibilita aos Bombeiros Voluntários do Soito a utilização dos três aparelhos que a corporação já possui e que até agora estavam inactivos.
Os Bombeiros do Soito são a única corporação do distrito da Guarda equipada com esse equipamento de reanimação em caso de paragem cardíaca, que contudo nunca foi usado devido ao impedimento legal. As três ambulâncias de socorro estão equipadas com estes aparelhos de reanimação cardíaca, estando a mais antiga equipada desde 2004.
Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, a nova legislação visa facultar o acesso generalizado a meios de socorro para a diminuição de um considerável número de mortes por eventos cardiovasculares, tendo como principal justificação a frequente ocorrência de acidentes dessa natureza em locais de acesso público, como estádios e centros comerciais.
Para a utilização do desfibrilhador bastará agora a posse de um certificado de utilização, que poderá ser obtido mediante o cumprimento der algumas regras que o diploma estipula. Prevê-se ainda a criação de uma rede no território continental, no âmbito do Programa Nacional de Desfibrilhação Automática Externa. A mudança de regras resulta de um acordo celebrado entre o INEM e a Liga de Bombeiros Portugueses, que há muito reclamava a possibilidade dos bombeiros usarem esses aparelhos nas ambulâncias de socorro. Actualmente, só as viaturas operadas directamente por técnicos e médicos do INEM podem utilizar os desfibrilhadores, ao contrário do que acontece com as ambulâncias dos bombeiros.
No distrito da Guarda só o Soito investiu nesse equipamento, cujo custo ronda os quatro mil euros. Porém os bombeiros raianos nunca o usaram, ainda que tenham pessoal formado para isso e tenham já surgido situações onde essa utilização era aconselhável.
Capeia Arraiana falou com o adjunto do comando da corporação do Soito, Nuno Mendonça, que informou que a corporação para além dos três aparelhos possui 12 elementos já com formação para uso do desfribilhador, seguindo-se agora a apresentação das candidaturas ao INEM para a sua certificação.
Nuno Mendonça considera que esta decisão, há muito era esperada, constitui uma mais valia para a corporação que poderá dar uma melhor assistência aos sinistrados. Sobre um eventual maior risco para o doente devido à ausência de médico no momento do recurso ao desfribilhador, o adjunto do comando considera não existir: «Um bombeiro formado sabe operar com a máquina e isso é o mais importante porque é esta que avalia a situação e lhe indica se deve ser utilizada a desbribilhação, caso em que o bombeiro tem apenas que carregar no botão.» «O uso deste equipamento é permitido em toda a Europa e há centros comerciais equipados com estes aparelhos da mesma forma como estão equipados com extintores contra o risco de incêndio, pelo que nunca percebi tanta dificuldade em permitir o seu uso aos bombeiros em Portugal», concluiu.
plb