Defendi e defendo que as estratégias de desenvolvimento do Concelho do Sabugal e da Sub-Região onde se insere, devem apostar na cooperação transfronteiriça englobando os eixos urbanos Guarda-Covilhã-Fundão-Castelo Branco e Salamanca-Plasência-Cáceres.
Por isso, as páginas centrais do Diário de Notícias do passado dia 2 de Junho, subordinadas ao título «Cidades da Raia Ibérica querem falar a uma só voz» não podem deixar de ser lidas como um sinal de alerta e de profunda preocupação.
Na verdade, do texto escrito pela jornalista Paula Sanchez, retiram-se conclusões muito gravosas para o nosso Concelho. Assim, percebe-se que:
– Se pretende criar, a norte, uma ligação privilegiada em torno da reactivação da linha férrea entre o Pocinho e Barca d’Alva, com ligação a Salamanca;
– Se pretende aprofundar a ligação Castelo Branco – Portalegre – Cáceres – Plasência, que há dez anos constituíram o Triângulo Urbano Ibérico-Raiano (TRIURBIR).
Como claramente se percebe, o Sabugal e a Guarda ficam entalados entre estas duas formas de cooperação transfronteiriça, das quais não retiram, antes pelo contrário, quaisquer benefícios.
Assim, o reforço da ligação ferroviária e das relações económicas entre Salamanca e o Norte de Portugal, retirarão a importância que hoje assume a linha da Beira Alta, perspectivando um eixo de desenvolvimento transfronteiriço que «esqueça» a ligação à Guarda.
Por outro lado, a aposta de Castelo Branco num eixo virado a sul (Portalegre), retira claramente importância ao eixo Guarda-Castelo Branco.
Estes novos dados não podem ser ignorados pois eles condicionarão de forma muito intensa o futuro do nosso Concelho.
Questões como:
(i) o reforço do papel do porto de Aveiro, enquanto lugar natural de saída/entrada de mercadorias do Centro de Portugal e do Centro de Espanha;
(ii) a modernização da Linha da Beira Alta e da sua ligação àquele porto, numa perspectiva de transporte de mercadorias;
(iii) a consolidação e afirmação transfronteiriça da Plataforma Logística da Guarda (PLIE);
(iv) o reforço das relações do Centro do País com o Centro de Espanha;
(v) a procura de pontos de encontro/colaboração entre a Guarda, a Covilhã, o Fundão (no seio da Comurbeiras), mas sempre tentando chamar a este grupo Castelo Branco, eis um conjunto de questões a que o Sabugal não pode ficar indiferente.
O futuro do Concelho não é viável se nos considerarmos uma ilha isolada. Somos parte de uma realidade mais alargada e, se formos actores activos e inteligentes, poderemos ter um papel fundamental no desenvolvimento desta Região.
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
rmlmatos@gmail.com