O vinho, bebida que desde os primórdios da civilização acompanha a evolução do Homem, gera ódios e paixões. O ódio vem sobretudo de quem lhe sente os efeitos colaterais, ou seja, quem vive ou convive com o bebedor excessivo. A paixão é por sua vez dos que bebem com volúpia, exagerando muitas vezes no consumo.
O saber popular reflecte o papel social desempenhado pelo vinho. Isso é palpável nos provérbios, aforismos, rifões e adágios que povoam a nossa língua dando-lhe curiosa peculiaridade.
Vejamos então, alguns dos provérbios inspirados no dom do vinho, ou seja, nas suas qualidades intrínsecas, tantas vezes transferidas para o todo social:
À serra toucinho, ao serrador bom vinho.
Alegrai-vos tripas, que aí vai vinho.
Alho e vinho puro, levam a porto seguro.
Ao bebedor não falte vinho, nem à fiandeira linho.
Azeite, vinho e amigo, do mais antigo.
Beber vinho mata a fome.
Carne de ontem, peixe de hoje, vinho do outro Verão, fazem o homem são.
O bom vinho faz bom sangue.
O bom vinho ressuscita o peregrino.
Pão, carne e vinho, andam caminho.
Por carne, vinho e pão, deixo quantos manjares são.
Por cima de melão, vinho de tostão.
Que de hoje a um ano o vinho corra pelo mesmo cano e se mate outro marrano.
Quem come sopa com vinho, de velho se faz menino.
Quem tem bom vinho, tem bom amigo.
Sem borracha não te botes a caminho e, quando fores, não a leves sem vinho.
Vinho branco, é beber e não ser manco.
Vinho e amigo, o mais antigo.
Vinho e pão, não pesam no sarrão.
Mas também há adágios que testemunham o mau papel do vinho, sobretudo se tomado em desmedida:
A mulher e o vinho, enganam o mais fino.
Afoga-se mais gente em vinho do que em água.
Bom vinho, má cabeça.
Conselho de vinho é falso caminho.
De vinho abastado e de razão minguado.
Do vinho e da mulher, livre-se homem se puder.
Em cima de melancia, vinho que chia.
Enquanto o vinho desce, as palavras sobem.
Foge do mau vizinho e do excesso de vinho.
O bom vinho arruma a bolsa e o mau o estômago.
O pródigo e o bebedor de vinho, nunca têm casa nem moinho.
Onde entra o vinho sai a razão.
Porcos com fome e homens com vinho, fazem grande ruído.
Quem compra pão na praça e vinho na taberna, filhos alheios governa.
Quem do vinho é amigo, cedo está perdido.
Vinho madurão, faz o homem brigão.
Vinho turvo e pão quente, são inimigos da gente.
Vinho, mulher e tabaco, põem um homem fraco.
Como se vê, o vinho desempenha na sociedade um papel fundamental. Por isso o povo trabalhador reclama quando a pinga não é de comprovada qualidade:
Pão bolorento, vinho vinagrento, sardinha salgada, trabalha tu enxada.
Paulo Leitão Batista
Amigo Leitão:
Aí vão mais dois ditados latinos sobre o vinho:
Bonum vinum laetificat cor hominis ( O Bom vinho alegra o coração do homem.
In vino veritas ( No vinho está a verdade- torna o homem expansivo e franco)
Boa peça literária.