Ao visitar a Casa do Castelo pela primeira vez, numa conversa com a proprietária D. Natália tomei conhecimento da existência de um «Ehal» na casa. Para os judeus o «Ehal» é o sitio onde se guardam os objectos de maior significado religioso e para onde todos se voltam nos momentos de oração e devoção ao seu Deus, que neste caso é um «Armário» onde se guardam as palavras sagradas a Torah que para o Judeus é o objecto mais sagrado.
Esclarecimento prévio:
– Não possuo quanto a este assunto qualquer interesse ideológico, financeiro e ou pessoal;
– Não sou simpatizante das politicas seguidas pelos actuais políticos representantes do estado Judaico, muito antes pelo contrário, sou um acérrimo critico;
– Não possuo também qualquer preconceito contra a religião Judaica, assim como não possuo em relação a qualquer outra religião;
– Não estou sujeito ao rigor cientifico que outras pessoas estão.
Posto isto, tudo o que aqui se segue é apenas o raciocínio livre de uma pessoa que pensa e analisa a questão de uma forma desprendida dando relevo apenas à lógica das coisas. Estou disponível para aceitar outras perspectivas sem dramas pois não havendo comprometimentos nem enfeudamentos e estando a questão no plano restritamente intelectual, é para mim aceitável que haja outras ideias sobre o assunto, sendo o contraditório entendido como um estimulo e uma contribuição, para a descoberta de algo que com certeza será uma aproximação da verdade histórica.
Postas as coisas neste patamar vamos lá à questão que me move a escrever estas linhas.
Ao visitar a Casa do Castelo pela primeira vez, numa conversa com a proprietária, D. Natália Bispo, tomei conhecimento da existência de um «Ehal» na casa.
Para quem não sabe o que é o «Ehal», podemos comparar ao que na religião católica hoje se chama o altar, digamos que é o sitio onde se guardam os objectos de maior significado religioso e para onde todos se voltam nos momentos de oração e devoção ao seu Deus, que neste caso é um «Armário» onde se guardam as palavras sagradas a Torah que para o Judeus é o objecto mais sagrado.
Não sendo um especialista na matéria achei interessantíssima a questão, que de facto não me parecia estranha, pois sabia que Judeus e Cristãos para além de partilharem as raízes religiosas (o Antigo testamento é comum às duas religiões), viveram em comum nesta região sem dramas, até às perseguições realizadas pelos Católicos a esta religião irmã.
A atestar esta realidade estão a Judiaria da Guarda a de Belmonte e muitas outras que há na região do Sabugal.
Assim, a situação não me pareceu desenquadrada muito antes pelo contrário tudo encaixava numa lógica que não exigia esforço.
Essa lógica está resumidamente descrita nos meus anteriores artigos «Testemunhos do culto judaico».
Ora chegou-me agora ao conhecimento que no Jornal de Notícias, de 21 de Julho de 2008, foi publicado um artigo onde se dá a conhecer que foi classificada pelo IGESPAR a Sinagoga do Porto.
Ao observar a fotografia que ilustra o artigo, não pude deixar de encontrar similitude entre o «Ehal» do Porto e o «Ehal» da Casa do Castelo no Sabugal, o que se pode facilmente constatar observando as imagens.
De facto não me surpreendeu a parecença muito antes pelo contrário, apenas veio reforçar e adicionar mais certeza à minha convicção de que a Casa do Castelo possui um dos mais antigos vestígios da presença da cultura Judaica na região.
Pelo que, agora com mais convicção e certeza, me atrevo a afirmar que a Casa do Castelo possui o mais antigo vestígio da comunidade Judaica na região mas que tem uma outra particularidade, a Casa do Castelo está situada onde foi a Sinagoga do Sabugal.
Este facto que tenho agora com muito mais convicção, de que a Casa do Castelo foi a Sinagoga do Sabugal, apenas vem trazer ao Sabugal uma enorme mais valia em termos de enriquecimento histórico e turístico.
De facto, com esta descoberta, o Sabugal salta para a dianteira em termos de rota histórico-turística no que ao assunto diz respeito, colocando o Sabugal num lugar de destaque relativamente a outros destinos actualmente com mais notoriedade.
Resta-nos a nós Sabugalenses com sangue Arraiano, saber tirar o devido partido desta significativa descoberta e fazer com que este nosso património seja preservado e divulgado, apoiando o trabalho meritório da família da D. Natália, que souberam preservar o melhor que puderam, este importante vestígio dessa comunidade que aqui prosperou ao ponto de construir um edifício de tão grandes dimensões para adorar o seu Deus.
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«O Bardo», opinião de Kim Tomé
LuísR
Sir. Leinad ou Sir. Daniel?
Eu gosto sempre de andar com um espelho no bolso…
Sir.Leinad
Bem bom palpite, bem como pareces bom detective mas, … não tem nada a ver com o que e falado aqui mas já e bom que deixe um comente assim de maneira sem se perceber já participa no contexto. Mas eu respondo é Sir. Leinad e se quer saber o que é está na palavra em si, e como é tem dois significados até…
Vamos continuar a criticar
que eles já estão a tiritar
com medo de acabar…
a apoiar
e que nos vamos ajudar.
dedicado
a quem gosta do 21ardo.
Sir. Leinad ou Sir. Daniel?
Eu gosto sempre de andar com um espelho no bolso…
Hihihihihi
apoio completamente… : )
apoio o kim neste protesto… vamos incentivar o povo a revoltar-se contra estes … nem são dignos de qualquer nome para quem oprime o povo.
Na época medieval os nobres que gostavam deste país apoiavam o povo e o kim não tendo Sir. no nome e o nobre que abre os olhos oprimidos e conjugados do povo.
Peguemos em inchadas e vira paus vamos apoiar o kim como povo…
vamos dar vos ao povo e abrir os olhos e ver os verdadeiros portugas que descobriram o mundo.
Para mim é estranho que alguém que pretende manifestar uma opinião credível se esconda por de trás de uma sigla.
As pessoas quando querem manifestar a sua opinião dão a cara, não se escondem com artificialismos.
Eu sei que no Sabugal impera o medo de manifestar opiniões, por parte de uma maioria silenciosa mas não é esse o meu caso.
Asseguro que não é Joaquim Tomé o Senhor(a) “JT”, o Joaquim Tomé é corajoso tem sangue Arraiano, enfrenta nos olhos não se esconde atrás de siglas.
Posto isto, devo considerar que o Sr(a). “JT” conhece bem a peça a que se refere este artigo, uma vez que com o seu categórico “não” assim o demonstra.
Lamentável é que numa frase tão curta deixe claro que:
1º – Só pode fazer esta afirmação categórica porque não se deu ao trabalho de estudar com o necessário cuidado e pormenor a peça arquitectónica em causa.
2º – Que está mais interessado em desqualificar do que em enaltecer o património desta terra.
3º – Que deve ser alguém que não sente nas veias o sangue das gentes da Raia, pois se assim fosse estaria mais preocupado em promover o património que em desclassifica-lo.
Mas Senhor(a) “JT” eu como democrático não lhe vou faltar ao respeito nem fazer mal apenas porque tem uma ideia diferente da minha, esteja tranquilo que eu estou habituado a respeitar quem não pensa como eu.
Portanto não tem necessidade de se esconder numa sigla, seja homem (ou mulher) e venha a publico, defender com argumentação aquilo que tem para dizer, mostre a cara.
Em democracia é assim, as ideias debatem-se sem dramas, sabia!?
Zé Morgado,
Eu sei que no seu comentário há como que um desafio para uma resposta da “Casa do Castelo”.
Sem dúvida que a sua frase ” De certeza que a Casa do Castelo, não quer o monopólio dos achados ou qualquer outra exclusividade”, reflecte a posição, que sempre tivemos perante este vestígio judaico.
A disponibilidade que demonstrámos e os contactos de investigadores que conseguimos, nunca se limitaram à análise somente da Casa do Castelo.
Numa das visitas que um grupo de investigadores nos fez, depois de uma primeira abordagem à nossa Casa, foram levados por nós a conhecer algumas aldeias do Concelho.
A conclusão foi unânime: há imensos vestígios judaicos, e este estudo e levantamento, será uma mais valia para o Concelho de Sabugal, pois temos a possibilidade de aliar o turismo cultural ao turismo de lazer.
Haja quem tome a sério esta dinâmica.
A polémica à volta do vestígio judaico encontrado na Casa do Castelo, tem que ser vista em sentido positivo.
É impensável que haja alguém que acreditando no que está amplamente comprovado ( na existência de comunidade judaica no Concelho de Sabugal, há muitos séculos) venham descredibilizar uma investigação no ponto de vista histórico do nosso concelho.
Se temos a comprovação que a comunidade existiu, não será lógico pensar que teriam deixado vestígios?
Não se podem analisar as pedras sem o contexto da totalidade da construção da Casa.
E aí ninguém se pode queixar que o amadorismo da proprietária de algum modo prejudicou a investigação.
A Casa do Castelo tem centenas de fotos da demolição e da sua recuperação.
O interesse foi total e está documentado, a Casa do Castelo é um ponto de partida… e só de partida para um estudo mais amplo já reconhecido por historiadores.
Importante é também saber que a Casa do Castelo tem um parecer assinado por dois arqueólogos em que atestam a veracidade e a importância do vestígio judaico encontrado.
Natália Bispo
Kim
Uma achega ao post de um artigo que li:
«Uma sinagoga, seja grande ou pequena, elaborada ou simples, deve conter os seguintes itens básicos:
Arca Sagrada (Aron HaCodesh ) um armário, ou um recesso na parece no qual são guardados os Rolos de Torá (Sifrei Torá). A cortina cobrindo o Aron HaCodesh é chamada de paroquet. O Aron HaCodesh é colocado em uma parede de forma que a congregação ao rezar a amidá, por exemplo, deve posicionar seu corpo em direção à parede onde encontra-se o Aron HaCodesh, ou seja, em direção à Jerusalém.
Luz Eterna (ner tamid) uma lâmpada colocada acima e em frente da Arca Sagrada. É deixada sempre acesa. É simbólica da diretiva bíblica de “fazer uma lâmpada arder continuamente no tabernáculo do lado de fora da paroquet que está perante (a Arca do) testemunho…” (Shemot 27:20-21).
Bimá é a plataforma, tradicionalmente separada da Arca, sobre a qual há uma mesa (shulchan). Nesta mesa, a Torá é lida para a congregação e o Ledor ou cantor lidera a congregação nos serviços. Nas sinagogas ashkenazitas, há uma plataforma adicional, amud, entre a bimá e o Aron HaCodesh, num nível mais baixo, em deferência ao versículo: “Das profundezas clamo a Ti, ó Senhor” (Tehilim 130:1) e de onde alguns serviços são conduzidos. »
A Arca Sagrada (Aron HaCodesh ) ou armário, deve estar orientado(a)para Jerusalém; isto´é, em direcção ao Oriente. Se o(a) da Casa do Castelo está, confirmam-se as suspeitas de que é uma sinagoga. Não estando… Não se confirmam.
Abraço
Em relação à pergunta com que termina o seu comentário, informo que a resposta é não.
Só um dos lados é o certo… Kim.
Plenamente de acordo 🙂
É porque entendo que o património histórico/cultural do Sabugal está por explorar, e é desbaratado e despromovido em vez de ser enaltecido e divulgado, que escrevi os textos sobre a Sinagoga do Sabugal ou sobre a candidatura da Capeia Arraiana a património da UNESCO.
Seria muito mais importante desenvolver esse trabalho que andar com questiúnculas menores.
Como costumo dizer, na batalha pelo Sabugal apenas há duas posições os que estão contra ou a favor, com as suas atitudes as pessoas demonstram de que lado da barricada estão.
Essa do Estado judaico – como as televisões afirmam “o exército judaico” é de pasmar (pela simplicidade) já que no antigo regime, quando Portugal assinou a Concordata com a Santa Sé ninguém se referia ao nosso exército como sendo o exército católico português.
Já o IRA, Irisch Republican Army, afirma-se como tal, no campo dos princípios e dos seu estatuto.
Caro amigo:-
Seria de admirar que por terras do Côa e Riba-Côa não houvesse testemunhos físicos (e oralidades) mais do que evidentes sobre o cripto-judaísmo pós-conversão manuelina.
No seu caso (e nos dos outros) o que tem a ver o Estado de Israel (não é um Estado judaico) com a metodologia da história e os conhecimentos obtidos e a obter sobre o Homem nas suas diversas facetas e comportamentos humanos?
Porventura alguém deixa de investigar tudo sobre os muçulmanos em Portugalk só porque esles foram corridos daque à espadeirada e `a dentada?
A simbologia judaica está espalhada por tudo quanto é sítio.
Tão só a ignorância e a má-fé têm cerceado o desenvolvimento de todo o tipo de investigações.
Em relação o “Echal” o seu tamanho (no caso de dúvida) nada tem a ver com o tamanho dos rolos (Torah etc.) da Lei.
Os vestigios de permanência da cultura judaica, no Sabugal vâo-se acumulando e estruturando graças ao amadorismo de alguns e só não vê quem não quer e em casa de ferreiro espeto de pau. Se os contribuintes se dão ao luxo de pagarem a um arqueólogo é para trabalhar no terreno e não para emitir simples opiniões, sem quaquer rigor científico. Se há mais “armários” como estes espalhados pelo concelho, melhor para a investigação. De certeza que a Casa do Castelo não quer o monopólio dos achados ou qualquer outra exclusividade.