A Luz vem do Oriente…
Todas as civilizações são perecedouras. A história mostra-nos isso com toda a evidência. O Ocidente (EU e UE), a nossa civilização, está a perder influência, e é muito provável que lhe tenha chegado o fim, não num futuro próximo, mas a longo prazo.
As civilizações e os impérios são como os velhos guerreiros, não caem de um dia para o outro, demoram a cair. E quem virá ocupar esse lugar? Já há muito tempo que se fala no Oriente, quem não se lembra da potência económica que foi o Japão? Podemos considerá-lo o prelúdio do aparecimento das potências económicas asiáticas. O Ocidente tem que enfrentar-se de maneira cada vez mais acentuada ao desenvolvimento económico, produtivo, demográfico e militar desses países que têm à cabeça a China e a Índia.
Que armas vão ser usadas por esses países para liderarem o Mundo? O mesmo processo de Globalização criado pelo capitalismo americano e europeu: a conquista de mercados, a competitividade, a eficácia, a «cultura do esforço» e a «cultura do rendimento». Copiaram também os mesmos métodos do capitalismo da América e da Europa quando do seu auge, jornadas de trabalho esgotadoras, salários de miséria, pouca ou nenhuma cobertura social, exploração do trabalho infantil, e até a escravatura, que foi muito usada pelos USA. No Ocidente sabe-se que é assim que se trabalha nesses países, mas isso não obsta a que muitas empresas ocidentais se lá instalem para fabrico de grande parte dos seus produtos, reduzindo gastos com os salários para melhor competir no mercado.
Também a nível político vemos constantemente governantes americanos e europeus deslocarem-se à China para realizarem grandes negócios, importando-se pouco com a violação dos direitos humanos, que por lá é muito habitual. Presentemente, sem a ajuda da China, Washington não pode recuperar a sua economia, por aí se vê a potência económica que ela já demonstra ser.
Durante mais de um século a humanidade tem vivido debaixo do poder de dois partidos estado-unidenses, os Democratas e os Republicanos que desde Washington emanam as leis que pelas quais se rege o Mundo. Se o poder dos USA for substituído pelo Chinês, as leis (principalmente as económicas) passarão a vir de Pequim, mas como na China existe um só partido, o Partido Comunista Chinês, a humanidade passará a ser regida por um partido comunista… É muito provável que alguns leitores (as) tenham começado já a rasgar as vestes ao lerem isto, não vale a pena! Muita água irá passar debaixo das pontes até que isso possa acontecer, se é que acontece. Mas uma coisa é certa, a nossa civilização perecerá para dar lugar a outra.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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“O centro de gravidade”do mundo deslocou-se mesmo! O país mais endividado do mundo são os EUA; os seus maiores credores são a China e o Japão. Quem manda, agora? Quem?
António Moura:
Todas as civilizações deixaram alguma coisa, não morreram de todo. A nossa também vai deixar, mas o pensamento dominante e o poder, serão de outra, a que a substituirá.
Perecer talvez não António Emídio, talvez apenas se transformem usando novas combinações. Mas ainda que estejamos a falar de comportamentos humanos à escala civilizacional, e portanto de coisas não materiais, a verdade é que o paralelo com a lei de Lavoisier não deixa de ser interessante. Filosoficamente falando ela diz-nos que na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. O que vemos numa cultura a uma dado momento, é o reflexo de múltiplas interacções de percurso, e nenhum dos factores que nelas intervieram desapareceu ou desaparecerá algum dia. Tal como Oriente e Ocidente, hoje mesclados de uma forma tal que vemos aspectos no Ocidente mais Orientalizados do que no próprio Oriente e vice-versa, isso não significa que Ocidente ou Oriente se volatilizem. Aquilo que talvez se possa dizer, é que o centro de gravidade vai sendo alterado no espaço/tempo, a um ponto tal que ele próprio se pode perder por não ter lugar algum. Por não ter um centro, arrisca-se a estar em todo o lado…