Em tempos, julgava que o Meimão era uma das quarenta freguesias do Sabugal. Fica mais próxima deste concelho, que de Penamacor de que dista 30 quilómetros a norte; a Secção da GNR pertencia ao Posto da GNR do Sabugal e anda hoje à diocese da Guarda.
No entanto esta freguesia, pertence e sempre pertenceu ao concelho de Penamacor, sendo uma das suas 12 freguesias. Actualmente não deve ter mais de 500 habitantes.
O que me levou a debruçar sobre o Meimão, prende-se com as seguintes razões:
– É a freguesia, deste concelho, no coração da Reserva da Malcata, que fica mais a norte da Beira Interior Sul, na zona de transição entre a também chamada Terra Fria e as regiões do Sul. Confina com as Terras do Riba Côa e portanto a ultima freguesia a Nordeste do distrito de Castelo Branco. Os seus limites dividem águas, umas a caminho do Rio Douro, outras para Sul, a desaguar no Rio Zêzere que as leva para o Rio Tejo. É aqui também (à semelhança de Quarta-Feira) que a zona de montanha se separa da depressão da Cova da Beira. O clima é igualmente de transição, com Verões demasiado quentes e Invernos frios, mas cujos nevões não atingem a intensidade dos do Sabugal. Abunda o castanheiro, o carvalho e o medronheiro que coabitam com a oliveira, alguns sobreiros e azinheiras;
– É a freguesia das redondezas (até prova em contrário) onde se encontram mais rapazes solteiros (42) contra uma única solteira que ainda por cima namora rapaz de «fora» (vidé: Reportagem da SIC);
– Ser demasiado redundante falar unicamente nesta rubrica «Terras entre Côa e Raia» quando os nossos vizinhos têm tantas afinidades connosco;
– Porque qualquer povoado por mais pequeno que seja, tem a sua história, costumes, hábitos e tradições, em muito semelhantes às freguesias circundantes mas com algumas particularidades e evolução social e económica que merecem divulgação.
Segundo Joaquim Tomás, com raízes em Meimão, «a história de Meimão é caracterizada por duas fases bem distintas, um longo período de isolamento e obscurantismo até meados do Sec.XX. Outra, nas últimas décadas, em que se transformou num das aldeias modelo do concelho, com acontecimentos ligados à presença do Padre José Miguel Pereira (natural do Soito) e à construção da barragem».
Geograficamente, o Meimão, situa-se num vale profundo, num dos contrafortes da Serra da Malcata, zona também raiana, é atravessado pela Ribeira do Arrebentão, afluente da Ribeira do Alízio (mais conhecida por ribeira da Meimoa).
Está situado entre quatro montes com altitudes superiores a 800 metros, escondendo a povoação (visto de cima, Meimão parece estar no fundo de um alguidar conforme descrição do Pe. António Marques).
Para lá chegar, vindo do Sul, em Penamacor segue-se para Norte no sentido Sabugal e corta-se à direita pela estrada da Carreira de Tiro. Vindo do Sabugal apanha-se a EN233 em direcção a Penamacor e ao 5,5 km vira-se à esquerda para Meimão (Guia Turístico de Manuel da Silva Ramos). Assim, só se entrava e só se saia do Meimão, por itinerários acidentados e íngremes, mas é esta particularidade, que lhe confere características próprias.
Mas actualmente para quem não tem viatura TT, para chegar lá, o acesso é fácil a partir da EN322, passando junto ao paredão da barragem, pela margem direita da Ribeira do Alízio.
Demasiado afastada dos centros urbanos e das redes de comunicação, Meimão tem sofrido, ao longo dos anos as consequências da interioridade e do isolamento (M. Lopes Marcelo, 1993) O isolamento era de tal ordem que constituía uma fatalidade. Ninguém se referia a ela, quando por ela passava. A descrição mais representativa, com que termino, é de Alexandre Herculano, que por volta de 1853, refere nos seus apontamentos de viagem pelo país o seguinte:
«…paramos para almoçar do farnel na aldeia da Orgueira (…) Saindo da vila [Sabugal] em direcção a Penamacor, caminhamos por entre matas cerradas de carvalhos (…) entra-se na serra das Aguça doiras [local próximo, onde actualmente se encontra o depósito para abastecimento da água a Meimão], terreno inóspito, matos rasteiros, com raras excepções, tudo parece inculto, verdadeira imagem do deserto.Descida para um vale extenso [Ponte da Pedra] onde aqui e acolá no meio dos matos se vê raro olivedo ou campo cultivado: meia légua pelo vale abaixo, a pequena aldeia da Meimoa. Aí comemos queijo e peras numa taberna.»
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«Terras entre o Côa e a Raia», opinião de José Morgado
Lembro-me pouco do ti Zé Marão quando faleceu tinha eu 6/7anos o meu avô ti Zé espanhol dizia chegava a lavrar com os bois.
Eu sou do meimão ,prima do Tio José Marrão ,e meu vizinho ,pessoa muito alegEu sou do Meimào ,prima do Tio José Marrão ,e vizinha ,uma pessoa muito alegre ,e boa pessoa
Embora seja de Lisboa, descobri recentemente que parte da família há 4 gerações veio de Meimão: apelidos Moiteiro, Soledade e Amaral da Cunha.
Na verdade eu tive la famílias no Meimão e também em antepassados com algumas ligações a esse apelidos
Natália Bispo:
Eu também não fiz o meu comentário com qualquer intenção.
Eu lembro-me bem do Ti Zé Marrão, com uns suspensórios e de trazer os bois para as touradas do Soito.
João Duarte
Não fiz o meu último comentário com o intuito de desmentir qualquer afirmação.
Fi-lo sim, até para lhe agradecer ter falado do Ti Zé Marrão, pois é um sinal de que foi uma pessoa que pelo seu trabalho e personalidade marcou quem o conheceu.
Quantas pessoas passam pelo Mundo e não são recordadas em nenhuma ocasião!
Aliás ser de Malcata ou Meimão faz parte da tal proximidade que ainda hoje existe com o Sabugal.
Natália Bispo
É com esta troca de informações, ideias e lembranças que me delicio ao ler a Capeiaarraiana. Eu nasci em Malcata nos anos 60 e aos 11 anos vim para a “civilização” urbana, onde ainda permaneço com a minha família. Saber estas curiosidades do Ti Zé, sobre as relações que as pessoas do Meimão têm com as de Malcata e com outras aldeias vizinhas faz-nos pensar nas nossas vidas. Tanto dizemos que sabemos e há tanto que nada sabemos. Venham mais destes textos.
O meu pai falou-me um dia qualquer coisa que o Ti Zé Marrão era de Malcata. Mas eu sempre ouvi dizer que era do Meimão.
Por isso escrevi assim.
É sempre motivo de orgulho ouvirmos falar em alguém que foi da nossa família!
Agradeço ao João Duarte ter falado no “Ti Zé Marrão”, uma figura que marcou muito o concelho pelo entusiasmo que ele colocava no negócio que escolheu, era comerciante de vacas, cavalos e principalmente de bois que seriam toureadas nas touradas organizadas em várias parte do País.
Pois o Ti Zé Marrão, era irmão da minha avó paterna, era também o mais novo dos cinco filhos, nascidos todos em Malcata.
Casou no Meimão daí a vida dele estar muito ligada a esta aldeia, parecendo natural de lá.
Ele também fez parte desta proximidade que há entre Malcata/Meimão/Sabugal.
Era um tio de quem eu gostava e é com muito carinho que eu guardo a última fotografia que tirámos juntos, no dia do meu casamento, há 25 anos!
Natália Bispo
O Ti Zé Marrão, o homem que trazia os bois para as touradas era do Meimão. Lembro-me dele.
Há uma freguesia do concelho de Castelo Branco (Almaceda) que pertence à Diocese da Guarda. E é bem longe da Guarda.