A propósito do turismo e do valor que a cultura local tem para o desenvolvimento do concelho do Sabugal, venho aqui lançar uma ideia que não sei se já foi considerada ou ponderada, mas que no meu entender poderia contribuir de forma significativa para a manutenção de algumas tradições inserindo-as nos roteiros de maior divulgação no mundo.
A UNESCO tem uma convenção para a conservação do Património Oral e Imaterial da Humanidade que pretende contribuir de forma significativa para o reconhecimento e preservação do património imaterial da humanidade.
Em 1999, o Conselho Executivo da Organização decidiu criar uma distinção internacional intitulada Proclamação das Obras Primas do Património Oral e Imaterial da Humanidade, para distinguir os exemplos mais notáveis de espaços culturais ou formas de expressão popular e tradicional tais como as línguas, a literatura oral, a música, a dança, os jogos, a mitologia, rituais, costumes, artesanato, arquitectura e outras artes, bem como formas tradicionais de comunicação e informação. Foram realizadas três edições de Proclamações em 2001, 2003 e 2005.
Todos temos consciência que na voragem dos tempos se está a perder muitas das características e tradições deste povo Arraiano. Outras há que apesar de vivas necessitam de ser reconhecidas e divulgadas como é o caso da Capeia Arraiana, do Forcão, do Bucho, entre muitas outras que seria impossível enumerar aqui.
Esta Cultura Arraiana é um património cultural imaterial notável que importa e urge salvaguardar e preservar. Ora, é isso mesmo que se pretende com esta convenção.
Penso que apresentar uma candidatura à UNESCO para o reconhecimento deste nosso rico património cultural seria, sem sombra para duvida, um forte empurrão para a divulgação e manutenção das tradições, obtendo com isso uma importante fonte de divisas atendendo a que o Sabugal seria colocado nas internacionais rotas culturais da UNESCO.
É apenas uma sugestão que espero não seja considerada como irrelevante, pois todos sabemos o que representa o reconhecimento por parte da UNESCO de um património.
«O Bardo», opinião de Kim Tomé
kimtome@gmail.com
Depois de ter sido o primeiro a falar desta possibilidade, como se pode constatar neste artigo, podemos dizer que está conseguido o primeiro passo, como se pode constatar neste link.
http://www.matrizpci.imc-ip.pt/MatrizPCI.Web/Inventario/InventarioConsultar.aspx?IdReg=284
Contudo não posso esquecer que:
– Por ter tido a ideia de candidatar a Capeia Arraiana a património da humanidade pela UNESCO, fui distratado e ofendido por pessoas que têm responsabilidades sociais nesta tradição.
– Por ter tido e defendido esta ideia, fui esquecido na hora de preparar o processo estando agora outros a tentar colher os “louros” sem que tenham tido no mínimo a consideração de me contactar uma vez que fui eu o autor desta ideia.
Assim, deixo aqui publicamente a minha indignação por haver no Sabugal quem haja deste modo, apropriando-se das ideias de outros, procurando destruir os autores da ideia e depois obtenha protagonismo e benefícios próprios com as ideias dos outros.
É por isto que o Sabugal está como está!!!
Estou de acordo 🙂
E penso que a Capeia Arraiana Transcudana 🙂 terá todas as características necessárias para se tornar num património da humanidade reconhecida pela UNESCO.
E, acredito que esse reconhecimento, poderá ser impulsionador da manutenção de outras tradições que, no seu conjunto, formam uma cultura particular desta Raia Transcudana.
Como se sabe, o touro está nas raízes desta cultura, estando presente em muitos dos monumentos e achados arqueológicos, tendo chegado aos nossos dias com a expressão ritual que tem actualmente a sua expressão máxima na Capeia Arraiana Transcudana.
É só juntar pessoas e avançar com a candidatura, sem se tentar é que não se consegue. Aos da terra, mesmo que incrédulos, compete apoiar e ajudar a que esta terra seja mundialmente reconhecida, como tendo um importante património cultural, que importa preservar e partilhar com a humanidade.
Para o Kim Tomé:
O FADO só este ano será candidato a Património da Humanidade. E é apoiado fortemente . Se o fado não for aprovado como Património da Humanidade, não sei mais o que o será , em Portugal. Certamente imaginas o que representa o Fado, comparado com qualquer outra coisa , em Portugal?
Para o conterrâneo Zé Morgado:
No primeiro comentário que inseri sobre este “post” não usei a palavra modernice. Se o meu amigo a usou , lá saberá porquê.
Já usei essa palavra em outros comentários e não me arrependo. Não gosto de “modernices”, pronto. Por exemplo uma modernice é dizer colaboradores em vez de empregados ou trabalhadores, ou estar sempre a dizer empreendedorismo.
Mas, já agora, explique-me o que mudou na geografia, em Portugal, para a Beira Alta ter deixado de existir. Eu não notei nada , desde os bancos da primária. As regiões geográficas (Alentejo, Beira Alta, Beira Baixa, etc) não são administrativas. São, apenas regiões geográficas, com algumas coisas em comum. É claro, que haverá especificidades em cada uma das regiões, mas , de um modo geral, são geograficamente parecidas. E até nos costumes, nas tradições, nos tipos de cultivo, etc.
Como se sabe a tourada com forcão só existe aqui nesta nossa região. E o carvalho (ou pau) do S. João, também. E outras zonas da Beira Alta terão outras especificidades. mas não deixam, por isso, de ser todas da Beira Alta.
Já agora, houve, há uns anos um jornal regional que mudou de nome e passou a publicar-se em castelhano e português e revelou-se um fracasso.
Afinal não há tantas afinidades como se diz entre portugueses e espanhóis, nesta região. Mas há quem defenda o contrário.
Digam de sua justiça , neste fórum.
Para o Zé Manel Aguiar:
Claro que a tua mãe é da Beira Alta e eu também sou.
Mas o melhor para definir esta zona é Raia Transcudana.
Porque a Raia é muito grande, em Portugal.
Dizer Raia quer dizer Barrancos, partes de Trás-os-Montes, partes do Algarve, etc.
Sobre isto da Raia já escrevi um artigo num jornal regional, a defender a minha posição. Apenas um senhor , natural dos Forcalhos, fez réplica, mas concordando comigo em muitos dos meus pontos de vista.
inutil porque?
chumbada a partida porque?
Eu defendo a utilidade porque:
colocaria a cultura arraiana nas rotas mundiais do turismo cultural, e todos sabemos que uma rota da UNESCO é uma garantia de milhares de visitantes.
Chumbada?
Depois de ler os pressupostos da UNESCO para o reconhecimento de uma cultura, parece-me que cumpre todos os requisitos.
a saber:
“Para efeitos desta Convenção, considera-se património cultural imaterial as práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões – bem como os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados – que as comunidades, os grupos e, sendo o caso, os indivíduos reconheçam como fazendo parte integrante do seu património cultural.
O património cultural imaterial manifesta-se nos seguintes domínios:
a) Tradições e expressões orais, incluindo a língua como vector do património cultural imaterial;
b) Artes do espectáculo;
c) Práticas sociais, rituais e eventos festivos;
d) Conhecimentos e práticas relacionados com a natureza;
e) Aptidões ligadas ao artesanato tradicional. ”
o link – http://www.unesco.pt/cgi-bin/cultura/temas/cul_tema.php?t=9
como tal não me parece despropositado nem absurdo e seria uma importante alavanca para o desenvolvimento do Sabugal.
Parece-me uma proposta inútil e chumbada à partida, mas não seria mau tentar, até pela atenção que atrairia sobre a raia sabugalense.
Eu fico na minha: pertenço à Beira Alta e pronto.
Quando andava na escola nunca ouvi a palavra raia.
O que eu sei é que as casas daqui são iguais a todas as casas típicas da Beira Alta (as antigas, de pedra). Se isto fosse uma região demarcada, as casas da Espanha fronteiriça connosco tinham as casas iguais às nossas e não têm.
Em termos de música tradicional, enchidos, etc isto é tipicamente Beira Alta. Se excepturarmos a tourada com forcão e o “pau” de S. João, o resto é Beira Alta pura.
As províncias ultramarinas nada têm a ver com isto. Essas eram as colónias e mudaram-lhes o nome.
Mas gostava que esta discussão continuasse.
OH João Duarte! Aquela nem parece tua. Eu também aprendi na primária que o minúsculo Soito “pertencia” ao concelho do Sabugal, distrito administrativo da Guarda e província da Beira Alta. Mas também me obrigaram a decorar que além das provincias das Beiras e outras, havia as províncias ultramarinas que faziam parte de Portugal.
Sei, por escritos teus neste Blogue, que és conta as “modernices”. Mas não chames modernices a identidades próprias de certas regiões como por exemplo, dentro da tua Beira Alta às várias regiões demarcadas, que não vale apena enumerar, porque são sobejamente conhecidas
A semântica parece-me pouco importante.
O importante é o património cultural, os saberes, a cultura que é verdadeiramente diferente da cultura de terras não Arraianas. O importante é essa cultura singular que tem na Capeia Arraiana uma expressão única em termos mundiais.
É de facto um património cultural da humanidade que importa preservar e divulgar.
Deve-se assumir a evidencia de que a cultura ARRAIANA é única no mundo, tendo especificidades que a colocam em condições ideais para ser reconhecida como tal pela UNESCO.
Para o Sabugal ter reconhecida esta cultura pela UNESCO, seria sem duvida um enorme empurrão, pois estaria inserido nas principais rotas mundiais do turismo cultural.
João Duarte:
Na verdade, sempre ouvi o meu pai dizer que a sua mulher era da Beira Alta. No entanto, sugeria que se pudesse chamar à Região: Beira Alta Raiana ou arraiana e assim penso que já não será questão controvertida.
Aquele abraço!
Força nisso!
É uma boa ideia!
Não acredito. Mas é tentar. Eu cá digo que sou da Beira Alta, porque foi o que aprendi nos bancos da escola primária e assim me mantenho. Nessa altura ninguém falava em raia.
Ou melhor, sou de uma parte da Beira Alta que faz fronteira com Espanha. Só isso.