A França, vive hoje um movimento social dos mais esperados e talvez participados. Desde creches, liceus, universidades, pessoal médico, passando pelos serviços de correios, Impostos, transportes públicos, comunicação social pública, Electricidade de França, France Telecom, contoladores aéreos, entre outros, a maioria destes serviços estão mais que perturbados. Consoante a região, a adesão é diferente. Maior aderência nas regiões de maior densidade populacional onde alguns serviços estão pura e simplesmente fechados.

Todos os sindicatos fizeram apelo para este dia de greve. Sejam eles funcionários públicos ou privados, o lema é o mesmo: exigir do governo maior poder de compra, mais emprego, melhores garantias e condições de trabalho, por outras palavras, trabalhar menos e ganhar mais. Alguns empregados do privado, de sectores ligados ao automóvel, também aderiram a este dia de greve e manifestam em conjunto com os funcionários públicos, com os estudantes, com professores, enfermeiros, funcionários dos transportes públicos, entre outros.
Mas no meio disto tudo, quem sofre mais com estas greves? Quais são os resultados no final destes dias?
Que dizer dos pais que não sabem onde deixar os filhos porque as escolas estão fechadas? Que dizer dos empregados do sector privado, que não têm transportes para se deslocarem para os seus locais de trabalho, que decidem dormir no local de trabalho, que abalam de casa às 3 ou 4 horas da manhã para poderem estar no local de trabalho às 8 ou 9 horas?
Num momento de crise, como este, quanto perdem as empresas publicas ou privadas, pelos empregados que não vão ou não podem ir trabalhar? Quantos pais de família perdem dias, perdem poder de compra, perdem os empregos porque as greves não lhe permitem viver o seu dia a dia com tranquilidade.
Esta manhã, na escola frequentada pela minha filha, alguns professores vestiam uma t-shirt amarela, com a frase «Non-Greviste». Depois de terem aderido e participado em precedentes manifestações e greves apaerceberam-se que têm um dever primordial: dar aulas, ensinar crianças e jovens que querem ainda aprender os verdadeiros valores da vida, do trabalho, da sociedade.
Nos últimos dias, apareceram grupos de contestação e protesto contra as greves, muita gente, do privado e do público, começam a estar fartos destes dias negros, destes dias que para defender a liberdade de alguns, não se respeita a liberdade dos outros, fartos de serem vitimas.
Pessoalmente não sou conta as greves, sou sim contra este tipo de greves, em que a mioria protesta sem saber porquê. Sou contra esta liberdade de fazer greve e através da qual não se respeita a liberdade daqueles que querem ir trabalhar. Sou contra este tipo de greves que paralisam uma cidade, um País acentuando a crise dos mais pequenos, tirando ainda mais poder de compra aqueles que já pouco têm.
Será que a greve serve apenas para exigir direitos e regalias? Não teremos nós também devers e obrigações?
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«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
Concordo com o Kim Tomé.
A greve é um direito e se há greves alguém tem que ser prejudicado. O dever é trabalhar todos os dias, quando se recebe o salário. Quem faz greve também perde o direito ao salário. Claro que os tais parasitas (especuladores da bolsa, por exemplo) nunca fazem greve.
Não acho que a maioria em França proteste sem saber porquê. Claro que sabem porquê.
Se os poderes instituídos tivessem actuado de forma correta a “crise” não se tinha instalado e não haveria necessidade de protestar desta forma.
Ainda bem que há gente que tem a coragem de protestar, aqui em Portugal é que se acobardam.
É evidente que só protesta quem tem consciência, consciência dos exagerados ganhos de alguns enquanto outros vivem na miséria.
A culpa da crise não é dos trabalhadores esses fazem o seu trabalho, é dos parasitas que à custa dos outros tem (des)governado o mundo.
Claro que alguns que vivem nos seus tronos de ouro estão imunes às dificuldades e como tal até acham que protestar é uma atitude reprovável.
Protestar e fazer greve é um direito, e claro que provoca transtornos a ideia é mesmo essa.
Quando tanta gente e tantos sectores se juntam desta forma é porque há milhares de pessoas que tem a coragem de dizer aos senhores governantes BASTA.
É preciso que haja a coragem de dizer que “O REI VAI NU” que BASTA de tanta má governação. Os franceses tem-na, invejo-os por isso, envergonho-me de viver num pais alienado onde apenas se liga ao futebol e as telenovelas.