Vai para uns largos anos, quando num aeroporto de uma pequena cidade francesa, que penso ter sido Nice, deparei com a figura de um dos mitos da minha juventude: Bernard Lavilliers!
:: :: :: :: ::
Big Brother is watching you!
Bateaux panaméens, marchands d’armes français
Tueurs américains, matériel japonais
Capitaux catholiques, call-girls asiatiques
Big Brother is watching you!
Big Brother te regarde de son œil de plâtre
Parano et livide, décervelé noirâtre
On arrive bientôt, 1984 !
Big Brother is watching you !
Bernard Lavilliers
:: :: :: :: ::
Atónito e um pouco incrédulo perguntei-lhe: «C’est bien vous Mr. Lavilliers?» Com uma taça de champagne na mão e um largo sorriso no olhar e nos lábios, convidou-me a uma coupe de champagne, que aceitei agradecido. Como diz o outro gigante da canção francesa, Jacques Higelin, «champagne pour tout le monde… caviar pour les autres».
Bernard Lavilliers para além de ser um gigante da nouvelle vague, com grandes influências brasileiras e africanas transformou em canção, o mito do «Big Brother» que, em 1948, George Orwell havia imortalizado no seu livro «1984».
Premonitório, para Orwell o «Big Brother» é a figura omnipresente que tudo vigia e controla, transformando os cidadãos em autómatos cumpridores das regras estabelecidas, não havendo espaço para a liberdade, tudo sob a batuta do Ministério da Verdade.
Orwell, qual visionário descreveu na perfeição o futuro e os tempos modernos onde todos aqueles que pensam diferente são eliminados e ostracizados.
Os mecanismos actuais de controlo da vida dos cidadãos são muitos e variados existindo um nivelamento por baixo, tudo começando pela classe política, sendo difícil e incómodo pensar de forma diferente.
É verdade que aqueles que exercem o domínio, controlam os mecanismos do poder beneficiando das suas sinecuras, porque como afirmava o mesmo Orwell no seu livro «O Triunfo dos Porcos»: «Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.»
O indivíduo é controlado e vigiado, desde o seu nascimento até à morte.
Despedi-me de Bernard Lavilliers, ao mesmo tempo que trauteando o seu «Big Brother», fixámos o olhar nas câmaras de vigilância e segurança do aeroporto.
:: :: :: :: ::
>> Para Ler…
«1984» e «O Triunfo dos Porcos», de George Orwell.
>> Para Ouvir…
«Bernard Lavilliers 15 eme Round».
«Jacques Higelin, Champagne pour tout le monde e caviar pour les autres».
:: ::
«Páginas Interiores», opinião de José Robalo
A edição dos textos enviados pelos nossos colaboradores tem destas coisas.
O nome de George Orwell ficou gralhado e apresentou George Owell.
Pela falha o Capeia Arraiana assume que errou.
Aproveitamos para agradecer a todos quantos nos visitam e em especial ao André pela colaboração no sentido de sermos cada vez mais rigorosos porque os nossos leitores merecem. Significa que temos bons e atentos amigos que fazem o favor de nos visitar e ler o que só aumenta a nossa responsabilidade.
Bem-hajam todos,
José Carlos Lages
Apenas uma pequena correcção,é George Orwell e não Owell.
Fica aí mais alguma informação bio e bibliográfica deste visionário autor.
http://pt.wikipedia.org/wiki/George_orwell
Continuação de um bom trabalho.