Só algumas famílias mantêm ainda a tradição de ir à romaria da Senhora da Graça, no Sabugal, e se instalarem nas imediações da capela para aí merendarem e passarem todo o dia.
As merendas dos romeiros, que durante tanto tempo foram a imagem de marca da festa, são hoje uma raridade. Não por culpa das mordomias, que melhoraram sucessivamente o santuário, instalando até mesas de pedra e fazendo outros melhoramentos importantes, mas por manifesta falta de interesse dos romeiros de hoje. Os tempos são outros, é verdade, nas há tradições que importa manter e esta é seguramente uma delas.
A romaria fez-se do passado dia 7 de Setembro, primeiro domingo do mês. Centenas de pessoas assistiram á cerimónia religiosa, onde foi pregador, o jovem padre Hélder Lopes, e depois participaram na procissão que contornou a capela. Coube á banda filarmónica da Bendada abrilhantar a festa, o que fez com galhardia e distinção, como é seu timbre.
Finda a cerimónia, os romeiros dirigiram-se para os seus automóveis, ou para o autocarro que a empresa Viúva Monteiro disponibilizou, e rumaram a suas casas para almoçarem. Ficaram junto ao santuário, ocupando algumas mesas e lameiros, meia dúzia de famílias sabugalenses, que persistem em querer manter a tradição de ali degustarem a merenda. Lá estiveram, em convívio por toda a tarde, mantendo assim uma velha tradição que cada ano parece ter menos adeptos.
Sugere-se que o todo da festa se transfira para o santuário. Para além do cerimonial religioso, a mordomia deveria apresentar também um programa de animação durante a tarde, como um concerto da banda filarmónica, actuação de concertinas, ou mesmo jogos tradicionais. Depois, à noite, fazer ali tradicional baile. Talvez assim, com estes atractivos, se consiga rumar contra a maré, voltando a concentrar os romeiros no santuário, onde poderão passar um dia diferente e, seguramente, muito mais animado e saudável.
plb
Sabugal tem um problema grave, um complexo enorme com as festas e as actividades ‘sociais’ e lúdicas.
Reparem que não se dança no Sabugal, nas aldeias ainda, mas no Sabugal não. As pessoas vão para as festas para socializar, já não é para se divertir, têm que se comportar, dançar é para ‘os do Castelo’, para ‘os da Vila’ (leia-se em tom pejorativo, como se fosse para a escumalha). “Ai aquela vai mal vestida(o), olha que trapos…”, ou “Não posso dançar, ai se me vêem dançar vão pensar que sou um(a) desleixada(o)”, “A senhora professora/autarca/bancário/comercial/etc não se pode divertir em frente da população, que mau aspecto verem que sou humano e gosto de brincar e divertir-me”, “Que canseira, fico todo despenteado(a)”. Esqueçam os saltos altos e as gravatas e divirtam-se, participem e façam a festa!
Os jovens idem, um concerto fantástico, como já não há memória na nossa cidade como foi o dos WrayGunn, em que os jovens tiveram vergonha de se expandir e se divertirem. Tudo de braços cruzados e agarrados ao copo. Eu faria o mesmo que o Paulo Furtado fez, que parecia estar a tocar para um bando de zombies, para isso vai para casa! …mas os papás podem ver… É tudo uma questão de aparências, de imagem e de não fazer ‘más’ figuras. Que triste.
Há uma senhora e a sua filha, que se divertem nas festas, não param de dançar, pois bem, a maior parte dos Sabugalenses olha para elas em tom de gozo (maluca, pensam) “que figurinha, devia ter vergonha” Pois, deviam era ter vergonha de passar uma noite de festa inteira com um copo na mão, sentadinhos, para não estragar o quadro e não dar mau aspecto.
Outro exemplo, o concerto de Santamaria, no São João. Não gosto da música mas deram um espectáculo fantástico, com muitíssima energia, sempre a puxar pelo público e este respondeu: de braços cruzados…
Ainda me lembro dos bailes no antigo ringue, junto à praça em que toda a gente dançava, ou dos concerto dos Sitiados ou Quinta do Bill em que os jovens faziam a festa e havia de tudo, publico em euforia, saltos para o publico e até ‘moshe’.
Pensem bem que tipo de educação estamos a dar aos nossos filhos. Bonito não é um garoto andar com um telemóvel ultima geração, ter psp, traze-lo bem vestidinho com calças da moda que o amigo não tem, que quer ser como o ****** dos Morangos com Açúcar. Bonito é ter um filho livre de preconceitos, sem ligar a estereótipos, sem vergonha de ser como e quem é, simpático, amável e humilde. Se sujou o joelho com relva, ainda bem, sorte a dele que os pais não o obrigam a brincar só no quarto ou na sala!
É triste trazer um amigo de outra terra a uma festa no Sabugal, ninguém participa, ninguém faz a festa, ninguém dança, ninguém canta, só se bebe. É triste.
Quem não sabe onde são os castanheiros das merendas muito desconhece sobre esta romagem…
Enquanto aluno do Externato do Sabugal,participei em duas festas da S. da Graça,degustando o Farnel meticulosamente preparado pela Srª Prazeres Garcia de Carvalho,que embora natural do Soito,sempre soube adaptar-se ás exigencias das tradições da então vila.
É pena que o tempo vá apagando estes costumes.
Convido os Sabugalenses a participar nas festas da srª da Granja do Soito,para alguns relembrarem o velho e são convivio e outros ficarem a saber como é.