A decisão do povo de Vilar Maior aponta para a manutenção da Festa do senhor dos Aflitos no primeiro domingo de Setembro, em detrimento da sua realização no mês de Agosto.
A tradição continua a valer em Vilar Maior, antiga vila raiana que mantém na data antiga a sua festa principal. O povo da freguesia pronunciou-se ontem, 24 de Agosto, votando as várias propostas. Contrariando algumas opiniões que defendiam a realização da conhecida festa do Senhor dos Aflitos em Agosto, para assim poder contar com a presença dos emigrantes, o povo decidiu-se a favor da manutenção da festa no primeiro domingo de Setembro.
Chegou a pensar-se que a festa de 7 de Setembro de 2008 seria a derradeira, mas afinal tudo será igual nos próximos anos.
António Gata, antigo presidente da Junta de Freguesia, e que colocou uma proposta a votação, falou do assunto ao Capeia Arraiana. Defendeu uma espécie de solução de compromisso, com a festa a realizar-se em dois momentos distintos: um primeiro em Agosto, dedicado aos emigrantes, e um segundo em Setembro, cumprindo a tradição e satisfazendo os peregrinos que ainda vêm de muitas terras da Raia para assistir às cerimónias religiosas. A população rejeitou também a sua proposta, situação com que se conforma mas que de algum modo lamenta: «A minha ideia era contentar as várias partes. Propus uma solução idêntica ao que sucede na festa da Senhora da Graça na sede do concelho, que é uma festa móvel com dois momentos, primeiro em 15 de Agosto para os emigrantes e depois em Setembro na data tradicional, que corresponde precisamente ao mesmo dia da festa do Senhor dos Aflitos em Vilar Maior. Penso que as coisas assim, continuando como estão, e como de resto o povo decidiu, podem levar ao fim da festa, porque a aldeia tem cada vez menos gente, e a prazo pode ser insuficiente para manter os seus custos elevadíssimos.»
plb
Caros amigos Ramiro e João
Aproveito para dizer que há mais vida para além dos referendos.
Vamos juntar as nossas energias e lutar pelo Sabugal e pelos sabugalenses. Isso sim é o nosso objectivo primeiro e último.
Aquele abraço raiano para os dois.
José Carlos Lages
Caro sr. Ramiro Marques: Esqueceu-se de referir o referendo não realizado, mas prometido pelo nosso Presidente do Conselho (de Ministros) ,sobre o Tratado de Lisboa. Esse sim, era importantissimo e não se realizou. E o mais curioso é que tenho a certeza que o resultado seria a favor das teses do Tratado de Lisboa. Foi só mais uma das teimosias do PS. Mas, porreiro, pá!!
O que eu penso é que se podem realizar referendos sobre assuntos de interesse para as freguesias, sem ter de se seguir as leis. Não têm que se seguir as leis em tudo, sobretudo em assuntos que só dizem respeito a uma determinada comunidade (com este Governo e este PS tem sido uma loucura de leis a comandar tudo e todos, até sobre o uso dos “piercings”). Deixem as pessoas respirar livremente!!!
Nunca me passaria pela cabeça atacá-lo directamente a si, mas passa-me todos os dias pela cabeça a ideia de atacar o PS actual e o Governo e tudo fazer (democraticamente) para destruir este Governo que tão mal tem feito ao país. Afinal só quero tão mal ao Governo como ele me quer a mim. Eu, que nunca contribuí minimamente para o aumento do “déficit” , tenho que gramar com um Governo que tudo faz para me lixar a vida.
Sobre a minha opinião sobre o resultado do referendo em Vilar Maior,não tenho que a ter. Não sou habitante em Vilar Maior. Não me meto em assuntos que não me dizem respeito. O povo escolheu, está escolhido.
Assim fizessem os grandes “democratas ocidentais” sobre o resultado do referendo na Irlanda. Se os irlandeses decidiram ser contra o Tratado de Lisboa, só tinha que se aceitar o resultado e não inventar outro referendo até que os irlandeses votem no sim. Se é isto a democracia ocidental, vou ali e já venho.
João Duarte
Pedindo desculpa aos responsáveis do Blogue e aos frequentadores do msmo, sou obrigado a um curto esclarecimento de uma coisa que me parece estaria clara no meu comentário.
Não sou, nao fui, nem serei nunca contra um dos mais importantes instrumentos que as democarcias ocidentais encontraram para a tomada de decisão colectiva – o referendo.
Mas este tem regras claramente definidas na lei e o uso deste instrumento não pode, por e simplesmente ser objecto de decisões de um grupo de cidadãos, por melhores que sejam as suas intenções.
Se não, nada impediria que amanhã uma parte de uma comunidade decidisse colocar à votação, por exemplo, se se deveria instituir de novo a lei da pena de morte.
Ou, decidir que aquela aldeia deixava de pagar impostos…
Foi isto que quiz dizer, e esteja descansado, sr. João Duarte, que sei exactamente os referendos que foram feitos e, porque não é só Irlanda, também se pode chamar aqui os resultados dos referendos em Portugal – o da regionalização e os da interrupção voluntária da gravidez.
E é pena que não haja mais referendos, mas convocados e concretizados nos termos das leis democráticas em vigor.
O que aconteceu em Vilar Maior foi uma simples tomada de posição dos cidadãos que ali estavam presentes e, felizmente, foi no sentido correcto, no meu entendimento.
E no seu? É que tirando aproveitar mais esta oportunidade para me atacar e ao Partido a que o sr. pensa que eu pertenço, nada transparece do seu texto sobre a sua opinião quanto à mudança da data da festa de Vilar Maior…
E com isto, considero encerrado este assunto…
Ramiro Matos
Os referendos são chatos , não é? Foi como o da Irlanda… O nosso primeiro” e o resto da pandilha do PS não gostaram nada do resultado.
Por isso se disse no “comment” anterior “por um processo com o qual não estou totalmente de acordo”.
É a vida… como diria o saudoso (este sim!!!) Guterres. Habituem-se (como diria o nada saudoso António Vitorino).
Não posso deixar de saudar a sabedoria e a sensatez dos habitantes de Vilar Maior ao decidirem, por um processo com o qual não estou totalmente de acordo, manter a sua festa na data histórica em que sempre foi.
Estas datas não podem estar ao sabor de contextos transitórios durante os quais parte de uma população, por questões da sua vida particular, não têm conveniência em estar presentes na festa anual da sua aldeia.
Uma situação semelhante se vivera há muitos anos em Quadrazais quando se tentou mudar a Sta Eufêmia para Agosto e a população e os próprios emigrantes se opuseram.
Pela mesma lógica, seria correcto centrar em Agosto o Natal, a Páscoa, os aniversários da família, enfim, tudo…
Já houve Governos que propuseram que sempre que um feriado fosse à quinta ou à terça, pasasse para sexta ou segunda…
Por exemplo o pároco do Sabugal decide por sua vontade, quando é o aniversário da morte de uma pessoa. Este ano o meu pai morreu a 19 de Agosto em vez de 16. Por motivos que desconheço, foi este o dia que o pároco reservou para dizer missa pela sua alma…
As tradições pertencem ao património cultural de um povo e de uma nação.
Mudá-las, por motivos de oportunidade ou por interesse de uma geração, pode parecer de somenos, mas é mais um passo para a perda da identidade de uma comunidade.
Obrigado aos vilarmaiorenses pela lição que nos deram.
Ramiro Matos