Vila do Touro – É uma das cinco povoações acasteladas do concelho do Sabugal. Situa-se no alto de uma elevação entre o Cabeço de São Gens e o Alto do Castelo perto do vale da Ribeira do Boi no seu ponto de união ao Rio Côa. Lá do alto, entre-muralhas, avistam-se a Abitureira, Baraçal, Arrifana, Sabugal, Seixo do Côa, Pêga, Martim Pêga e Guarda.
A freguesia de Vila do Touro integra-se numa região de terrenos graníticos, de relevo suave, com os cabeços de São Gens e do Alto do Castelo a destacar-se na paisagem. Tem vestígios da presença humana desde a pré-história e têm sido encontrados inúmeros objectos arqueológicos como machados de pedra e bronze que permitem pensar que aqui tenha vivido uma comunidade desde a Idade do Bronze.
Os romanos deram-lhe o nome de Tauro pois a denominação aparece referida numa epígrafe encontrada perto da povoação da Abitureira. Este topónimo fica a dever-se à configuração topográfica elevada dos dois morros da Vila que se assemelham às protuberâncias de um touro.
São desse tempo e ainda hoje visíveis na povoação os troços de algumas calçadas que pertenceram a importantes vias de comunicação e ligação com as praças militares de Alfaiates, Sabugal, Sortelha e Guarda.
O foral de Vila do Touro foi-lhe concedido a 1 de Dezembro de 1220 por Dom Pedro Alvito que era mestre dos Templários mas, contudo, nunca foi possível alcançar um acordo com o concelho da Guarda que se opôs sempre à criação de concelho da Vila do Touro.
A construção inacabada do castelo de Vila do Touro, situado 800 metros acima do nível do mar, limitou-se às muralhas que apresentam uma forma poligonal irregular em consequência do terreno muito acidentado em que assentam. Integrada nas muralhas pode ser admirada a Porta de São Gens com o seu arco quebrado em estilo gótico, abobadada e parcialmente entaipada.
Durante o reinado de D. Dinis (1279-1325), com a assinatura do Tratado de Alcanices (1297) a Vila do Touro perdeu a sua importância estratégica e a fortificação nunca foi terminada.
Vila do Touro foi sede de concelho entre o séc. XIII e o início do séc. XIX tendo sido extinto durante as Reformas Liberais em 1836 conjuntamente com o de Alfaiates.
A freguesia possui um vastíssimo património histórico e arqueológico como a Igreja matriz, o Pelourinho, a cadeia, o antigo edifício das repartições, os barrocos da forca, as fontes de Paio Gomes e das Patas, os chafarizes do Carvalho e do Churro, as capelas da Senhora do Mercado (séc. XIV nas fotos), de São Sebastião, de São Gens e de São Lázaro.
Algumas janelas da aldeia ostentam ainda molduras trabalhadas em pedra de influência renascentista.
Enfim… um museu que regista a céu aberto a história das gentes de Ribacôa.
Mas a história também se escreve com modernos investimentos. Destaque para o bom-gosto demonstrado pelo arranjo paisagístico e enquadramento numa elevação desafogada da novíssima sede da Junta de Freguesia de Vila do Touro, um bonito edíficio que reflecte com rara intensidade a luz do Sol.
Por intervenção do executivo da Junta de Freguesia aproveitando os fundos da delegação de competências, verbas de capital e o apoio complementar da Câmara Municipal do Sabugal foi construído de raiz uma funcional sede equipada com mobiliário moderno e computadores que serve igualmente de espaço polivalente.
A freguesia dispõe de dois lares apoiados pela Segurança Social e que contaram com um subsídio camarário no valor de 20 mil euros (metade durante a construção e a outra metade na fase de instalação). Existe igualmente um espaço associativo que contou com o apoio do município sabugalense.
Junto à zona de acesso às muralhas e muito perto da Porta de São Gens foi recuperada uma antiga casa rasteira em pedra. Foi adaptada para posto de Turismo e dá trabalho a uma jovem da freguesia. As características inclinadas do terreno permitiram incluir uma mezanine para exposições culturais temporárias.
Há quanto tempo não visita Vila do Touro? As férias convidam ao descanso. Enquanto descansa aproveite para passear pelas freguesias com história do nosso concelho e descubra a qualidade de vida proporcionada pelos novos equipamentos sociais à disposição dos sabugalenses.
Aproveitamos para deixar um reparo aos responsáveis autárquicos do concelho da Guarda. Fica-lhes mal deixar ao abandono umas centenas de metros de estrada com o alcatrão num deplorável estado entre Vila do Touro e o cruzamento junto a Pêga. É uma forma terceiro-mundista de nos dizerem que não gostam de nós mas acreditem que ficam muito mal na fotografia. Senhores autarcas guardenses na próxima visita ao Sabugal passem por Vila Touro para perceberem melhor o meu lamento.
jcl
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