Decorreu no passado sábado a XXX Capeia Arraiana, organizada pela Casa do Concelho do Sabugal, no Campo Pequeno, em Lisboa. Tal como previmos, este espectáculo teve a participação de muita gente, vinda de propósito do Sabugal, bem como, a maior parte da grande região lisboeta, que não quis deixar os seus créditos por mãos alheias, acorrendo, em grande número, à principal Praça de Touros do País.
Não é nada fácil descrever todas as incidências deste grande dia, que marcou o retorno a tão emblemático monumento.
A azáfama começou pela manhã, com a montagem do Forcão em plena arena, pelos especialistas do costume, bem liderados pelo Ti Domingos de Vale de Espinho, aprontando o instrumento, que iria servir durante a tarde para esperar os touros.
Ao longo de toda a manhã, foram chegando uns e outros, que deram uma primeira espreitadela à Praça de Touros, aumentando o movimento, mais para o final da manhã, com a chegada das seis camionetas da Viúva Monteiro transportando os arraianos, que não quiseram perder pitada, deste regresso ao Campo Pequeno.
Quase todos estes amigos, por ali estacionaram, aconchegando o estômago no espaço do Clube Operário de Lisboa, cedido gentilmente à Casa, pelo seu Presidente, a quem a ficámos agradecidos, pois com este espaço, deu-se continuidade ao antigamente.
Foi a grande festa inicial, prenunciando o que se iria passar pela tarde na Capeia.
Chegados todos os principais intervenientes na Capeia, Bombeiros do Sabugal, Tamborileiros de Aldeia da Ponte, Charanga La Mosca de Ciudad Rodrigo, Cavaleiro Zé Manel do Soito e os touros do Ganadeiro Sr. José Dias, foi altura de todos rumarem em direcção à Casa, para o merecido almoço.
Os Bombeiros do Soito não compareceram, apesar de convidados, não nos chegando nenhuma justificação para a sua ausência. Algo terá acontecido, que não lhes permitiu a sua presença, foi uma pena, pois a sua participação era tão importante, como as de todos os outros, no magnífico desfile inicial. Outro tanto, aconteceu com outras entidades importantes do Concelho, convidadas para o evento, que não compareceram, o que se lamenta. Como se costuma dizer, nestas coisas, só faz falta quem cá está.
Contam-se pelos dedos de uma mão, ou nem tanto, os concelhos do País, que conseguem realizar eventos com esta envergadura na Capital. A Casa do Concelho do Sabugal há 30 anos que os realiza, mostrando a força da nossa gente, do antes quebrar que torcer, apesar deste ano, concorrer com o Rock in Rio, em Lisboa e o jogo de futebol da Selecção, no mesmo dia. Foram cerca de duas mil e quinhentas almas a vibrar com as incidências da Capeia no Campo Pequeno, podiam ser muitas mais, mas enfim, não tão poucos como isso, mas todos bons.
Antes do espectáculo ter início, foi dada uma volta a todo o local, com a Charanga La Mosca, animando com as suas músicas, todos os que se concentravam à volta da Praça e no local onde os nossos amigos, vindos do Concelho reconfortaram o estômago com as suas merendas, bem como os enchidos da zona, que foram disponibilizados pela Casa, para ajudar no repasto.
Aproximam-se as 17 horas e, como o movimento ainda era grande em redor das bilheteiras, retardámos em alguns minutos, o início do desfile, englobando a rapaziada, os Tamborileiros, os Bombeiros, bem como todos os que quiseram desfilar com as Bandeiras das Juntas e Associações do Concelho, pois foi aberto a quem quis participar.
Foi um desfile espectacular, cheio de vida e cor, bem ritmado, ao som dos tambores, fartamente aplaudido por todos os espectadores, sendo estes compensados com uma grande salva de palmas pelos desfilantes, como retribuição pelo grande calor com que todos os da arena foram brindados.
Pedida a Praça ao Ex.º Sr. Vice-Presidente da Câmara de Sabugal, Dr. Manuel Corte, que dirigiu umas amáveis palavras a todos, precedido pelo Sr. Presidente da Casa do Concelho do Sabugal, Sr. José Eduardo Lucas, que também fez uma breve mensagem, endereçando as boas-vindas a todos.
Teve então início a Capeia, com a espera habitual de todos os touros, com uma compleição de meter respeito, um após outro, sendo bem esperados pela rapaziada das Aldeias, culminando as lides com o agarrar dos touros, em plena arena, como já nos habituaram ao longo dos tempos, com a excepção do último, que se desembolou numa marrada ao Forção, tendo de ser recolhido, após a espera, como mandam as leis, não há que arranjar desculpas estapafúrdias. Não estamos, propriamente, na raia sabugalense, mas sim no Campo Pequeno, principal Praça do País
É assim, temos que o aceitar, não fosse o diabo tecê-las, pois um animal em pontas, poderia deitar abaixo todo o trabalho de quem tem responsabilidades, bem como consequências para a própria Praça. Quando outros tiverem o poder de decidir, decidam como lhes aprouver.
O que, de facto, importa, é que passámos mais uma Capeia, sem ter nada a lamentar, como vem sendo habitual, há longos anos a esta parte, tirando um susto ou outro, mas que não passou disso mesmo.
Um referência ainda, para a actuação do simpático casal Rute e Pedro, com as suas danças sevilhanas e a exibição do cavaleiro Zé Manel do Soito, que encantaram o vasto auditório, nos dois intervalos, fluindo o espectáculo muito bem, a uma cadência acertada, sem enfados dos presentes.
Acabada a Capeia, deu-se início ao convívio das nossas gentes, com os assados no espaço do Clube Operário de Lisboa.
Reeditámos mais uma jornada inesquecível, com um grande espectáculo cheio de vivacidade, a fazer lembrar os tempos de antigamente, no Campo Pequeno. Uma palavra simpática para a grande falange de apoio, vinda directamente do Concelho, na Viúva Monteiro.
À boa maneira sabugalense, todos os elementos sociais da Casa do Concelho do Sabugal só têm uma palavra para todo o público magnífico do Campo Pequeno, bem como para todos os que ajudaram e colaboraram desinteressadamente. Obrigado!
Bem-hajam pela vossa presença e apoio. Quem ficou a ganhar, foi, seguramente o Concelho de Sabugal.
«Ecos da Aldeia», opinião de Esteves Carreirinha
estevescarreirinha@gmail.com
Esteves Carreirinha:
Há muito tempo que Você merece um justo elogio…
Mas não é este que aqui exorto. Pois merece muito mais.
Os seus textos são merecedores e reclamam a sua publicação em livro, por muito bem falarem da região Arraiana, captarem e transmitirem o espírito Sabugalense e, por isso mesmo, transcenderem a mera descrição e a objectividade jornalística, para se consubstanciarem numa obra de arte identitária de uma cultura e da região ARRAIANA!
Bem-haja!
Um leitor atento.